28 de jan. de 2006

Uma tenda e muita intuição

Ramanujan chegou a teoremas importantes mesmo sem saber o caminho que o levaria a eles

Um dos mistérios mais famosos da matemática não é nenhuma fórmula inexplicável. São os manuscritos do indiano Srinvasa Ramanujan (1887-1920), ou melhor, como ele chegou a soluções de problemas sem ter nenhum contato com os matemáticos e sem conhecer exatamente os caminhos para se chegar a um teorema. Ramanujan desde menino era fissurado em matemática. Tanto que só estudava isso e não passou no vestibular: não conseguiu a pontuação suficiente nas outras disciplinas. O indiano teve que continuar a estudar sozinho em sua tenda enquanto procurava um emprego para sobreviver (ele temia que seu cérebro fosse prejudicado se passasse fome por muito tempo).

Foi então que a Europa tomou conhecimento do indiano que tinha resultados fascinantes na chamada teoria dos números ele resolveu as chamadas séries de Riemann, as integrais elípticas, as séries hipergeométricas e
equações funcionais.

Ramanujan foi levado para Cambridge, Inglaterra, e se tornou membro da Royal Society, a famosa instituição científica britânica, mesmo sem ter um estudo e uma orientação formal em ciências ou matemática.

Mas a vida na Inglaterra parece não ter sido adequada para seu estilo brâmane e vegetariano de vida. O indiano morreu muito cedo, provavelmente não adaptado ao clima, cultura e alimentação da Europa.

Até hoje, sua vida e seu trabalho continuam envoltos num grande mistério. Uma explicação dada para a descoberta de um de seus complexos teoremas é que ele conseguiu a resposta em um sonho. Ramanujan sempre
pareceu mesmo muito místico e religioso, e com um método muito peculiar (e um tanto obscuro) de trabalhar: ele possuía uma intuição admirável.

Em 2005, a ICTP (International Centre for Theoretical Physics), da Itália, e o Fundo Niels Abel, da Noruega, estabeleceram o Prêmio Ramanujan, que irá agraciar anualmente jovens talentos matemáticos de países em
desenvolvimento.

Eles já têm o primeiro ganhador: o brasileiro Marcelo Viana, do IMPA, no Rio de Janeiro.

Carmen Kawano
Ilustrações: Alexandre Camanho
(Revista Galileu)

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