23 de dez. de 2004

CPI sobre a CPI

CPI sobre a CPI
Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN:
"O Congresso Nacional está devendo à sociedade brasileira explicações muito detalhadas sobre o que se passou na CPI do Banestado. Por exemplo, o que foi que aconteceu para que o deputado José Mentor tenha apresentado um relatório tão incompetente, tão inepto, que está sendo chamado de “uma palhaçada” por membros do Ministério Público. A CPI do Banestado desde o início concentrou as atenções de todos, porque se dizia que estavam em jogo mais de 30 bilhões de reais enviados ilegalmente ao exterior.A importância da CPI era tamanha, que a disputa pelo cargo de relator e de presidente foi séria. O relator foi escolhido pessoalmente pelo ministro José Dirceu, por ser um de seus homens de confiança na Câmara dos Deputados. É evidente que, com um presidente tucano e um relator petista, a fogueira de vaidades ardeu na CPI. As convocações passaram a obedecer a um script estritamente político. A cada advogado amigo do presidente da República que era mencionado, alguém ligado ao ex-presidente Fernando Henrique ficava ameaçado de comparecer. O relator chegou mesmo a aventar a hipótese de convocar o próprio Fernando Henrique para depor. Foi contido por ordens expressas do presidente Lula.Mas o relator fez mais: quebrou o sigilo bancário de todos os dirigentes de bancos no Brasil. Por quê, não se sabe. Foram requisitados ao Banco Central dados genéricos sobre remessa de dinheiro ao exterior. De quem tinha conta de hospital para pagar a quem fazia investimentos regulares e a quem operava na ilegalidade, milhares de nomes foram entregues a esta CPI.Sabe-se que foi criado um banco de dados com informações que deveriam ser sigilosas sobre milhares de cidadãos brasileiros. Onde foi montado este banco de dados, na Casa Civil? Qual será sua utilidade futura?No final, o relator acabou pedindo verificação de quórum para impedir a votação de seu próprio relatório. Que papelão!O presidente do Congresso, responsável pelo bom andamento dos trabalhos, não tomou providências para fazer com que a CPI não saísse dos trilhos. Preocupadíssimo em viabilizar a própria reeleição à presidência do Senado, José Sarney deixou a CPI desandar.E agora, a sensação que se tem é que, uma vez prejudicados os inocentes, os culpados puderam escapar livremente.Talvez seja o caso de se fazer uma CPI sobre a CPI do Banestado.
Ricardo Noblat
23/12/2004

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