Serei eu um apátrida? Como me sinto
lendo, e vendo tvs, navegando nas redes e no noticiário virou mambembe; lembrei
do artista da MPB que quebrou seu violão ante o buzinaço dos contrários. Eu,
ali, joio no trigo, indagando à alma, e sonho intangível da submissão,
covardia, quimera da redenção de um Brasil e à beira abismal se aclama. Triste,
lamentável. O rei ficou nu ou... De que valeram os gritos dos incluídos? O povo
e volante nas mãos, para que? O aparente herói deixou gente nas mãos do incerto.
Brasil à cata de arrojados e heróis... Capitulou? E agora José? Lembro meus
dias e noites, máquinas de escrever, redações, a ouvir os pulsar de corações
impedindo o ‘inimigo’ arrostar... Sinto lágrimas dos céus e dos vencidos, hoje ruas
ecos continuam por uma pátria livre. Direitos de mil partidos e ideologias múltiplas
incrível(?) e ainda chamam de Democracia. O concordo é um senão pífio e contra ideais
de um Brasil diferente. Faltam-me palavras no crer ou descrer. Ou ficar a
pátria livre ou morrer pelo Brasil. (Armando Andrade)
Vocês estão vendo o que fizeram?
Há pouco fui dar uma olhada em
quantos artigos escrevi desde maio, ou seja, nos últimos seis meses, tratando
do STF e de seu apêndice eleitoral, o TSE. Fiquei surpreso. Foram 44 textos,
com abordagens diversas, a atenção atraída para atos e condutas da cúpula do
poder judiciário. Não se trata de um excesso de artigos, mas da evidência de um
protagonismo exagerado, que vazou das bordas, se espalhou e penetrou pelas
frestas do poder político e da vida social.
O fato de o consórcio da velha
imprensa fazer de conta que nada via e estava tudo normal não significa que a
sociedade não se informasse através das redes sociais, mesmo estando elas
enclausuradas e controladas pelo orwelliano Grande Irmão. Essa sociedade que
hoje vejo nas ruas e praças pedindo socorro a quem a possa atender, cansou de
clamar ao que restasse de sensibilidade e equilíbrio aos ministros do Supremo.
Cansou de se indignar e apelar, em vão, aos senadores da República. Por fim, a
sociedade rezou nas praças pedindo a Deus que comovesse os corações
endurecidos, abrisse os olhos e os ouvidos dos que se têm como donos do poder.
E foi perdendo a confiança nas instituições.
A lamentável democracia brasileira
se tornou uma ridicularia, uma caçoada, sem que os senhores o percebessem.
Durante quatro anos, com o país dividido, enquanto num lado milhões saíam
periodicamente às ruas clamando por liberdade e atenção, o outro se mostrava
perfeitamente suprido. Pensam que ninguém reparou na plena satisfação de quem
bastava entregar petições ao protocolo e olhava para as instituições como um
confortável sofá onde só precisava sentar?
Digam, agora, aos caminhoneiros
parados e às famílias pedindo socorro que tudo esteve equilibrado e isonômico,
que o Brasil é uma democracia, que a liberdade de todos está assegurada e a
soberania popular garantida, que o resultado proclamado nos colocou em boas
mãos e as loucuras prometidas por Lula não serão cumpridas. Digam aos
manifestantes que as consciências se regeneraram quando o passado foi apagado.
Aquele povo nas ruas, sim, é inocente! Digam-lhe que as instituições
funcionarão, que a época dos bloqueios e desmonetizações passou, que o cala
boca já morreu e a censura está proibida, que a Constituição voltará a viger,
que o ativismo judicial já era, que o direito de propriedade continuará
garantido, que a intimidade da vida privada estará preservada e que o Brasil
não voltará a ser roubado.
Não será possível fazer isso, não é
mesmo? Foi o que pensei. Mas é o mínimo que uma sociedade sensata pode esperar
das ações do aparelho estatal que ela sustenta para seu serviço. (Percival
Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e
escritor)
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