Dilma, a solitária
• A solidão do poder, tratando-se de Dilma Rousseff, é um presídio. Ou, pior, é uma cela
incomunicável. A presidente da República já não consegue fazer contato com seus auxiliares, com
os parlamentares, com os partidos, com as centrais sindicais, com as ruas - e, principalmente,
com a nação. Disciplinada, ela insiste. Marca reuniões com um grupo restrito de ministros,
consulta-se eventualmente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, amiúde, segue as
orientações dos profissionais de marketing a seu serviço. E nada dá certo. Como se fosse uma
náufraga, perdida numa ilhota em alto-mar, a chefe do Estado brasileiro lança garrafas sobre as
ondas, e suas mensagens não encontram o destinatário. Raramente, vão bater no destinatário
errado. Sem respostas positivas, ela não vislumbra o que a espera. Sua solidão é sólida como a
rocha e enigmática feito a esfinge.
• Há um diagnóstico fácil para esse quadro clínico: a falta de comunicação que acometeu o
Palácio do Planalto resulta do isolamento que se abateu sobre a presidente. Desesperados, então,
seus assessores tentam até o fim, como na canção de Roberto Carlos. Num lance de aparente
ousadia, tentam aproximá-la do povo que se manifesta nas ruas e, de novo, erram a mão. Bolam
comunicados contundentes, inventam propostas salvadoras, lançam campanhas de televisão e,
outra vez, nada funciona. O círculo da presidente não se deu conta de que o naufrágio a que ela
ainda sobrevive não é fruto do isolamento, mas o contrário: o isolamento político teve início no
naufrágio da comunicação. A ilha deserta em que Dilma se vê confinada não foi a causa da
incomunicabilidade. Foi, isto sim, a consequência. Agora, aumentar a dose de comunicação errada
não resolverá nada; a comunicação errada apenas piorará as coisas, como o mês de junho deixou
claro.
• Foi bem revelador o que aconteceu há duas semanas. Diante das passeatas que transformaram
as ruas das cidades brasileiras em rios de gente indignada, a presidente da República resolveu
falar em rede nacional de televisão. Numa das mais desajeitadas jogadas de marketing da história
recente do país, deu respostas a perguntas que ninguém tinha feito. Chamou para si um
amontoado de problemas que ninguém achava que fossem problemas dela. Conclamou pactos a
que ninguém quis aderir. As reclamações dos protestos falavam das tragédias concretas da vida
prática: transporte público aviltante, saúde pública miserável, educação deformante e gatunagem
do dinheiro público. Dilma respondeu a todas com uma abstração complexa: a reforma política,
acrescida de plebiscito e constituinte exclusiva. Esta última, o centro da fala presidencial,
soçobrou nas 24 horas seguintes. O plebiscito morreu há poucos dias, na semana que passou.
Quanto à reforma política - necessária, por certo, gravemente necessária, mas que não era
reivindicação de nenhum dos protestos -, ficou a ver navios nas proximidades da ilha deserta. Não
se sabe no que vai dar, já que tudo agora depende do Congresso Nacional.
• No que era acessório, Dilma emplacou uma coisa ou outra, é verdade. Propôs chamar a
corrupção de crime hediondo, e isso pegou. A história dos royalties do petróleo para a educação e
saúde parece que também colou. De resto, os artifícios contábeis de bilhões para isso e aquilo
foram percebidos como o que de fato eram: artifícios contábeis.
• Se a presidente deu respostas descabidas a perguntas não formuladas pelas ruas, não foi por
não saber falar. Foi, antes, por não saber ouvir. Para certas situações, acompanhar
obstinadamente os índices de popularidade não basta. Para entender com rapidez os anseios e as
aflições dos habitantes das cidades médias e grandes, não basta decifrar pesquisas de opinião.
Para isso, os governantes precisam simplesmente saber conversar com gente que anda de ônibus,
com médicos e pacientes da rede pública e até mesmo com deputados e senadores. É aí que entra
esse componente insondável e insubstituível da administração pública: o talento político. O bom
político se caracteriza por essa particular habilidade para a comunicação, que envolve o gosto pela
conversa, a arte de motivar pessoas e a vocação para liderar. A comunicação do Palácio do
Planalto errou a mão definitivamente quando desistiu de ser política, no sentido mais alto da
palavra, e se contentou em ser técnica, matemática e meramente publicitária.
• Daí vem a solidão da presidente, uma solidão que cobra caro. Dilma talvez não disponha da
moeda para pagar seu próprio resgate. (Eugênio Bucci, Revista Época)
• Popularidade do PT desaba também na periferia de São Paulo, seu tradicional e único reduto
eleitoral. Pesquisas internas realizadas antes e após os protestos de rua, entre o início de maio e o
final de junho, sinalizam uma queda abrupta da preferência do eleitorado pelo PT em toda a
capital paulista. Variou de 34% para 22%.
