Alexandre de Moraes corre risco de virar bode expiatório do projeto de poder de Lula e do PT?
Juristocracia, que conteve e
derrotou Jair Bolsonaro, vai deixar Lula governar sem interferências? Dúvida
interfere na estratégia para a divisão de poder entre os petistas e Geraldo
Alckmin.
Lula trouxe Geraldo Alckmin para
compor a chapa presidencial como forma de salvação do próprio Alckmin, ao cerco
promovido pelo grupo político do ex-governador João Doria. Geraldo Alckmin não
tinha mais voz, espaço e nem futuro no PSDB. Coincidentemente, Geraldo Alckmin
foi o primeiro “padrinho político” de Alexandre de Moraes (antes mesmo de
Michel Temer, que o indicou para o Supremo Olimpo do Poder). Na eleição, Lula
foi beneficiado pela antiga relação entre Geraldo e Alexandre. Nunca antes na
história deste país, o Tribunal Superior Eleitoral foi tão protagonista do
momento eleitoral. Ao coibir a liberdade de expressão, impondo censura prévia e
retirando a liberdade dos cidadãos de se expressarem publicamente, além quebrar
a paridade de armas entre os candidatos, Alexandre de Moraes, no comando da
“Justiça Eleitoral”, imperou no palco central do jogo de poder da democracia
brasileira.
Expressiva parcela da população não
gostou do que aconteceu, e partiu para a rua, mais precisamente para protestar
na porta dos quartéis. A sociedade civil não concebe, não tolera e não autoriza
essa censura autoritária. Ainda mais em um processo eleitoral eletrônico, mas
que pecou por não ter o voto impresso pela urna para contagem 100% nas seções
eleitorais. O Povo está amedrontado e acuado pela censura, inquéritos e multas
ilegais ou ilegítimas decididas em obscuros porões da juristocracia tupiniquim.
O nível de mobilização se intensifica. O desgaste de imagem do Poder Supremo
ficou ainda mais exposto com o evento organizado pelo Grupo Lide, em Nova York.
Ministros do STF/TSE (Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luís
Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski) foram alvos de protestos nada educados,
inclusive com xingamentos, dentro e na porta do luxuoso Sofitel Hotel.
Curiosamente, o PT tem tudo para tirar proveito da situação.
Até hoje, o PT não aceita como foi
obrigado a assistir, impotente, ao impeachment da “Presidenta” Dilma Rousseff –
resultante das articulações do grupo político associado a Michel Temer, que era
seu Vice-Presidente da República. O PT constatou (e aprendeu) qual é o perigo
de ter um Vice-Presidente tão intimamente ligado ao todo poderoso Ministro
Moraes. No caso, como diria Karl Marx (plagiando Hegel), “a História se repete
como farsa”. O futuro vice de Lula, Geraldo, é também ligadíssimo a Moraes. Com
toda certeza, o PT não quer ficar refém das articulações do poderoso Geraldo
Alckmin, padrinho político do supremo imperador Moraes. A presidente do PT,
deputada Gleisi Hoffmann, que ocupou a Casa Civil do governo Dilma, sabe bem o
estrago que a dupla Alckmin–Moraes pode causar nos planos de poder do PT.
Por isso, vem uma reação inusitada.
O PT irá, silenciosamente, deixar que os parlamentares mais ligados ao
Presidente Bolsonaro ocupem espaço nas mesas diretoras da Câmara dos Deputados
e do Senado. Esses parlamentares eleitos foram literalmente atropelados na
campanha eleitoral pelas decisões do TSE. Assim, ninguém se surpreenda se o PT
enviar emissários de extrema confiança de Lula para informar aos líderes de
Bolsonaro que, caso um eventual início de processo de impeachment de Moraes
“seja imprescindível para a pacificação das relações Congresso e Executivo”,
eles concordam. Além de retirar poder de fogo do vice Alckmin, o PT ganha a
oportunidade de indicar mais um “companheiro” para o STF. Ou seja, o PT ganha
em dobro. Por isso, a base de Lula tem tudo para oferecer a cabeça do poderoso
super Ministro Supremo para facilitar o jogo político de Brasília. O desgaste
de Alexandre ultrapassa todos os limites.
