A Imprensa tem papel preponderante no informar, esclarecer e denunciar, quando é o caso, o que se passa aqui e acolá. Nas andanças por jornais, revistas e órgãos informativos, sempre encontramos algo que nos fala fundo e não quer calar. Assim foi a pinçada da Tribuna da Imprensa, ao me deparar com o fato, que divulgo com as devidas permissões, ao bom entendedor, ou melhor, mostrando como nós somos diferentes. (AA)
"Jornalista. Depois de um bom tempo querendo ir à Inglaterra, a oportunidade surgiu. Cheguei no aeroporto de Heathrow, Londres, dia 25 às 14h. Fui entrevistado pelo oficial da imigração, que não se convenceu como uma pessoa de 60 anos que viajava pela primeira vez ao exterior iria passar somente uma semana em Londres.
Depois de inúmeras perguntas, passando por quais as minhas intenções, quem eu conhecia em Londres, quanto dinheiro eu portava, mandou-me esperar e retornou com muita pressa, levando-me até onde estava minha bagagem e perguntando se eu portava objetos pontiagudos, armas ou explosivos.
Revistou toda a bagagem, reteve minha carteira do CREA, minha agenda pessoal de endereços, e uma declaração de que pertencia à firma onde trabalho. Tirou xerox de tudo sem minha autorização.
Depois, por volta de 17h, convidou-me a tomar um chá, providenciando um carrinho para que eu levasse a bagagem. O tal chá era numa sala de detenção de onde só se podia sair com cartão e senha, onde tirou fotos em polaroid e digitais, e apresentou-me uma folha de detenção para questionários posteriores.
Após duas demoradas entrevistas, entregou-me um papel oficial recusando meu visto. Um casal brasileiro recém-casado estava também na tal sala de detenção, a moça chorando desesperadamente.
Prometeram recambiar na mesma noite. Em vez disso, ficamos até 6h dormindo em cima de poltronas de aeroporto, comendo sanduíches horríveis, tomando café e chocolate de máquina com luz acesa.
Às 6h, levaram-me para um centro de detenção de emigrantes. Lá fui revistado cerca de cinco vezes, após tirarem fotos, tirarem as impressões digitais e fornecerem um "detainee card" (identificação de pessoa detida). Retiveram a bagagem, carteira, cartões de crédito etc.
Pude tomar banho, trocar de roupa (permitiram retirar uma muda de roupa e tornaram a lacrar a bagagem) e tive atendimento médico, pois nessas alturas a pressão estava a 18 x 10.
Finalmente, depois, mais cinco revistas e nova tomada de impressões digitais, fui transportado em van fechada a chave e gradeada juntamente com alguns deportados e outros que haviam tido o visto negado, para o aeroporto no dia 26, onde fui novamente revistado e onde a bagagem passou duas vezes por raios-X, passando novamente quatro horas numa sala com um banheiro de buraco no chão e com os infames sanduíches e café e chocolate de máquina.
Fui escoltado até o avião, onde entrei antes dos passageiros. O passaporte foi entregue na chegada ao Rio, no momento do desembarque.
O crime: querer passar uma semana em Londres!
Talvez devêssemos fazer o mesmo com todos os turistas ingleses que vieram passar o Carnaval no Rio..."
Fernando Boccolini Filho (engenheiro naval) - Rio de Janeiro (RJ)
"Jornalista. Depois de um bom tempo querendo ir à Inglaterra, a oportunidade surgiu. Cheguei no aeroporto de Heathrow, Londres, dia 25 às 14h. Fui entrevistado pelo oficial da imigração, que não se convenceu como uma pessoa de 60 anos que viajava pela primeira vez ao exterior iria passar somente uma semana em Londres.
Depois de inúmeras perguntas, passando por quais as minhas intenções, quem eu conhecia em Londres, quanto dinheiro eu portava, mandou-me esperar e retornou com muita pressa, levando-me até onde estava minha bagagem e perguntando se eu portava objetos pontiagudos, armas ou explosivos.
Revistou toda a bagagem, reteve minha carteira do CREA, minha agenda pessoal de endereços, e uma declaração de que pertencia à firma onde trabalho. Tirou xerox de tudo sem minha autorização.
Depois, por volta de 17h, convidou-me a tomar um chá, providenciando um carrinho para que eu levasse a bagagem. O tal chá era numa sala de detenção de onde só se podia sair com cartão e senha, onde tirou fotos em polaroid e digitais, e apresentou-me uma folha de detenção para questionários posteriores.
Após duas demoradas entrevistas, entregou-me um papel oficial recusando meu visto. Um casal brasileiro recém-casado estava também na tal sala de detenção, a moça chorando desesperadamente.
Prometeram recambiar na mesma noite. Em vez disso, ficamos até 6h dormindo em cima de poltronas de aeroporto, comendo sanduíches horríveis, tomando café e chocolate de máquina com luz acesa.
Às 6h, levaram-me para um centro de detenção de emigrantes. Lá fui revistado cerca de cinco vezes, após tirarem fotos, tirarem as impressões digitais e fornecerem um "detainee card" (identificação de pessoa detida). Retiveram a bagagem, carteira, cartões de crédito etc.
Pude tomar banho, trocar de roupa (permitiram retirar uma muda de roupa e tornaram a lacrar a bagagem) e tive atendimento médico, pois nessas alturas a pressão estava a 18 x 10.
Finalmente, depois, mais cinco revistas e nova tomada de impressões digitais, fui transportado em van fechada a chave e gradeada juntamente com alguns deportados e outros que haviam tido o visto negado, para o aeroporto no dia 26, onde fui novamente revistado e onde a bagagem passou duas vezes por raios-X, passando novamente quatro horas numa sala com um banheiro de buraco no chão e com os infames sanduíches e café e chocolate de máquina.
Fui escoltado até o avião, onde entrei antes dos passageiros. O passaporte foi entregue na chegada ao Rio, no momento do desembarque.
O crime: querer passar uma semana em Londres!
Talvez devêssemos fazer o mesmo com todos os turistas ingleses que vieram passar o Carnaval no Rio..."
Fernando Boccolini Filho (engenheiro naval) - Rio de Janeiro (RJ)
Um comentário:
Armando,
recebi seu e-mail e já respondi.
Um abraço e parabéns pelo blog.
Apareça !
Jôka P.
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