• Em dupla militância, Ministro da Educação e anteparo-geral do governo, Aloizio Mercadante
descerá à Câmara nesta terça (16) para tentar livrar Dilma Rousseff de um fiasco. Em reuniões
com as bancadas de partidos supostamente governistas, ele gastará saliva num esforço para
reverter a derrota constrangedora que os aliados infligiram ao governo na sessão de quinta-feira
da semana passada. Envolve o projeto que destina os royalties do petróleo à educação e à saúde.
• Gasto do governo sobe e chega a R$ 1 trilhão e Dilma só pensa na reeleição.
• Grupo criado para discutir a reforma política na Casa deveria ter um representante de cada
partido, mas há dois petistas; de um lado, parlamentares mais fieis ao Planalto criticam o
coordenador do colegiado, Cândido Vaccarezza (PT-SP), de ser contra o plebiscito e contra a
própria reforma defendida pelo governo; de outro, deputados alinhados com o PMDB apontam
Henrique Fontana (PT-RS), há dois anos relator da comissão especial da reforma política na
Câmara, como mau articulador político.
• Brasil tem perda bilionária no setor turístico, avalia a ONU. País é o que mais cria áreas
protegidas, mas deixa de lucrar até R$ 1,8 bilhão por ano por falta de investimento.
• Em um artigo escrito por Larry Rohter, o mesmo que teve o visto cancelado pelo governo
brasileiro em represália à reportagem sobre o hábito de bebericar do ex-presidente Lula,
publicação repercute o que chama de inabilidade política de Dilma Rousseff em resposta às
manifestações de rua. Ele cita as ideias da assembleia constituinte e do plebiscito para a reforma
política; o uso do dinheiro dos royalties do petróleo para a saúde e educação; as críticas sobre o
programa Mais Médicos e as vaias recebidas no encontro de prefeitos após liberar R$ 3 bilhões
para a Saúde: Greves e fogo amigo tem atormentado Dilma como se não fosse sobrar ninguém
para estender-lhe a mão.
• Financiamento de campanhas: qual o melhor modelo? Cameron, Sarkozy e Obama. Apesar de
testarem combinações diferentes de financiamento público e privado, modelos de EUA, Grã-
Bretanha, França e outros não escapam de críticas.
• Lições latino-americanas para o plebiscito da reforma política. Deputados querem afrouxar
controles sobre doações de campanhas.
• Resposta de governos na correria pode não acalmar insatisfações.
• Congresso deve resistir às sugestões de Dilma.
• Mal recuperado de uma onda de manifestações que varreu centenas de cidades brasileiras nas
últimas semanas, o que estimulou uma agenda intensa no Congresso e a sugestão de cinco pactos
pela presidente Dilma Rousseff, o Planalto se prepara para novos grandes atos; previsão é de que
multidão vá para as ruas durante a visita do papa ao Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, e
nas comemorações do Dia da Independência; avaliação é de que não há ações específicas a serem
tomadas para minimizar eventuais impactos.
• A Brasil Terminal Portuário (BTP) investiu R$ 2 bilhões em um terminal na região da Alemoa,
em Santos, para movimentar contêineres e granéis líquidos, que, pronto há sete meses, não
recebe autorização do governo Dilma para funcionar. As dificuldades parecem ligadas ao tamanho
das sócias da BTP, Maersk e MSC, gigantes do setor, que não parecem dispostas, digamos, a arcar
com esse custo Brasil.
• ONU deve usar força letal contra rebeldes no Congo. Decisão não tem precedentes na história
da ONU; general brasileiro está à frente da missão das Nações Unidas no país. Milhares de
congoleses fogem para Uganda após ataque rebelde.
• NY: Políticos em campanha buscam redenção de escândalos. Candidatos já se envolveram em
prostituição e divulgação de fotos íntimas em redes sociais tentam a prefeitura. Os cinco
escândalos que rondam Obama.
• Espanha: troca de mensagens põe premiê sob pressão. Mariano Rajoy teria enviado textos de
apoio a ex-tesoureiro, preso por acusações de lavagem de dinheiro. O premiê diz que não
renunciará ao seu cargo.
• Índia considera mortas quase 6.000 pessoas desaparecidas nas inundações.
Dois pesos, duas medidas
Humilhado, ele se calou.
• Assim como se queixa de ter sido humilhado, porque, sob suspeita de dar fuga a um
procurado pelo governo dos Estados Unidos, seu avião foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo
de países europeus, o cocaleiro presidente da Bolívia, Evo Morales, impôs uma humilhação
ultrajante ao nanoministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, no final de 2012, em episódio
mantido em segredo pelo governo brasileiro até agora. Amorim visitara La Paz e se preparava para
decolar quando seu avião foi cercado e revistado, inclusive com cães farejadores, a mando do
cocaleiro, desconfiado que o ex-chanceler do governo Lula levava um senador de oposição asilado
na embaixada do Brasil. A informação é de diplomatas e funcionários que não podem ser
identificados, em razão de represálias. A humilhação ao Brasil foi ainda maior, considerando que
o ministro era transportado por um avião da FAB.
