Graças às redes e às
ruas!
A pandemia, o “Fique
em casa!”, os lockdowns e o terrorismo sanitário-financeiro na comunicação
social foram grandes parceiros da supressão de nossas liberdades nos últimos
anos. Com os plenários em silêncio, com as pessoas guardando distância e a vida
em stand-by, os vivaldinos pretenderam domar a sociedade e cavalgá-la com
desenvoltura.
Só que não. Houve uma parcela que
rejeitou a sela! Refiro-me àqueles que têm expressado seu descontentamento nas
redes sociais e nas manifestações ocorridas ao longo do período em ruas e
praças do país. Convencido de sua absoluta utilidade, estive em todas,
testemunhando a indignação comum ante os avanços de uma tirania que desdenha
deveres e limites constitucionais.
É principalmente através das redes
sociais que, todo dia, ouço a voz das ruas. Não é raro que ali se expressem
opiniões no sentido de ser tudo inútil porque nada muda. São pessoas que colhem
dos eventos um sentimento de fracasso. Ele é estimulado pelo comportamento da
CUJO (Central Única do Jornalismo Obtuso) que, em seus poderosos veículos, se
esmera em desqualificar a representatividade dessas manifestações.
No entanto, creio poder afirmar no
sentido oposto. O fato de essas manifestações públicas haverem resistido ao
tempo, ao vento, à chuva e ao vírus é um sinal de contradição que ninguém – em
sã ou em nociva consciência – pode deixar de ponderar. Ninguém pode desconhecer
a clamorosa derrota, nesses dois territórios de liberdade, daqueles que anseiam
pela consolidação da tirania e pelo retorno dos que desejam retornar para concluir
sua obra sinistra.
Não é difícil entender o que estaria
acontecendo no país não fosse a resistência das redes e das ruas, não fosse tão
nítido o caráter ético, cívico, civilizado, familiar e verdadeiro daquilo que
expressam em dimensão nacional. Imagine! Imagine se tudo acontecesse legitimado
pelo silêncio nacional. Imagine se estivessem caladas as vozes dos livres, dos
que desejam o bem do país e podem, pelo amor que dedicam à Pátria e por seu
patrimônio moral e espiritual, fornecer a ela a energia da reconstrução e dizer
basta ao arbítrio.
Serem tão odiadas e tentarem
reprimi-las certifica de modo eloquente seu valor. Mostra que se há um muro
intransponível, percebido como tal por tiranos e negocistas, ele está nas redes
e nas ruas. (Percival Puggina, membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor)
000
Lula acerta ao cravar que Bolsonaro vai preso se não se
reeleger
Não basta vencer a eleição, o
presidente precisa formar uma base parlamentar sólida, principalmente no
Senado; terá problemas se não conter e neutralizar a sede de poder da
juristocracia
Do alto de sua arrogância e
insegurança (pois a má vontade de disputar é tão grande quanto a insegurança de
perder a eleição), o pré-candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva fez uma
ameaça sombria para seu principal rival e inimigo Jair Messias Bolsonaro (sério
candidato à reeleição): “Não adianta desconfiar da urna, o que você tem, na
verdade, é medo de perder as eleições e ser preso”. Pergunta: Deve ser considerado
como risco concreto ou ressentimento a declaração de quem ficou 580 dias preso,
mesmo que com mordomias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, sob
acusação de corrupção? Certamente traumatizado pela privação da liberdade, Lula
não deveria desejar o mesmo para Bolsonaro. Acontece que, como diria o falecido
Leonel Brizola, “Lula é um sapo barbudo capaz de tudo, até de pisar no pescoço
da mãe para conseguir o que deseja”. Conseguiu ser solto no dia 8 de novembro
de 2019, um dia após o Supremo Tribunal Federal ter considerado a prisão em
segunda instância inconstitucional. Também obteve do mesmo STF uma “graça
juristocrática”: a recuperação dos direitos políticos com a “descondenação” dos
processos na Lava Jato. Lula não foi inocentado, mas reabilitado para fustigar
Bolsonaro até uma terceira via aparecer. Como o plano (ainda) não deu certo (e
pode nem dar), ele segue cumprindo o sacrifício partidário, fazendo campanha
para uma massa ausente, enquanto as pesquisas lhe colocam como “líder”.
