Riscar erros

 

A idade chega e com ela o filme de toda sua vida. 

Tantos erros e acertos e não há como desfazê-los, pois males causaram a tantos.

Somos assim desde criança, pirracentas, egoístas, endemoniadas, provocamos alegrias e desgostos.

Pais, parentes, quem diria, quanta paciência e vontade de ajudar ou até nos colocar pra fora.

Os professores, as bagunças, xingamentos, namoricos, colar em provas, xingar (por trás) educadores, levar maçã para adular, enfim, comportamentos variando do escolar, universitário e nos trabalhos da vida adulta.

Parece que somos e não somos o que pensaram e nós mesmos ficamos em dúvida da personalidade e das análises de colegas, toda a gente que trilhou nosso caminho, nos empurrando, encorajando e por que não nos despedindo. 

Há tanto pra recordar e o filme em slow motion vai e volta, lágrimas surgem, apertos no coração, vontades de gritar, rezar, implorar ao tempo, o difícil refazer da vida.

E com isso, o relógio biológico dá o seu tic-tac, a pele enruga, forças se enfraquecem, já não mais corremos, andamos com dificuldades, a memória parece se diluir e um pânico de estarmos amorfos se abate gradualmente. 

Não dá pra voltar não

Há quem diga que sim e por muitas vezes, porém com teologia, psicologia, extremismo, dogmatismo, existem os que repetem o que lhes falam, lhes manuseiam mãos em escritas e pinturas, lhes dão idéias e preconizam futuros... 

Ah, que bom se assim fosse! Você estudou a fundo a história de sua vida e se esquece de se parecer um pensador, pesquisador, historiador a se preocupar em dias e séculos.

Se o fizesse - ainda dá tempo de ler, use a internet? - acharia tantos senões de historietas, livros sacros com mentiras forjadas e tornadas divinas, e quiçá você cairá em si.

Dirás caí no engodo... não plenamente, todas as populações de séculos foram apenas conduzidas a isso e a outras atitudes, em contínuos palavrórios, e você, sofrido e carente, os ouviu, acreditou no milagre - por vezes só psicológico - e os tornou domadores de mentes, profetas e salvadores.

Um dia, é há quem acredite, verão como alguns, visões do ter visto e não viram do(s) outro(s) lado(s), existir não corpos físicos, envoltórios eletro-magnéticos, racionais, que morto se transforma numa corrente universal.

O mistério nos envolveu, nos assaltou, nos domou, revoltou e apenas cabe esperar.

Apenas creia muito mais em você, que podes mudar tudo, e dos erros, pedir aos vivos e às ondas etéreas, suas mensagens sinceras, em suma: Perdão!

(Armando Andrade)