• Esta semana, Morales exigiu e obteve a solidariedade dos parceiros do Mercosul, mas ele se
comporta exatamente como seus supostos detratores, mantendo cerco em La Paz à versão
boliviana do ex-agente americano Edward Snowden. O senador oposicionista Roger Pinto Molina
se viu obrigado a pedir asilo político à embaixada do Brasil em La Paz, onde se encontra há mais
de um ano. Ele quer deixar a Bolívia, porque teme até ser assassinado, mas Morales se recusa a
conceder-lhe salvo conduto, para sair da embaixada em segurança até sair do país.
• O senador Molina está há mais de um ano asilado na embaixada do Brasil em La Paz.
O governo brasileiro novamente se acovardou, diante da agressão ao ministro da Defesa, e apenas
emitiu na ocasião uma nota de protesto que permaneceu secreta, ou seja, apenas foi lida pelo
destinatário - que, claro, a ignorou.
• Além do senador Moloina, há muitos bolivianos asilados, tentando se proteger da perseguição
de Evo Moraes. Inclusive um candidato à presidência e também magistrados que ousaram prolatar
sentenças contra o governo do cocaleiro, tiveram de se asilar para não morrerem.
Habeas corpus extraterritorial
• O jurista Fernando Tiburcio Pena, que defende o senador Roger Pinto Molina, impetrou um habeas corpus extraterritorial, junto ao Supremo Tribunal Federal. Trata-se do primeiro caso do
gênero no Brasil, segundo explica
o advogado, que usa como precedente uma decisão da Suprema
Corte dos Estados Unidos, que entendeu cabível o direito de habeas corpus a um prisioneiro em
Guantánamo. O habeas corpus deve ser julgado em agosto no plenário do STF. O objetivo da
medida é obrigar o governo brasileiro a colocar à disposição do senador um veículo diplomático,
para que ele possa deixar o território boliviano sob a jurisdição do Brasil durante todo o percurso.
Veículo diplomático é protegido pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e, em
razão disso, o senador não poderá ser removido à força do carro. Mas a Bolívia de Evo Morales
não costuma respeitar regras e tratados internacionais, nem muito menos os mais elementares
princípios democráticos. (Claudio Humberto)
Casaquinhos e Bolsas dos chineses?
• O mundo precisa ver!
• Que vergonha!
• Ei você, que adora aquela capinha de celular de couro comprada dos camelôs. Baratinha né?
Aquela bolsa linda, no oiapoque, ou em lojas de 1,99 / 5,99 /10,99 etc...Aquele tênis da nike,
adidas, etc...comprado nos camelôs...O preço é bom né?
• Olhe o vídeo, mas não fique com dó não. O seu dinheiro vale mais do que isso....o seu bolso é
mais importante.
• Continuem comprando produto da grande potência mundial china com preço baixíssimos. Os
chineses agradecem a sua preferência.
• Assim daqui algum tempo eles serão a maior economia mundial, e irão sim querer algo mais do
mundo que dominam.Pense nisso...
• Imagens chocantes e muito desumanas. Depois de assistir a atrocidades desse tipo praticadas
pelos chineses, mostrado aí abaixo para ninguém duvidar, me vem à lembrança os desastres que
não param de acontecer na China. Não sei se uma coisa tem a ver com outra, mas que essa
lembrança me vem, isto vem, sugerindo castigo.
• Aqui em casa, há tempo, não entra produto algum chinês. Pago caro, sei bem, mas minha
consciência fica tranquila. Nem em pastelaria dirigida por chinês entro mais. E nem se trata tanto
por represália, mas por medida solitária de defesa. Os chineses estão sufocando as empresas no
mundo inteiro com seus produtos baratos, e que, baratos são, porque o custo de produção é
irrisório, mão de obra barata, não há previdência social, tributos trabalhistas, nada. Por aí, mesmo
vendendo barato, a margem de lucro para eles é alta.
• Um dia (e esse dia está perto), quando só houver produtos made in China no comércio, e,
portanto, sem concorrência, a história será bem outra.
• Não há cena dantesca no vídeo, não aparece cena de matanças de animais (felizmente), mas dá
para a gente saber de onde vêm essas maravilhas chinesas feitas com couro dos gatos e
cachorros colhidos nas ruas.
A felicidade consiste em ser feliz. Não consiste em fazer crer aos demais que o somos. (Jules
Renard)
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