10 de set. de 2022

O que rola neste mundo de Deus...

Charles III é formalmente proclamado rei em cerimônia no Reino Unido na manhã deste sábado (10) em uma cerimônia no Palácio de St. James, em Londres, na Inglaterra, depois da morte da rainha Elizabeth II, na quinta (8). Rei Charles III elogia rainha em primeiro pronunciamento à nação. Um rei idoso e pouco apreciado traz desafio para a monarquia britânica e atual esposa de Rei Charles III, Camilla, vira rainha consorte. Apesar da oficialização, Charles III já era considerado rei desde o momento imediato da morte de sua mãe, aos 96 anos, após 70 anos de reinado. O evento, que pela primeira vez foi transmitido pela TV, contou com a presença da primeira-ministra Liz Truss, e dos ex-premieres Boris Johnson, David Cameron, Theresa May, Gordon Brown e Tony Blair. Em seu primeiro pronunciamento como rei nesta sexta (9), Charles III disse que sentia “profunda tristeza e dor” pela morte de sua mãe, e afirmou que “renovará” as promessas feitas pela matriarca e “servirá ao país” até o fim da vida.  O monarca ainda confirmou os novos títulos de seu primogênito, William, que passa a ser o duque de Cornuália e também foi formalmente nomeado como príncipe de Gales – assim como Kate, que passa a ser princesa de Gales, mesmo título da Princesa Diana.

Congressistas pedem que Biden pressione Bolsonaro a respeitar eleições. Trinta e nove congressistas democratas enviaram nessa sexta-feira (9) uma carta ao presidente americano, Joe Biden, pedindo ao mesmo que “deixe claro” ao colega brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), que o Brasil ficará isolado “se houver tentativas de subverter o processo eleitoral” em outubro. (AFP)

 

7 de setembro foi ressuscitado e definitivamente resgatado

Criticar Bolsonaro faz parte da democracia, mas há de concordar que, graças a ele, o Brasil resgatou esse sentimento patriótico e a população foi às ruas nesta data tão importante.

O Rio de Janeiro foi palco de um dos maiores atos do 7 de Setembro deste ano

A imagem está viva, vivíssima em minha mente. Sweet memories, como dizia o único menino americano que conheci na infância para se referir às boas lembranças que tinha da sua terra natal. Garoto ainda, morando na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, na véspera do 7 de setembro eu já estava muito ansioso. No dia seguinte iria desfilar. Assim que acordava, já encontrava o uniforme da escola passado e engomado. Os sapatos engraxados e lustrosos. Havia também uma fitinha verde e amarela cuidadosamente colocada no bolso da camisa. Tomava um banho caprichado e, ainda de pijama, já que não queria correr o risco de sujar a “roupa de gala”, ia para o fogão à lenha. Fazia do fogão a minha mesa. Adorava saborear ali uma tigela de café com leite e pedaços de pão. Era importante ter um bom café da manhã, já que voltaria para casa bem depois do horário normal do almoço. Dirigia-me animado à concentração do desfile. Eu e todos os meus amiguinhos éramos sempre entusiasmados com essa festividade.

Desfilávamos conscientes do que estávamos fazendo, pois naquela semana, todos os anos, recebíamos dos professores informações detalhadas do significado daquela data. Depois das aulas fazíamos redações sobre a independência do país. Era efetivamente uma grande comemoração. No final do desfile, todo orgulhoso, perguntava às pessoas conhecidas: “Você me viu?”. Algumas, provavelmente, não me haviam notado no meio daquela turma toda, mas como poderiam dizer não àquele menino de olhos brilhantes de alegria? Todos diziam que sim, e com um complemento que fazia o meu coração bater mais forte: “Lógico que vi. E você estava lindo!”.

Mais crescidinho, ao servir o Exército, também participava do desfile. Agora com mais pompa, afinal eu tocava surdo na fanfarra. O sargento ficava irritado quando percebia que entoávamos as marchas militares com uma melodia disfarçada de samba. Demonstrava irritação, mas, no fundo, sabíamos que ele gostava, pois a nossa presença nas ruas se tornava assim mais interessante e atraente para quem nos via passar. Com o transcorrer do tempo, essas comemorações foram se esvaziando. Nos 7 de setembro, vez ou outra, eu me lembrava daqueles momentos. Ninguém da minha família e nenhum dos meus amigos mencionavam essa data para ser comemorada. Os mais jovens, então, em sua maioria, nem se davam conta do seu significado.