Um ponto é inegável: por mais
conciliador que pareça e por mais negociador que seja, o Presidente eleito Lula
da Silva não aceita divisão de poder. Dificilmente, Lula permitirá que aconteça
com ele o mesmo que Bolsonaro sofreu – todo tempo pressionado, acuado e
desautorizado em suas decisões pelo STF, principalmente por Alexandre de
Moraes. Nada custa lembrar que Bolsonaro é alvo do tal “Inquérito do Fim do
Mundo”. Lula não toparia passar pelo mesmo dissabor de ser “golpeado por
dentro”. Aliado de Moraes, Geraldo Alckmin sabe que Michel Temer pegou o PT de
guarda baixa e que isso não ocorrerá novamente. Então, tentará postergar, ao
máximo, o momento de “paz no casamento com Lula”. Focará na reconstrução do seu
espaço político nos Estados, buscando velhos aliados e tendo por moeda de troca
os variados cargos políticos que Lula prometeu a ele.
Resumindo: por sua relação próxima
com Geraldo Alckmin, o ministro Alexandre de Moraes corre o risco concreto de
ser transformado em “bode expiatório” pelo PT – que não deseja correr o risco
de sofrer mais uma “traição” interna – a exemplo do que ocorreu com Michel
Temer, outro “padrinho” de Moraes. A cúpula petista avalia que, dificilmente, a
cúpula do Judiciário aceitará perder espaços de poder. Assim, só restam duas
saídas: 1) Negociar até que ponto, quanto e quando der com a maioria dos
membros do STF, TSE e STJ; 2) Dar um susto, simultâneo, em Geraldo Alckmin e na
juristocracia, colocando a cabeça de Moraes a prêmio, em nome da suposta
“pacificação”. Os petistas também já perceberam, a exemplo dos bolsonaristas,
que o claro objetivo estratégico da juristocracia é enfraquecer e destruir a
instituição Presidência da República. Os revolucionários lobos e hienas do PT
não são veganos: gostam de carne com sangue. (Jorge
Serrão)
Despedida do Pituca
Tivemos no
domingo, um dos mais belos e emocionantes shows já apresentados no Mineirão
lotado! A despedida de Milton Nascimento, aos seus 80 anos...
Incomparável,
inigualável, eletrizante, sem palavras...
Pura
beleza e emoção, com um dos maiores ícones da música brasileira e mundial!
Repetindo
Samuel Rosa, do Grupo Skank: “... Foi
uma dádiva de Deus, podermos viver na mesma época que você...”
(Márcio
Dayrell Batitucci)
Milton
Nascimento, 80 anos!
Alexandre da Silva
Caro Milton, Quem acompanha essa
coluna sabe que gosto de escrever para pessoas queridas. E você, ainda que não
saiba, é uma dessas para quem escrevo. Fico aqui batendo meus dedos sobre o
teclado e tentando achar a palavra mais exata, um bom ritmo para este
texto-homenagem pelos seus 80 anos de vida e tantas décadas dedicadas a nos
encantar com sua presença e suas músicas incríveis! Como não sou tão bom com as
letras, as métricas e a melodia quanto o senhor, ousarei utilizar trechos de
músicas de sua autoria ou tão bem interpretadas por você, pode ser? Acredito
que assim, o texto parecerá uma parceria entre mim e você, olha só (risos)!
Farei essa "parceria" para pensar alguns aspectos do envelhecimento
populacional e das pessoas que estão com 60 anos ou mais... –
Lembrar de suas músicas é trazer o
meu tempo de adolescência, quando eu começava a descobrir livros e álbuns
musicais dos mais diversos gêneros. E não consigo colocar sua obra no gênero
MPB, Música Popular Brasileira. Prefiro o termo Música Popular Mundial, já que
o mundo conhece e admira suas letras musicais, seus arranjos e sua voz tão
única e marcante...
"Você queria ser o grande herói
das estradas
Tudo que você queria ser
Sei um segredo
Você tem medo."
(Música: Tudo o que você podia ser. Compositores: Lô Borges e Márcio Borges)...
E quem não tem, caro Milton? O medo
da escolha errada, o medo da decepção, o medo de ficar na mesma estrada, na
mesma casa e no mesmo trabalho! A idade avançando e o medo aumentando. Teria
escolhido a melhor trilha para a minha longevidade? E os meus e as minhas,
estarão comigo?
“O medo de escolher e o medo da
escolha feita! . Mas seguimos adiante, em busca de envelhecer bem, com ou sem o
medo”
Pessoas mais velhas se dividem entre
aquelas que têm a certeza de que fizeram as melhores escolhas e outras que não.
