3 de fev. de 2016

Na verdade, nossa classe e a deles...

Comentários às mentirosas inserções do PT.
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O Partido dos Trabalhadores, como todo partido político com deputados, está exercendo ao longo desta semana seu direito a inserções em comerciais ao longo da grade de TV e jornais. São quatro tipos diferentes de vídeos, um mais sem sentido e mentiroso do que o outro. Os quatro podem ser vistos neste link, e vamos comentar cada um deles.
Vídeo 1: Rui Falcão e o culto à personalidade de Lula
No primeiro vídeo, o Presidente Nacional do PT, Rui Falcão, faz um esforço de defesa do ex-Presidente Lula, que está envolvido na investigação da Operação Lava-Jato, com fortes indícios de que recebeu indevidamente recursos através da compra e reforma de imóveis próprios em nome de laranjas.
Sem contrapor os dados da investigação com fatos e argumentos concretos, pois o ex-Presidente ainda não conseguiu apresentar qualquer justificativa quanto às denúncias, Rui Falcão usa tempo de televisão pago pelo trabalhador brasileiro para prestar uma homenagem, quase um culto, à personalidade de Lula.
Segundo Falcão, todos sabem que Lula foi um grande Presidente e que está sendo atacado por preconceito. Por fim, declara que a verdade vai vencer a mentira.
Para que a população possa sequer ponderar sobre uma eventual inocência de Lula, é preciso que Lula, ao invés de falar que foi bom nisso ou naquilo, que prove não ser dono de imóveis incompatíveis com sua renda. Do jeito que a coisa anda, se a verdade vencer a mentira, isso se traduzirá em cadeia para o ex-Presidente.
Vídeo 2: O povo sabe vencer a crise
O segundo vídeo é um pot-pourri de chavões anti-crise falados pela Presidente Dilma ao longo de todo o processo de dilapidação do patrimônio público e derretimento da economia nacional.
A crise é uma fase, a crise veio de fora, nenhum partido faria diferente, Dilma tem que ficar porque foi eleita, basta o povo trabalhar que a crise vai embora.
A crise não é uma fase. Ela é fruto da destruição das instituições sócio-econômicas do país. Protecionismo, burocracia, alta carga tributária, bolsa-empresário, destruição da infra-estrutura e aparelhamento estatal com inchaço da máquina pública. Essas foram medidas do PT, baseadas em sua filosofia política socialista, e foram os geradores da crise, que é interna. Outros partidos, fora da influência socialista, fariam diferente sim, e presidentes que burlam leis fiscais devem sair por disposição constitucional.
Por fim, jogar a responsabilidade da crise no povo é de uma covardia atroz. Como o povo vai trabalhar se a política econômica do PT destruiu os postos de trabalho do país?
Vídeo 3: O Brasil é maior que a crise
Esse vídeo poderia ser classificado, sem maiores problemas, como um vídeo de auto-ajuda. Segundo o PT, o Brasil é maior que a crise e irá superá-la naturalmente, desde que as coisas sigam seu caminho.
Também deixa subentendido que, tendo o Brasil passado por várias crises, elas são normais, não sendo responsabilidade do PT, o que é uma falácia, como já demonstramos em argumento sobre vídeo anterior.
O problema é que essa crise pode trazer uma consequência nunca vista em nenhuma outra: a possibilidade de quebra definitiva do Estado brasileiro, em termos gregos. A incursão em um déficit nominal público de meio trilhão de reais cria a expectativa de que não há como cortar tamanho nível de despesas, e que logo o país não terá como refinanciar sua dívida em longo prazo.
Tratar essa crise como uma marolinha, para usar termos petistas, é arriscar que uma onda de endividamento destrua por completo a vida de toda a nação.
Vídeo 4: Reunir forças
O último vídeo é mais destinado a base aliada do PT do que à população propriamente dita. O PT fala que é hora de uma grande união nacional para superar a crise, e que brigas não adiantariam de nada.
O que eles esquecem de falar é que foi o PT que destroçou a união nacional, através de uma tática política de divisão da nação. É método de conquista de poder do PT dividir o país em brancos X negros, ricos X pobres, héteros X homos, homens X mulheres, e assim sucessivamente, instrumentalizando conflitos para fins pessoais.
É impossível que o partido que usa o conflito de grupos sociais para se manter no poder seja o partido que vá unir a nação nesse momento de dificuldade.
Se o PT realmente acredita que a união nacional é o único meio de sair da crise, então ponha em ações as suas palavras: faça a Presidente renunciar. Talvez assim possamos costurar uma nova realidade de união nacional.
Conclusão
O mais triste nessa coletânea de falácias é saber que toda essa propaganda nonsense está sendo custeada pela tributação do povo brasileiro. (Bernardo Santoro, Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal) 