Do ano passado para cá, entretanto, depois de tanto tempo, vi novamente a população se movimentando para celebrar a independência do Brasil. Superando largamente o que fazíamos naqueles anos. Vestidos de verde e amarelo, lotaram as ruas em uma demonstração emocionante de patriotismo. Neste dia 6, terça, me surpreendi experimentando a mesma ansiedade que sentia na época de criança. Estava curioso para saber como seriam as maiores comemorações já vistas para o 7 de setembro. Havia um motivo especial — comemoramos 200 anos da nossa independência! Logo pela manhã, assim que abri a janela, para minha surpresa, vi algumas bandeiras penduradas nas janelas dos prédios. Até me lembrei do comentário de um de meus vizinhos. Quando souberam que ele tinha intenção de pôr uma bandeira na sacada do apartamento, chamaram sua atenção para o fato de poder ser multado, já que estava em desconformidade com as regras do condomínio. Ele deu de ombros e respondeu: se isso for mesmo verdade, prefiro pagar a multa e comemorar.

Foi só o começo. Os atos cívicos no dia 7 superaram todas as minhas expectativas, que eram bem altas. As ruas de todas as cidades do país ficaram apinhadas de gente. Era um mar verde e amarelo. Um amigo de Portugal se mostrava muito preocupado com as notícias que chegavam até lá. Quase todas diziam que seriam demonstrações antidemocráticas e que o Judiciário havia informado que colocaria snipers no alto dos prédios em Brasília para evitar excessos. Enviei algumas fotos a ele com a multidão nas ruas e nas praças. E pedi que observasse bem. Veja quem são essas pessoas que se manifestam. São famílias, velhos, crianças. O que noticiaram aí não corresponde à realidade. Se alguém quiser criticar Bolsonaro por uma ou outra atitude, tudo bem. Faz parte da democracia e da liberdade de opinião. Há de concordar, todavia, que foi graças a ele que o Brasil resgatou esse sentimento patriótico e motivou a população a ir às ruas nesta importante data para o nosso país. (Reinaldo Polito@polito)

 

Só que não!

O editorial de Zero Hora deste 7 de setembro alertava para o fato de ser nacional e de todos os brasileiros a data em festejos. Claro, claro, só que não. Para muitos, tais eventos são repreensíveis, motivo de revolta e leitura plana, chapada. O aparelho educacional brasileiro (aparelho, sim) se encarrega de disseminar esses preconceitos.

Em ampla maioria, têm sentimentos de animosidade em relação ao Brasil. Pesquisas periódicas registram um percentual nunca inferior a um terço da população que tem vergonha de ser brasileira. Conservadores é que não são.

Não é o meu caso. Tenho orgulho de ser brasileiro, exatamente porque conheço nossa história e vejo nela as extraordinárias realizações que antecederam o Descobrimento, o valor de nossos grandes vultos e o papel que nos corresponde na preservação da civilização ocidental.

Tenho vergonha é dos maus brasileiros que em ambientes fechados, além dos filtros de acesso, bem como nas trincheiras de um obscuro poder paralelo, trazem para o horizonte das possibilidades da corrida presidencial um ladrão condenado unanimemente por nove magistrados em três instâncias.

Tenho vergonha é do jornalismo manipulador que apoia qualquer bizarrice do Judiciário e toda uma plataforma de omissões do Congresso Nacional contanto que isso prejudique o Brasil e seu governo, ou vice-versa.

Tenho vergonha é dos que, para desconstruir o amor à pátria, entopem a juventude brasileira com toda maledicência que encontram em suas sebosas e sinistras cartilhas. Catam o lixo da história e o exibem, no alto dos telhados e das torres, na mídia e nos salões culturais, enquanto a beleza, a nobreza e a grandeza são varridas para baixo dos tapetes.

Bolsonaro não é combatido pelo que é, mas em virtude dos princípios e valores daqueles que o veem como um fio de esperança capaz de dar um salto de décadas sobre sua omissão.

Os que são contra essas convicções, revolucionários com contracheque ou subsídio, combatem Bolsonaro agindo por dentro do Estado ou à beira de seus recursos. E são contra Bolsonaro porque querem preservar a situação anterior à 2018, perfeitamente descrita pelo bem informado circuito de Alckmin, Palocci, Gilmar Mendes, e outros.

Nota do autor: este breve texto resume a essência do que falei, à tarde de 7 de setembro, à imensa multidão que tomou todos os espaços da Avenida Goethe, junto ao Parcão, em Porto Alegre. (Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor)

“Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você.”

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