Há um terceiro grupo que vive com a incerteza. E esses dois últimos grupos
podem estar deixando a vida passar, sem sentir o vento alisar seus rostos, sem
a leveza que nos surpreende em diversas ocasiões da nossa vida.... –
"Maria, Maria é o som, é a cor,
é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta."
(Música: Maria, Maria. Compositores: Fernando Brant e Milton Nascimento)...
Penso aqui na feminização da velhice
e do quanto mulheres, muitas dessas são Marias, ainda lutam bravamente pelas
suas famílias, pelos seus sonhos e pela própria vida. Parece existir um plano
para que algumas mulheres, inclusive as negras ou pobres, não possam sorrir,
que não possam cantar livremente o que lhe traz emoção e ajuda a manter um
certo equilíbrio emocional...
“Sempre cuidando de outras pessoas,
mas nem sempre sendo cuidada e acolhida. Ainda dói a morte ou adoecimento
precoce de muitas dessas no nosso país”...
"Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito o que viver."
(Música: Travessia. Compositores: Milton Nascimento e Fernando Brant)...
Continuando minha livre e ousada
interpretação de trechos isolados de suas músicas, nesta parte da música
Travessia, reflito que propósito de vida deve sempre ser uma garantia a todas
as pessoas, sem distinção de gênero, raça, renda, local onde mora ou ser uma
pessoa mais velha.
Seguir a vida, esquecendo de quem
nos deixou ou de quem gostaríamos que estivesse conosco, não é das tarefas mais
fáceis. Por escolha, pela morte ou por outras circunstâncias que só o Universo
é capaz de nos explicar, seguir em frente é uma meta, ainda que nem sempre tão
bem alcançada....
“Falar da cor dos temporais
De céu azul, das flores de abril
Pensar além do bem e do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu."
(Música: Quem sabe isso quer dizer amor. Compositor: Márcio Borges)...
Envelhecer não deveria ser sinônimo
de tristeza ou de perdas. Veja quantas oportunidades as décadas acumuladas nos
trazem! Acertar, errar, rir, chorar, encontrar, desencontrar, viver com alguém
ou viver sem ninguém...
“Encontrar o real sentimento de amar
e do amor. Já pensou se a gente se deparasse com o real amor, seja nos olhos de
uma pessoa que beijamos, nos abraços sinceros de amigas e amigos, ou no sorriso
sincero de filhas e netos? Falo aqui do amor de quem se entrega sem aguardar
reciprocidade alguma.”
"Pois seja o que vier (seja o
que vier)
Venha o que vier (venha o que vier)
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar."
(Música: Canção da América. Compositores: Fernando Brant e Milton
Nascimento)...
A despedida é um momento tão duro
que ainda não nos acostumamos. Pode ser temporária, definitiva ou para um
encontro em outro mundo ou era da história da humanidade. Como sobreviver
somente com as recordações acumuladas, sejam de meses, anos ou de décadas?
Tudo parece tão pouco perto do
sentimento e vontade de estar junto da pessoa querida, daquela que ainda
amamos, de quem gostaríamos de estar juntos, sentados, de mãos dadas, em
"conchinha" em alguma cama ou carregando no colo quem bagunça nosso
cabelo ou brinca com as carecas de avôs e bisavôs.... –
"Eu já estou com o pé nessa
estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã."
(Música: Nada será como antes. Compositores: Milton Nascimento e Ronaldo
Bastos)...
Uma parceria, ainda que hipotética
com o senhor, me traz a alegria do registro da minha admiração. E que muitas
pessoas admiradoras do seu trabalho leiam esse texto e cantem nas partes onde
sua música e voz se destacam.... –
“Essas são algumas reflexões e sentimentos
que tenho ao ouvir suas músicas, caro Milton! Suas mais recentes apresentações
têm despertado em muitos fãs um suspiro, um sorriso, uma vontade de chorar e
uma expectativa por ainda não saber como será o futuro entre você e nós.... –
Por mais Milton nas nossas vidas!
Por mais sentimentos que nos recarreguem de esperanças, de sonhos e de
recordações!
Parabéns pela enorme contribuição
para a cultura mundial!...
“Toma para ti o
conselho que dás aos outros.” (Tales de Mileto)
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