3 de nov. de 2022

A vergonha de uma raça.


Se me bastam mãos, pernas e mente a gritar no esperneio da pátria melhor e não ameaçada, sempre e contínua no virar algo asqueroso, nojento e pútrido... Meu íntimo é um libelo as coisas intrigantes onde mostram lamúrias de almas torturadas, bater incessante nos costados de restos, naves no fundo do mar. Onde estão mosquetões, balas não explodidas e bacamartes despedaçados? Ó Marte, deus inclemente, em soslaio de uma plebe ignara, sim porque a flama do lábaro parece cessar. Hinos de armas não mais bradam. Se calaram ao clamor do que? 

Serei eu um apátrida? Como me sinto lendo, e vendo tvs, navegando nas redes e no noticiário virou mambembe; lembrei do artista da MPB que quebrou seu violão ante o buzinaço dos contrários. Eu, ali, joio no trigo, indagando à alma, e sonho intangível da submissão, covardia, quimera da redenção de um Brasil e à beira abismal se aclama. Triste, lamentável. O rei ficou nu ou... De que valeram os gritos dos incluídos? O povo e volante nas mãos, para que? O aparente herói deixou gente nas mãos do incerto. Brasil à cata de arrojados e heróis... Capitulou? E agora José? Lembro meus dias e noites, máquinas de escrever, redações, a ouvir os pulsar de corações impedindo o ‘inimigo’ arrostar... Sinto lágrimas dos céus e dos vencidos, hoje ruas ecos continuam por uma pátria livre. Direitos de mil partidos e ideologias múltiplas incrível(?) e ainda chamam de Democracia. O concordo é um senão pífio e contra ideais de um Brasil diferente. Faltam-me palavras no crer ou descrer. Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil. (Armando Andrade)

Vocês estão vendo o que fizeram?

           Há pouco fui dar uma olhada em quantos artigos escrevi desde maio, ou seja, nos últimos seis meses, tratando do STF e de seu apêndice eleitoral, o TSE. Fiquei surpreso. Foram 44 textos, com abordagens diversas, a atenção atraída para atos e condutas da cúpula do poder judiciário. Não se trata de um excesso de artigos, mas da evidência de um protagonismo exagerado, que vazou das bordas, se espalhou e penetrou pelas frestas do poder político e da vida social.

O fato de o consórcio da velha imprensa fazer de conta que nada via e estava tudo normal não significa que a sociedade não se informasse através das redes sociais, mesmo estando elas enclausuradas e controladas pelo orwelliano Grande Irmão. Essa sociedade que hoje vejo nas ruas e praças pedindo socorro a quem a possa atender, cansou de clamar ao que restasse de sensibilidade e equilíbrio aos ministros do Supremo. Cansou de se indignar e apelar, em vão, aos senadores da República. Por fim, a sociedade rezou nas praças pedindo a Deus que comovesse os corações endurecidos, abrisse os olhos e os ouvidos dos que se têm como donos do poder. E foi perdendo a confiança nas instituições.

A lamentável democracia brasileira se tornou uma ridicularia, uma caçoada, sem que os senhores o percebessem. Durante quatro anos, com o país dividido, enquanto num lado milhões saíam periodicamente às ruas clamando por liberdade e atenção, o outro se mostrava perfeitamente suprido. Pensam que ninguém reparou na plena satisfação de quem bastava entregar petições ao protocolo e olhava para as instituições como um confortável sofá onde só precisava sentar?

Digam, agora, aos caminhoneiros parados e às famílias pedindo socorro que tudo esteve equilibrado e isonômico, que o Brasil é uma democracia, que a liberdade de todos está assegurada e a soberania popular garantida, que o resultado proclamado nos colocou em boas mãos e as loucuras prometidas por Lula não serão cumpridas. Digam aos manifestantes que as consciências se regeneraram quando o passado foi apagado. Aquele povo nas ruas, sim, é inocente! Digam-lhe que as instituições funcionarão, que a época dos bloqueios e desmonetizações passou, que o cala boca já morreu e a censura está proibida, que a Constituição voltará a viger, que o ativismo judicial já era, que o direito de propriedade continuará garantido, que a intimidade da vida privada estará preservada e que o Brasil não voltará a ser roubado.

Não será possível fazer isso, não é mesmo? Foi o que pensei. Mas é o mínimo que uma sociedade sensata pode esperar das ações do aparelho estatal que ela sustenta para seu serviço. (Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor)

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