18 de jan. de 2016

Um bocadinho...

Gangorra inspiradora.
Numa roda de médicos, bem antes de eu me exilar em São Paulo, um colega se referiu a um ornitólogo brasileiro, muito em evidência na imprensa da época. Tinha sido colega dele no grupo escolar, quando passava quase todo o tempo livre trepado em árvores para observar a vida dos passarinhos nos seus ninhos. O comentário geral era que ele nunca conseguiria ser nada na vida, se continuasse perdendo tempo com passarinhos. O colega não entrou neste detalhe, mas imagino que ele mesmo e muitos outros também gostavam de passarinhos - uns para matar, outros para capturar com alçapões, outros para roubar os ovos dos ninhos. O futuro ornitólogo encarava os passarinhos de modo diferente, e talvez fosse este o motivo da crítica generalizada
 Teria recebido dos pais ou de outras pessoas o incentivo para prosseguir naquilo que tantos consideravam perda de tempo? Ou teria ele resolvido enfrentar oposições, para afinal realizar o que os colegas não entendiam? Não tenho mais dados sobre a infância desse ornitólogo, para fornecer informações confiáveis. Mas posso fazer conjeturas sobre dificuldades e oposições, apoios e incentivos numa carreira que se esboçava naquela preferência de uma criança. Pode ter sido tudo fácil, mas pode também ter ele sofrido muito ao enfrentar zombarias, oposições, maledicências.
O êxito ou fracasso das pessoas pode depender da interação de preferências pessoais com as manifestações externas, sejam estas favoráveis ou contrárias. Alguns dos grandes personagens históricos contrariaram meio mundo para realizar seus projetos. Se não fossem arrojados, tenazes, talvez não o conseguissem. Para outros, o êxito só foi possível por seguirem bons conselhos, adaptar-se ao que outros mostravam ser mais conforme aos seus talentos. Oposições para uns, facilidades para outros, apoios e conselhos para muitos, tudo isso pode conduzir a bons resultados ou maus, em função de inúmeros fatores individuais ou alheios.
Parecem-me suficientes, para o tema desta crônica, as considerações que acabo de fazer sobre este assunto delicado da educação: Deve ser apoiada ou reprimida tal preferência ou tendência? Decisão difícil, com que o educador depara em cada manifestação da criança. Não é fácil definir se uma tendência é boa e deve ser apoiada, ou má e ser combatida. Não é fácil proibir sempre o que é objetivamente um mal. Não é fácil apoiar e aprovar sempre o que é bom. Por isso mesmo não é fácil a vida de educador, que todo pai e mãe é chamado a ser.
O que pretendo contar-lhe hoje é um resultado muito útil para pessoas da minha área profissional, que só foi possível com minhas experiências pessoais em brinquedos infantis. Junto com meu irmão mais velho, construímos uma gangorra de madeira para brincarmos juntos. Ela nos deu muito mais alegria do que dariam essas de plástico, bonitinhas, comuns em qualquer parque de diversões.
Iniciávamos nossa brincadeira ficando cada um bem na ponta do seu lado da gangorra. Mas meu irmão era mais pesado e inclinava a gangorra para o seu lado. Eu subia, mas não conseguia descer, enquanto ele permanecia encostado no chão, zombando de mim. Quando se cansava de me atormentar, afastava-se um pouco da ponta e se aproximava do ponto de apoio da gangorra. Restabelecido assim o equilíbrio, podíamos ambos subir e descer alternadamente, cada um a seu tempo. Este é um aspecto bem conhecido por qualquer pessoa que tenha brincado em gangorra, mas essa experiência infantil ajudou-me a resolver um problema bem conhecido de todos os laboratoristas.
Em qualquer laboratório, o centrifugador ou centrífuga é um aparelho comum, destinado a separar estruturas ou substâncias mais leves das mais pesadas, por meio da força centrífuga. Girando em alta velocidade tubos contendo misturas diversas, o que é pesado vai para o fundo do tubo, e o que é leve fica numa camada superior. Os tubos colocados em posições opostas precisam ter pesos iguais ou bem próximos, para evitar trepidação no movimento giratório, e a comparação dos pesos dos tubos é feita visualmente. Isso toma muito tempo e é um trabalho bem aborrecido. Um problema antigo, que já esquentou a cabeça e esgotou a paciência de muita gente.
Em breve deixará de existir essa dificuldade, pois consegui resolvê-la obtendo o equilíbrio de modo semelhante ao que usávamos naquela gangorra da minha infância: Sendo maior o peso de um lado, um sistema automático afasta o peso do outro lado. Assim, ao aumentar a distância do peso menor, ele adquire força centrífuga maior e compensa a do peso maior que está no outro lado, restabelecendo o equilíbrio.
Como funciona isso? Não dá para explicar numa crônica como esta, mas é certo que eu não teria resolvido o problema sem os meus conhecimentos infantis sobre gangorra. Até as impertinências do meu irmão contribuíram para isso. Estou mesmo pensando em aplicar-lhe agora os cascudos que fiquei devendo na época... (Jacinto Flecha)

