12 de fev. de 2006

A droga, seus efeitos e seus maus feitos

Cansei de "lidar" com drogas. Cansei de "ouvir" drogas. Cansei de "ler" drogas. Estou exausta de ver adolescentes se drogando pelas ruas; traficantes, impunemente, vendendo suas drogas; “aviõezinhos”, entregando as drogas no asfalto.

Cansei de ver filhos matando pais; irmão matando irmão; traficante matando traficante; polícia matando traficante e traficante matando polícia; famílias em estado de choque, literalmente, sem saber que atitude tomar.

Cansei de verdade... Que assunto chato, cansativo e repetitivo. Assunto sobre o qual Autoridades e Excelências não tomam o menor conhecimento - nem querem. Qualquer assunto repetitivo cai na mesmice e deixa as pessoas de bom senso extenuadas.

Algum tipo de vantagem levam com o tráfico, assim como levam inúmeras vantagens com o analfabetismo e com a população de jovens drogados, que, em sendo drogados, tornam-se irresponsáveis e inconseqüentes. Alvo fácil para vagabundos que ganham dinheiro nesse mercado "paralelo" e para profissionais de outras áreas que necessitam melhorar sua renda.

Policia ganha mal? Professor, de mal a pior... Médico, então, fora de cogitação... Três fatores muitíssimo interessantes para qualquer governante. O povo semi-alfabetizado não sabe votar - elege péssimos governantes; o povo semi-alfabetizado é conduzido como bois puxando suas carroças - sem idéias e sem ideais – atrapalhados por suas viseiras. Andam no compasso entediante de seus companheiros. Os doentes? Estão nos hospitais quando têm sorte ou enfrentando desumanas filas de INSS – quando o órgão não está em greve e os médicos estão em casa, em luta por melhores salários, que, como é sabido, são baixíssimos mesmo. População com o "pé na cova" não pode reagir a nada. Fácil "plantar" a droga nesse meio. Analfabetos, sem segurança e sem saúde.

Cansei de ver famílias que se desunem; que se acabam... Umas, porque não querem encarar de frente o problema, com medo da opinião da sociedade "amiga"; outras, não acreditam ser a drogadição uma doença e, em conseqüência, não tratam seus filhos; outros, ainda, alegam o amor pelos filhos como desculpa para a omissão. Assim, os pais se separam; a família se desagrega e o alvo para o tráfico fica cada vez mais fácil.

Cansei de ver amigos freqüentando os alcoólatras anônimos; amor exigente; GAPE; Cidade Solidária e tantas mais. Penso que tais entidades ajudam (?) a família a conviver com o problemão que as ruas, sem a vigilância devida ou os presídios de segurança máxima, sem a mínima segurança, trouxeram para dentro de suas casas: o adicto que quase sempre se torna um traficante como temos visto em várias reportagens televisivas.

O adicto desafia o mundo, desafia a sociedade, desconhece qualquer tipo de lei, desafia a família, não tem preconceitos e sobrevive na promiscuidade. Já ouvi várias mães e inúmeros pais confessarem: "Muito melhor que meu filho morresse!" ou “Melhor pagar mesada ao filho para tê-lo distante dos olhos”. Simplista a declaração. Muito melhor perder o filho que tomar alguma atitude corajosa; a ter que ver uma sociedade de jovens dizimada.

Quem serão os governantes de amanhã? Na mão de quem estará nosso País? Nas mãos daqueles que os pais, por comodismo, queriam ver mortos ontem? Sobrevivendo na drogadição exercerão cargos de professores, médicos, policias e signatários? Poderão mesmo fazer isto? Alguém acredita na hipótese? Como conseguirão estudar com a cabeça “bolada” como eles se declaram?

Nas mãos de quem estará o patrimônio acumulado e "bem tratado" por tantos de nós, patrimônio remanescente, muitas vezes, de nossos pais e avós? Nas mãos de quem estará o "futuro" de nossa velhice? Chegaremos a ver cadáveres de pais e mães jogados na areia da praia como um problema para o Corpo de Bombeiros? Será que ainda teremos bombeiros?

Cansei, de verdade...

A criminalidade atual tem constatado violações cada vez mais peculiares da lei, da moral e da ética, tem-se surpreendido pela produção de delitos em faixas etárias cada vez menores, pela atitude criminosa cada vez mais presente em pessoas "normais", do ponto de vista sócio-cultural, por delitos motivados, cada vez mais, por questões de difícil compreensão. Isso tudo exige novas reflexões sobre as relações entre a psicopatologia e o ato delituoso. A psicopatologia de hoje é o resultado, sem sombra de dúvida, do uso abusivo de substâncias alucinógenas. Substâncias estas, já comprovadas em estudos médicos, que detonam doenças sérias na esfera mental.

Na página do UOL na Internet, em 09/02/2005, a reportagem de chamada, da Folha de São Paulo, é "Guarda civil ajuda menino de rua a se drogar em São Paulo".