Uma dúvida: O risco de prisão
para Bolsonaro é real, caso ele não vença Lula (ou, como refletiria,
dialeticamente, a Dilma Rousseff, perca a eleição)? Claro que é! Dessa vez,
Lula tem alguma razão! Afinal, não se pode subestimar a capacidade da
cleptocracia, da juristocracia e da “Gestapo” (o famoso Mecanismo) a serviço
das coisas e pessoas erradas no Brasil). Sem a poderosa caneta (esferográfica)
que assina o que vai para o Diário Oficial da União, fora da “cadeira elétrica”
(ou trono) do Palácio do Planalto e despejado do Palácio da Alvorada, sem
nenhum mandato e foro privilegiado, Bolsonaro se transforma em um reles mortal,
um alvo fácil dos inimigos que não engolem a primeira eleição milagrosa e que
prometem fazer o diabo para impedir a reeleição (que a cada passo político se
torna mais concreta em função do aumento das articulações e apoios,
principalmente o popular). Se ficar fora do poder, Bolsonaro pode acabar
processado e preso por qualquer motivo que lhe imputarem. A Justiça é cega, mas
a juristocracia enxerga com toda maldade, crueldade e sede de vingança.
O establishment não perdoa
Bolsonaro, porém pode até ser forçado a suportá-lo, novamente —
temporariamente, caso a reeleição se efetive. A prioridade de Bolsonaro não é
só continuar no poder. Na eleição de 3 de outubro de 2022, ele só tem a
alternativa de conseguir formar uma base parlamentar com melhor qualidade e
consistência para lhe dar sustentação política. Será muito arriscado ser
obrigado a repetir acordos com uma turma tão volúvel e volátil quanto o chamado
“Centrão” do Congresso Nacional. Junto com a maioria de deputados, Bolsonaro
necessita de uma maioria qualitativa e quantitativa de senadores. A maioria
esmagadora dos novos 27 eleitos precisa ser de políticos comprometidos com
mudanças estruturais e, acima de tudo, coragem para enfrentar o maior problema
político brasileiro: recuperar o equilíbrio institucional na relação entre os
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Mais especificamente, a missão
mais espinhosa é contar com uma tropa expressiva de senadores que seja capaz de
conter ou neutralizar os excessos de autoridade cometidos por membros do
Supremo Tribunal Federal. A missão é (quase) impossível. E Tom Cruise não é
candidato…
A campanha eleitoral, que promete
ser a mais polêmica e radicalizada da história, começou antecipadamente. Até
julho, definem-se todos os personagens do jogo, suas articulações e coligações
partidárias efetivas. Bolsonaro leva vantagem porque tem a máquina, a base
aliada e muitas realizações concretas para mostrar. A esperada melhora no
resultado e na percepção da economia ainda será decisiva para (re)conquistar
apoios perdidos na classe média, em função do desgaste natural de qualquer
governo. Não foi à toa que Bolsonaro mexeu no comando do Ministério das Minas e
Energia, em função dos repetidos e inflacionários reajustes de combustíveis
praticados pela Petrobras. Por outro lado, o presidente enfrenta a maior
covardia midiática do planeta, junto com ataques de um sistema oligárquico
feudal que ameaça até prendê-lo (se perder o poder). O prejuízo não fica maior
porque a oposição segue refém de velhas ideias ideológicas e se mostra perdida,
sem proposta concreta para melhorar o Brasil e promover o crescimento &
desenvolvimento. Apesar disso, a campanha de marketing de guerra contra
Bolsonaro seguirá truculenta, desleal e repleta de mentiras, bem ao gosto da
esquerdopatia.
A juristocracia segue reacionária
contra qualquer crítica à segurança do sistema eleitoral. Na prática, não tem
como reverter a derrota parlamentar pela rejeição do voto impresso pela urna
eletrônica. Grande parte da base de apoio do bolsonarismo e até muitos
militares (inclusive na ativa) alimentam críticas à falta de transparência do
sistema. Mas pode surgir uma novidade no front. Surge um movimento nas redes
sociais em favor da “contagem pública de votos”. A ação é alimentada pela
apresentação do Projeto de Lei 943/2022, de autoria do deputado federal Celso
Russomano (Republicanos-SP), da base aliada do presidente. Se for aprovado por
decreto, com urgência, pode ser implantado ainda nesta eleição o sistema que
“institui o escrutínio público de votos e veda o exercido no voto na modalidade
exclusivamente eletrônica”. A missão parece quase impossível, tanto para ser
aprovada tão depressa quanto para ser implantada pelo reacionário Tribunal
Superior Eleitoral. Mas a polêmica tem tudo para incendiar ainda mais o
ambiente eleitoral. (Jorge Serrão)
“O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade
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