18 de jul. de 2010

Quantos lados?

Dissidentes cubanos, Lula e a vergonha de estar do lado errado

# A chegada dos dissidentes cubanos à Espanha, após intensa campanha daquele país para sua libertação, mostra quais eram as duras condições a que estavam submetidos os cidadãos cubanos nas prisões da ditadura castrista.
# Muito mais do que a indignidade de ser obrigado a ficar longe da família, do convívio com os amigos e até de exercer a sua profissão apenas por ter discordado de um déspota e ousado expor suas opiniões e pensamentos livremente; os cativos cubanos expuseram as atrocidades e os crimes a que eram submetidos pelos carcereiros e pelos agentes do regime cubano. Surras com paus e barras de ferro, comida estragada ou fome, ratos, insetos e até injeções com misturas não reveladas que, para aumentar o terror psicológico, às vezes eram descritas como inoculações de vírus responsáveis por doenças das mais variadas.
# As técnicas de coerção são bem parecidas às utilizadas pelos nazistas, pelos russos (os padrinhos intelectuais da polícia política cubana) e por qualquer ditadura que reine através do terror em algum canto desse mundo. Isso já é algo esperado e só mesmo os “Românticos de Cuba” para não acreditar na canalhice e nas atrocidades das quais o governo cubano e seus componentes são capazes.
# Agora, o que revolta mesmo, é a enorme vergonha que todo brasileiro amante da democracia e combatente de um regime igualmente autoritário e conhece os expedientes bem semelhantes usados pelos cubanos para se impor deve sentir ao ver esses homens libertos e perceber que, como nação, nada fizemos para isso.
# Sim. A vergonha é o único sentimento aceitável para definir com precisão o nosso silêncio diante de um pedido de socorro, a nossa apatia diante das mãos estendidas em súplica e a nossa tibieza moral ao comparar os usurpadores com democratas e suas vítimas com criminosos comuns.
# Enorme vergonha deve nos causar o fato de estarmos sendo criticados publicamente, como parceiros dos algozes e como vozes de apoio e regozijo uníssono dos tiranos. Diante da tragédia humana que se desenrolou bem em frente aos nossos olhos impassíveis e indiferentes; a nação brasileira referiu sorrir e olhar para o outro lado.
# Nojo! Esse é o único sentimento que vem a mente e se alastra, como uma metástase, num aperto no estômago e um nó na garganta. Diante da revolta e do desabafo do dissidente que diz: "Quando houve a tragédia de Orlando Zapata, Lula estava apertando a mão de Fidel e Raúl e não advogou nem levantou a voz para salvar a vida de Zapata. Aliou-se ao crime e não à Justiça. Orlando Zapata podia ter tido, mesmo que remotas, possibilidades de sobreviver se Lula tivesse intercedido pessoal e publicamente por ele. Diz que está feliz com a nossa liberação, mas nós estaríamos felizes se tivesse advogado por Orlando Zapata Tamayo".
# Mas, não pense que o nojo é gerado pelas palavras duras e verdadeiras do ex-preso que desabafa. O nojo vem, mais uma vez, da vergonha de viver numa nação que optou por se omitir – ou muito pior – desdenhar frente ao sofrimento do próximo. O nojo grita retumbante e eleva seu clamor em nossa alma silenciosa e rendida aos encantos do discurso populista do falso messias que prega a liberdade e a democracia com palavras vazias; mas, vive intensamente o desrespeito às leis, o autoritarismo, o culto à personalidade o populismo barato, a falta de ética e humanidade em nome da sede insaciável de poder.
# Vergonha e nojo de si mesmo é o que cada brasileiro deve estar sentindo hoje e, em especial, o próprio presidente Lula – o responsável direto por nossa omissão e por nossa vergonha como nação.
# Tão certo disto estou que nem estranhei o fato de Lula, sempre verborrágico e senhor de si, ter ficado mudo diante do desabafo verdadeiro e carregado de indignação do dissidente.
# Para nós, brasileiros comuns, resta apenas engolir o orgulho e aprender com os erros. Para os dissidentes; a única opção é continuar a luta e a vida fora de sua pátria e no exílio. Mas, para Lula, a claque que o aplaude e seus doutrinários mentores; resta apenas a vergonha de estarem do lado errado.(Visão Panorâmica)

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