Chegamos ao máximo do absurdo. A polícia, a Guarda Civil Metropolitana, responsável pela segurança dos cidadãos decentes (e, talvez, dos indecentes também), ajudando criança a usar droga. A Prefeitura daquele Estado diz que vai investigar o caso a partir das fotos publicadas pela Folha... Será que vai? Interessa aos Governantes "desarmar" o mercado paralelo? Aquele mercado que supre as necessidades de determinadas classes de quem o salário "seria", verdadeiramente, da competência, exclusiva do Governo? O mercado paralelo que, ostensivamente, sustenta a campanha eleitoral de vários de nossos políticos?

Dá para confiar? Em que mãos estamos agora? Governantes também têm filhos. Filhos de Governantes também se drogam. Governantes também pensam “Melhor seria se meu filho morresse” ou “Melhor dar mesada para mantê-los longe de nossos olhos”. Governantes também se omitem.

Partindo dessa premissa poder-se-ia perguntar: será que quando a policia persegue um ladrão está tentando "roubar a droga do ladrão" para "complementar seu parco salário" entorpecendo as crianças de rua? as crianças às portas das escolas? as portas de casas noturnas? Debaixo do nariz da humanidade toda...

O problema é enorme. Enquanto os políticos assacam os cofres públicos, esquecem de que polícia só funciona "mais ou menos" se tiver salário digno. Um policial, percebendo por mês a ridícula importância de R$ 800,00 (será que chega a tanto?) vai, sem sombra de dúvida, aliar-se aos traficantes, aos ladrões, aos assassinos, aos meliantes, de forma geral, para "tornar menos infame sua renda mensal".

Em um país em que o salário mínimo é menos que mínimo, o Congresso Nacional juntamente com o Governo Federal, ainda têm o desplante, a cara-de-pau de discutir se devem ou não dar módicos R$ 50,00 para a classe trabalhadora a título de recomposição salarial, isso de conluio com um Governo, que em campanha eleitoral, se dizia da “classe trabalhadora”. O poder também corrompe, bem como o dinheiro. Enquanto isso, nos bastidores, acordos são feitos entre Planalto e Congresso; Planalto e Ministérios; Ministérios e Congresso, Ministérios, Governo, Congresso e Indústrias... Agora, inclusive, o Supremo Tribunal Federal vota inconstitucionalmente matérias sabidamente constitucionais para fazer acordos paliativos com o Governo Federal. E as malas de dinheiro rolam de mão em mão em todos os níveis de Governo - municipal, estadual e nacional.

Nessa cena esdrúxula, o Governo Federal, os Governos Estaduais, as Prefeituras, os políticos em geral "roubam em âmbito nacional" sem que sequer lhes enrubesça a face. Montam CPMIs que nada resolvem. Por muito menos, muito menos mesmo, do que "rola" e não "desenrola" hoje nessas CPMIs, um milésimo do que ocorreu no Governo Lula, o ex-Presidente Collor sofreu um processo de impeachment. Por que não ocorre o mesmo, neste momento, com o Presidente Lula?

Resposta simples: de nada interessa, a nenhuma das facções, terminar um Governo já às vésperas das eleições. Tentam esvaziar o PT - partido que no começo do imbróglio - estava morto mas, agora, com a panela colocada em banho-maria pelo Congresso Nacional, toma novos rumos e sobe, vertiginosamente, em pesquisa nacional. Um governo que só realizou planos de metas desastrosos tal qual a “Fome Zero”. Esta fome facultava que maridos ficassem em casa "enchendo a cara" enquanto suas mulheres iam buscar a "ração" mensal e, depois, levavam em casa, de seus bêbados, surras homéricas. Corremos o risco de voltar à “Fome Total”, caso as pesquisas recomecem a crescer em prol do PT.

A droga aumenta... O salário dos professores diminui... Os médicos... Que médicos? Quem agüenta dar nove anos de sua vida, seis na faculdade, três na residência obrigatória e sair disso tudo com um salário de R$ 1.500,00? Mil e quinhentos reais para alguém que gastou tanto tempo na escola e gastou, mesmo, em termos financeiros para freqüentar as escolas? Qual o retorno? Qual o respeito? Dos policiais nem vamos repetir, cansativo demais.

Vergonha Nacional...

Muitos governantes um, inclusive, já morto, nacionalmente conhecido, fez enormes acordos com traficantes em favelas em nome do desenvolvimento urbano. Acabou com a cidade. Desumanizou tudo que ainda podia existir de bom no Rio de Janeiro. Fez da “Cidade Maravilhosa”, a “Cidade Assombrosa”. Ao invés de criar empregos regularizou a profissão de "camelôs". Turistas assaltados; população refém em sua própria casa; famílias apavoradas...

Assim prossegue o Brasil com uma pergunta que não quer calar: com que finalidade pagamos tantos impostos? com que finalidade tanta tributação? Não teriam esses impostos o dever primeiro de ser revertidos em prol da sociedade? No combate à criminalidade? No pagamento de salários mais justos para os três esteios de uma Nação? - Professores, Médicos e Policiais?

