Artigo de Churchill diz que povo judeu é co-responsável por sua perseguição
O ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill sugeriu, em artigo escrito em 1937 e divulgado neste sábado pela primeira vez na história, que os judeus eram "responsáveis em parte pelo antagonismo" que sofriam.
O documento, intitulado "Como os judeus podem combater a perseguição", ficou esquecido durante mais de sessenta anos nos arquivos da Universidade de Cambridge até que o historiador Hon Winston encontrou o documento enquanto preparava uma nova biografia sobre o líder, informou a agência de notícias britânica "PA".
No artigo, escrito por Churchill (1874-1965) três anos antes de assumir o cargo de primeiro-ministro, o líder conservador faz, no entanto, uma defesa do povo judeu e convoca os cidadãos britânicos a defendê-lo da perseguição "cruel", "implacável" e "vingativa" da qual era vítima.
O artigo começa com uma referência sobre a perseguição sofrida pelos judeus durante os séculos e faz alusão à onda de anti-semitismo atravessada pela Europa e Estados Unidos na época.
"Seria fácil atribuí-la à maldade dos perseguidores, mas isso não pode ser aplicado a todos os fatos", diz o documento, que destaca que em lugares como o Reino Unido ou os EUA os judeus têm os mesmos direitos dos outros cidadãos.
Churchill acrescentou que nesses países os adeptos do judaísmo encontraram não só asilo, mas também oportunidades.
"Esses fatos devem ser reconhecidos em qualquer análise sobre o anti-semitismo. Essas colocações deveriam ser consideradas principalmente pelos próprios judeus", aponta.
"Porque pode ser que, sem se dar conta, estimulam a perseguição, fazendo com que sejam em parte responsáveis pelo antagonismo que sofrem", acrescenta.
Para Churchill, a distinção entre o judeu e o não judeu é que o primeiro confirma, a todo o momento, sua singularidade.
"Parece diferente. Pensa diferente. Tem uma tradição e um passado diferente. Se nega a ser absorvido", indica.
Em outros momentos, o artigo mostra a simpatia de Churchill com o povo judeu e a clara desaprovação do ex-primeiro-ministro com sua perseguição.
"O judeu é um bom cidadão", afirma, descrevendo que o seguidor da crença como uma pessoa "formal", "trabalhadora" e que se identifica com o país onde vive.
"Está preparado para, se for necessário, lutar e morrer por seu país", acrescenta.
O ex-chefe do governo britânico lembra que soldados judeus serviram em ambos os lados na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que "centenas de milhares morreram pela Alemanha".
O artigo também convoca o povo britânico a defender os judeus, "que sofrem perseguições tão cruéis, tão implacáveis e tão vingativas como nenhuma outra na longa história mundial", escreve.
"Não há virtude na passividade. Protestar contra a crueldade e contra o que está errado, e esforçar-se para pôr um fim a tudo isso é o que caracteriza um homem. Além disso, quando a vítima da opressão é um irmão de sangue e fé, socorrê-lo se transforma em um dever sagrado", afirma.
O documento foi oferecido originalmente à revista americana "Liberty", mas foi retirado após os protestos de outra publicação para quem Churchill escrevia, e que tentou divulgá-la sem sucesso em outra revista britânica, segundo Toye.
Em 1940, o editor do "Sunday Dispatch" tentou levar o documento a conhecimento público junto com outros trabalhos de jornalismo do líder britânico, mas a secretária de Churchill, Kathleen Hill, considerou a publicação "desaconselhável".
Questionado sobre a possibilidade dos documentos serem escritos por outra pessoa, o historiador respondeu, enfático: "Se foi escrito por um 'negro', Churchill estava aparentemente feliz de pôr seu nome neste artigo de 1937".
Winston Churchill foi duas vezes primeiro-ministro do Reino Unido pelo Partido Conservador, de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955.
(EFE_10/03)
O ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill sugeriu, em artigo escrito em 1937 e divulgado neste sábado pela primeira vez na história, que os judeus eram "responsáveis em parte pelo antagonismo" que sofriam.
O documento, intitulado "Como os judeus podem combater a perseguição", ficou esquecido durante mais de sessenta anos nos arquivos da Universidade de Cambridge até que o historiador Hon Winston encontrou o documento enquanto preparava uma nova biografia sobre o líder, informou a agência de notícias britânica "PA".
No artigo, escrito por Churchill (1874-1965) três anos antes de assumir o cargo de primeiro-ministro, o líder conservador faz, no entanto, uma defesa do povo judeu e convoca os cidadãos britânicos a defendê-lo da perseguição "cruel", "implacável" e "vingativa" da qual era vítima.
O artigo começa com uma referência sobre a perseguição sofrida pelos judeus durante os séculos e faz alusão à onda de anti-semitismo atravessada pela Europa e Estados Unidos na época.
"Seria fácil atribuí-la à maldade dos perseguidores, mas isso não pode ser aplicado a todos os fatos", diz o documento, que destaca que em lugares como o Reino Unido ou os EUA os judeus têm os mesmos direitos dos outros cidadãos.
Churchill acrescentou que nesses países os adeptos do judaísmo encontraram não só asilo, mas também oportunidades.
"Esses fatos devem ser reconhecidos em qualquer análise sobre o anti-semitismo. Essas colocações deveriam ser consideradas principalmente pelos próprios judeus", aponta.
"Porque pode ser que, sem se dar conta, estimulam a perseguição, fazendo com que sejam em parte responsáveis pelo antagonismo que sofrem", acrescenta.
Para Churchill, a distinção entre o judeu e o não judeu é que o primeiro confirma, a todo o momento, sua singularidade.
"Parece diferente. Pensa diferente. Tem uma tradição e um passado diferente. Se nega a ser absorvido", indica.
Em outros momentos, o artigo mostra a simpatia de Churchill com o povo judeu e a clara desaprovação do ex-primeiro-ministro com sua perseguição.
"O judeu é um bom cidadão", afirma, descrevendo que o seguidor da crença como uma pessoa "formal", "trabalhadora" e que se identifica com o país onde vive.
"Está preparado para, se for necessário, lutar e morrer por seu país", acrescenta.
O ex-chefe do governo britânico lembra que soldados judeus serviram em ambos os lados na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que "centenas de milhares morreram pela Alemanha".
O artigo também convoca o povo britânico a defender os judeus, "que sofrem perseguições tão cruéis, tão implacáveis e tão vingativas como nenhuma outra na longa história mundial", escreve.
"Não há virtude na passividade. Protestar contra a crueldade e contra o que está errado, e esforçar-se para pôr um fim a tudo isso é o que caracteriza um homem. Além disso, quando a vítima da opressão é um irmão de sangue e fé, socorrê-lo se transforma em um dever sagrado", afirma.
O documento foi oferecido originalmente à revista americana "Liberty", mas foi retirado após os protestos de outra publicação para quem Churchill escrevia, e que tentou divulgá-la sem sucesso em outra revista britânica, segundo Toye.
Em 1940, o editor do "Sunday Dispatch" tentou levar o documento a conhecimento público junto com outros trabalhos de jornalismo do líder britânico, mas a secretária de Churchill, Kathleen Hill, considerou a publicação "desaconselhável".
Questionado sobre a possibilidade dos documentos serem escritos por outra pessoa, o historiador respondeu, enfático: "Se foi escrito por um 'negro', Churchill estava aparentemente feliz de pôr seu nome neste artigo de 1937".
Winston Churchill foi duas vezes primeiro-ministro do Reino Unido pelo Partido Conservador, de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955.
(EFE_10/03)
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