5 de nov. de 2014

Cadê devoluções dos roubos ao Brasil...

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Projeto a caminho da derrota Para o PT a negociação só interessa quando os opositores já entram derrotados e têm de aceitar as imposições petistas.


A presidente Dilma começou seu governo, em 2011, aparentando relativa independência frente ao seu criador, o ex-presidente Lula. Disse que daria à sua gestão um perfil administrativo e que não transigiria com a corrupção. Representava à época o figurino de gerentona e faxineira. Era tudo uma farsa, mera encenação para consumo dos ingênuos - e não faltaram os que acreditaram que a criatura era não só diferente do criador, como até, se fosse preciso, romperia politicamente com ele. Em quatro anos deixou um país com crescimento zero, um governo paralisado e marcado por escândalos de corrupção.

Agora o figurino que está tentando vestir é o da presidente que deseja dialogar com os partidos e a sociedade. Mais uma farsa. Todo mundo sabe que Dilma não gosta de política. Nunca gostou. Na juventude transformou oposição à ditadura em confronto militar - com trágico resultado. Quando chefiou a Casa Civil do presidente Lula foi elogiada pelo estilo de durona. Era a mãe do PAC, uma tocadora de obras. A coordenação política governamental era tarefa do próprio Lula. Quando assumiu a Presidência, Dilma fez questão de demonstrar diversas vezes o absoluto desinteresse - até mais, enfado - pelas tarefas políticas. Ela não gosta de ouvir. Decide por vontade própria.

No discurso de comemoração da vitória, a presidente já deu sinais de como pretende governar nos próximos quatro anos. E insistiu na proposta de reforma política petista que, entre outras coisas, despreza o papel constitucional do Congresso. O governo elabora as mudanças e busca, via plebiscito, o apoio popular. Para o PT a negociação só interessa quando os opositores já entram derrotados e tem de aceitar as imposições petistas.

Dilma liderou a campanha eleitoral mais suja da história. No primeiro turno usou da mentira para triturar a candidatura de Marina Silva. Guardou para a fase final da campanha os ataques à honra de Aécio Neves. E tudo sem qualquer problema de consciência. Assim como Lula, Dilma passou a ter como princípio não ter princípio. O importante era ganhar. Quem fez o que ela fez na campanha tem condições morais de dialogar com a oposição?

Dificilmente a reforma política - ou qualquer outra reforma proposta pelo governo - vai ocupar espaço na agenda política. O escândalo do petrolão é de tal monta que poderá ter um (inicialmente) efeito destrutivo e saneador (caso as apurações forem até as últimas consequências). O encaminhamento das investigações comandadas pelo juiz Sérgio Moro já desnudou que o assalto dos marginais do poder à Petrobras é o maior caso de corrupção da história do Brasil. E vai atingir os três poderes da República chegando até, segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, o Palácio do Planalto.

A oposição acabou sendo arrastada a exercer o seu papel pelo eleitorado. A crise de identidade foi resolvida ainda durante a campanha eleitoral. Diferentemente das duas últimas eleições presidenciais, desta vez tivemos uma campanha mais politizada e com participação popular. Fracassou a interpretação de que as manifestações de junho de 2013 tinham sepultado a velha política. Pelo contrário, basta recordar as discussões nas redes sociais, o acompanhamento de toda a campanha, a excelente audiência dos debates televisivos, principalmente no segundo turno, e a permanência do interesse pela política após o 26 de outubro.

O cenário econômico é péssimo. Nem o doutor Pangloss diria que as coisas vão bem. O quadriênio Dilma conseguiu desorganizar as contas públicas, estourar a meta de inflação, colocar em risco a saúde das empresas e dos bancos estatais e paralisar a economia do país. E qualquer processo de negociação política é muito mais difícil nessa situação, pois o governo teria de ceder. E ceder faz parte da política, e Dilma odeia a política.