Enquanto as Excelências não tiverem coragem o bastante para aprovar leis mais duras, sobre a pena de morte, não só para crimes hediondos - também para os criminosos passivos, aqueles que usam drogas para divertimento -, tudo continuará como dantes, piorando sempre. Como degraus do sem fim. Podemos, inclusive, ressuscitar Lombroso que tentava esclarecer: o Criminoso Nato, segundo ele, representado pela maioria dos casos era como o próprio nome indica, portador de um patrimônio genético causador de sua criminalidade. Ele seria o resquício do “Homem Selvagem”, uma espécie de subtipo humano, enfim, um ser degenerado.

Este criminoso nato, de quem Lombroso tomou o cérebro em suas mãos, traficante ou adicto, ladrão ou assassino, especialmente degenerado, deveria ser, sumariamente, condenado à pena de morte. Não pelos pais que, como os avestruzes, mergulharam, por todo o tempo, a cabeça na terra mas, pelas autoridades competentes. Diminuiria em muito o índice de uso de drogas e o de criminalidade.

Outra probabilidade foi a levantada por um Ministro de um dos Tribunais Superiores no fim do ano de 2005: transferir os presídios, quaisquer deles, pelas grandes ilhas abandonadas deste imenso país. Livraria a sociedade das “revoltas presidiárias” que recoloca homens e mulheres de alta periculosidade de volta às ruas. Essa idéia não prosperou e nem prosperará, certamente. Nada de sério prospera no Brasil – já dizia, certa feita, o Presidente De Gaule em visita ao nosso país.

Mas onde está a coragem? Criminoso no Brasil tem Direitos Humanos – os cidadãos honestos, esses, não têm o privilégio dos Direitos ditos Humanos aplicáveis, unicamente, aos bandidos; adolescente, seja ele traficante, drogado ou assassino, é amparado pela Lei do Menor e do Adolescente. A Igreja, a minha Igreja, da qual sou fiel seguidora - declara-se frontalmente contra a pena de morte. Os políticos em geral não têm tido coragem para enfrentar o poder econômico que gira em torno dessas facções. Cidadão honesto responde criminalmente se matar um criminoso que tenha invadido sua casa para roubar; responde criminalmente por atropelar um "menor" armado e drogado que o queira assaltar na rua.

Temos, passando debaixo de nossos olhos, o recente caso do rapaz brasileiro preso na Indonésia, apanhado no aeroporto, quando tentava entrar naquele país transportando vários quilos de cocaína dentro de um equipamento de Asa Delta. Foi preso de imediato e condenado à pena de morte por fuzilamento. Na Indonésia não existe perdão para tal tipo de “crime”. O Itamaraty tem tentado interferir para que o rapaz retorne ao Brasil – indubitavelmente para os braços de uma desesperada e desamparada mãe; o próprio Presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva, intercedeu pedindo clemência ao Governo Indonésio tendo seu pedido sumariamente negado. Consta, na imprensa, que tentará novamente. A possibilidade de ver o seu pedido lograr êxito é remotíssima. Aquele país, acertadamente, não age com clemência quanto ao tráfico e ao uso de drogas.

Drogadição é doença? Dizem os especialistas que sim... Do cigarro, dizem o mesmo, os mesmos especialistas. Muitos fumantes deixaram seus cigarros. Muitos usuários de drogas mais pesadas deixaram seus vícios. Entretanto, para isso, torna-se necessária a consciência familiar, posto que drogado algum, normalmente, não se encontra em pleno gozo de suas faculdades mentais e sempre recusará tratamento. Mas, para termos diagnósticos melhores sobre tal "doença", necessário seria dignificar a classe médica com salários menos aviltantes que incrementassem o atendimento e a pesquisa e, ao menos, alfabetizar e esclarecer as famílias com campanhas dirigidas ao abuso de drogas e seus maléficos efeitos.

Cabe às famílias internar seus filhos. Cabe às famílias se informarem a respeito do uso das drogas e dos pontos de venda. Cabe às famílias reagir. Cabe às famílias denunciar. As denúncias anônimas estão aí, através dos 0800 das empresas telefônicas. Não há que ter medo de retaliações, portanto. Não devem omitir-se, mas sim fazer cada uma a sua parte, na convicção de que, também nesse tema, “a união faz a força”. Afinal, são unidos os traficantes e drogados. Se cada um desempenhar o seu papel, certamente a mobilização popular acabará movendo os que não agem por inação ou incompetência. Eis o desafio que nos cabe: incentivar os que nos são próximos a agir em proveito de uma sociedade cada vez mais justa, menos desigual, mais informada, mais preparada para enfrentar as vicissitudes que advêm do uso das drogas no mundo contemporâneo.

Esta a torcida de quem tem os olhos cansados de ver e os ouvidos exauridos de escutar!!!

(Maria Dulce Vieira de Queirós Campos_11/02/2005)

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