Ano MMXVI - segundo milésimo décimo sexto.
Quando trabalhei no vigésimo quarto andar de um edifício, gostava de ouvir o ascensorista enunciar os andares onde ia parando: Quatôrzimo, dezessétimo, dôzimo, etc. Inicialmente soava estranho, um tanto hilariante, mas aos poucos os passageiros habituais se acostumaram com a novidade. Se o público dele não fosse tão limitado - digamos que ele tivesse sido, por exemplo, um desses gaiatos analfabetos, lançadores de moda na televisão - provavelmente estaríamos todos usando a ideia dele.
(Será que esse sujeito acha certo falar assim?)
Caro leitor, eu também sei que não é certo esse modo de falar. Por quê? Simplesmente porque as regras mandam falar de outro jeito (décimo segundo, décimo oitavo, vigésimo terceiro), nossa formação de numerais ordinais complica assim a nossa língua. Já não são muito fáceis - eu diria até que não são muito sensatas - quando vamos até o nonagésimo nono; mas você já escreveu ou falou ordinais superior a cem? Então acompanhe-me na formação dos ordinais em alguns números grandes. Três dígitos: quadringentésimo trigésimo quinto (435º); quingentésimo quadragésimo oitavo (548º). Quatro dígitos: terceiro milésimo sexcentésimo octogésimo sétimo (3687º); oitavo milésimo nongentésimo nonagésimo segundo (8992º). Cinco dígitos: vigésimo oitavo milésimo setingentésimo nonagésimo terceiro (28793º). Você prefere que eu pare, ou devo continuar até os dígitos sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo...? Cada algarismo ganha de presente pelo menos um ésimo, e o conjunto fica parecendo aqueles palavrões do alemão.
Existiram e ainda existem mundo afora muitas complicações com os números. Os algarismos romanos, por exemplo, cumpriram sua função de designar quantidades, e supõe-se que fossem entendidos por todos. Mas eram fáceis? Para começo de conversa, era necessário aprender a fazer contas com números antes de aprender os números. Parece um contra-senso, mas era assim que funcionava: o número 4 (IV) se fazia subtraindo 1 de 5; o número 8 tinha de somar 3 a 5 (VIII); o número 14 surgia subtraindo 1 de 5 (IV=4), e somando depois o resultado a 10 (10 + 5-1 = XIV).
Acho melhor descansarmos um pouco, pois a próxima tarefa é mesmo fazer as contas. Você já experimentou fazer contas usando algarismos romanos? Escreva dois números de sete ou oito algarismos como os romanos, e tente simplesmente somá-los. Bem entendido, sem recorrer aos arábicos como interface. Espero que consiga caminhar alguma coisa até o nosso encontro da próxima semana. Não é sem motivo que os contadores (guarda-livros) cobravam caro. Imagine com que facilidade os árabes, com seus ligeiros algarismos arábicos, passariam a perna nos romanos.
A língua francesa tem alguns resquícios desses complicativos, e não é fácil entender por que permanecem. Podem-se enunciar facilmente os números até 69. Daí em diante começam as contas internas dentro do mesmo número, como faziam os romanos: O número 70 é formado por 60 mais 10; seguem-se 60 mais 11, 12, 13 ... 19. Para 80 você já precisa fazer uma conta de multiplicar (4x20=80); daí em diante são duas contas: esta primeira de multiplicar, mais outra para somar 1, 2, 3 ... 19. Já pensei em sugerir aos franceses algo mais simples: Criar três palavras significando setenta (septante), oitenta (huitante) e noventa (neuvante). Mas a minha coragem teria de ser bem maior, para enfrentar uma declaração de guerra. Não seria a primeira vez que eles entoam Aux armes, citoyens! Quando um alienígena ousa contestar a solução que um deles iMaginot; mesmo concordando que não solucionot, não facilitot nem melhorot.
(Qual seria então a melhor forma para os nossos ordinais?)
Nunca examinei atentamente o assunto, nem sequer tenho competência para estabelecer novas regras para nossa língua. Ela já não é portuguesa (o dos portugueses), e há quem trabalhe para não se tornar brasilês. Acho que a ideia do ascensorista não deve ser preconceituosamente descartada. Outra forma é a dos espanhóis. Já os vi comemorar alegremente um 53 aniversário, sem alterar em nada o numeral cardinal. Nós diríamos quinquasésimo terceiro, sem esquecer que a pronúncia exige um trema sobre o qüin, embora o trama tenha perdido o direito de manifestar-se por escrito.
Compensa passarmos a dizer aniversário 53, congresso 132? Uma mudança assim pode gerar consequências imprevisíveis ou desagradáveis, e não tenho qualificações linguísticas suficientes para avaliar nem decidir; mas no momento não acho despropositada a ideia. (Jacinto Flecha) 
Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.

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