Na atual conjuntura aceitar o aceno do governo é jogar na lata de lixo 50 milhões de votos. De votos oposicionistas. De eleitores que estão indignados com o - usando a expressão do ministro Celso de Mello citada no julgamento do mensalão - projeto criminoso de poder petista. Não há desejo sincero de diálogo. As palavras de Dilma não correspondem aos fatos. O que dizer de uma presidente que demonizava a adversária imputando a pecha de defensora dos banqueiros e - dias após à eleição - aumenta a taxa de juros e convida um banqueiro para o Ministério da Fazenda? É esperteza ou falta de caráter?

O PT venceu a eleição presidencial, mas está longe de caminhar para ter o controle dos três poderes - sonho acalentado pelo partido. Perdeu 20% das cadeiras da Câmara dos Deputados e no Senado manteve o mesmo número de assentos. Tudo indica que não terá a presidência de nenhuma das duas Casas no próximo biênio. E a melhoria qualitativa da bancada oposicionista deve criar situações embaraçosas para o governo - e não faltam temas para explorar. Por outro lado, a composição do Executivo federal terá de ser ainda mais partilhada com os partidos que dão sustentação ao governo, enfraquecendo o projeto petista. E se for aprovada a PEC da bengala ainda este ano, a presidente Dilma perderá a oportunidade de nomear, devido à expulsória, cinco novos ministros para o STF, acabando com o sonho petista - e verdadeiro pesadelo nacional - de transformar aquela Corte em um puxadinho do Palácio do Planalto.

Já estamos em 2015, um ano de 14 meses. Ano agitado, o que é bom para a democracia. E tudo que é bom para a democracia é ruim para o PT. Vamos ter muitas surpresas. O projeto autoritário petista caminha para a derrota política: são os paradoxos da História. (Marco Antonio Villa, historiador)


Só na diretoria de Paulo Roberto Costa o PT e o PP embolsaram R$ 1,5 bilhão. 

Uma das cláusulas do acordo de delação premiada prevê que Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, entregará à Justiça Federal todo o dinheiro que desviou da estatal. Foram R$ 70 milhões, jurou o executivo no início de outubro, durante o depoimento em que detalhou o funcionamento do esquema criminoso e os critérios que orientavam a distribuição do produto do roubo.

A cada contrato celebrado pela Petrobras, 2% do valor total ficavam com o PT e 1% era embolsado pelo PP, partido oficialmente responsável pela indicação do diretor nomeado por Lula, que logo passou a chamá-lo de Paulinho. Desse 1% do PP, 60% ia para o partido, 20% era para as despesas operacionais, contou o depoente. Os 20% restantes eram repartidos entre a trinca que articulava as negociatas, formada pelo falecido deputado José Janene, do PP paranaense, pelo doleiro Alberto Youssef e por Paulinho de Lula.

Era 70% para mim, em espécie normalmente, e 30% para Youssef ou Janene, explicou. Baseada na quantia que será devolvida pelo depoente, uma conta simples informa que só na área de Abastecimento e Refino o PP conseguiu pelo menos meio bilhão de reais. Descontadas as comissões dos intermediários (e as despesas com a lavagem do dinheiro), o partido arrecadou, portanto, R$ 350 milhões.

Como o PT abocanhou o dobro, conclui-se que as duas siglas parceiras desviaram 1,5 bilhão da diretoria comandada por Paulo Roberto Costa. Essa montanha de dinheiro permitiria, por exemplo, a doação de um salário mínimo a todos os 2 milhões de habitantes de Curitiba, a capital do Estado onde o executivo gatuno nasceu e ingressou (por concurso) na estatal que ajudaria a reduzir a uma usina de maracutaias.

A Polícia Federal calcula que a roubalheira do Petrolão consumiu cerca de R$ 10 bilhões de reais. Ainda não foi revelado, portanto, o destino de R$ 8,5 bilhões. Não faltam corruptos a engaiolar. Tomara que não falte cadeia. (Pedro Costa)

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