A cicatriz do amor.
Um menino tinha uma cicatriz no rosto, as pessoas de seu colégio não falavam com ele e nem sentavam ao seu lado, na realidade quando os colegas de seu colégio o viam franziam a testa devido à cicatriz ser muito feia.
Então a turma se reuniu com o professor e foi sugerido que aquele menino da cicatriz não frequentasse mais o colégio, o professor levou o caso à diretoria do colégio.
A diretoria ouviu e chegou à seguinte conclusão: Que não poderia tirar o menino do colégio, e que conversaria com o menino e ele seria o último a entrar em sala de aula, e o primeiro a sair, desta forma nenhum aluno via o rosto do menino, a não ser que olhassem para trás.
O professor achou magnífica a ideia da diretoria, sabia que os alunos não olhariam mais para trás. Levado ao conhecimento do menino da decisão ele prontamente aceitou a imposição do colégio, com uma condição: Que ele compareceria na frente dos alunos em sala de aula, para dizer o por quê daquela cicatriz.
A turma concordou, e no dia o menino entrou em sala dirigiu-se a frente da sala de aula e começou a relatar: - Sabe turma eu entendo vocês, na realidade esta cicatriz é muito feia, mas foi assim que eu a adquiri. Minha mãe era muito pobre e para ajudar na alimentação de casa minha mãe passava roupa para fora, eu tinha por volta de 7 a 8 anos de idade…
A turma estava em silencio atenta a tudo.
O menino continuou: além de mim, havia mais 3 irmãozinhos, um de 4 anos, outro de 2 anos e uma irmãzinha com apenas alguns dias de vida.
Silêncio total em sala.
- Foi aí que não sei como, a nossa casa que era muito simples, feita de madeira começou a pegar fogo, minha mãe correu até o quarto em que estávamos pegou meu irmãozinho de 2 anos no colo, eu e meu outro irmão pelas mãos e nos levou para fora, havia muita fumaça, as paredes que eram de madeira, pegavam fogo e estava muito quente…
Minha mãe colocou-me sentado no chão do lado de fora e disse-me para ficar com eles até ela voltar, pois minha mãe tinha que voltar para pegar minha irmãzinha que continuava lá dentro da casa em chama.
Só que quando minha mãe tentou entrar na casa em chamas as pessoas que estavam ali, não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha, eu via minha mãe gritar: - Minha filhinha está lá dentro. Vi no rosto de minha mãe o desespero, o horror e ela gritava, mas aquelas pessoas não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha…
Foi aí que decidi. Peguei meu irmão de 2 anos que estava em meu colo e o coloquei no colo do meu irmãozinho de 4 anos e disse-lhe que não saísse dali até eu voltar.
Saí de entre as pessoas, sem ser notado e quando perceberam eu já tinha entrado na casa. Havia muita fumaça, estava muito quente, mas eu tinha que pegar minha irmãzinha. Eu sabia o quarto em que ela estava.
Quando cheguei lá ela estava enrolada em um lençol e chorava muito…
Neste momento vi caindo alguma coisa, então me joguei em cima dela para protegê-la, e aquela coisa quente encostou-se em meu rosto…
A turma estava quieta atenta ao menino e envergonhada, então o menino continuou: Vocês podem achar esta cicatriz, mas tem alguém lá em casa que acha linda e todo dia quando chego em casa, ela, a minha irmãzinha me beija porque sabe que é marca de Amor.
Vários alunos choravam, sem saberem o que dizerem ou fazerem, mas o menino foi para o fundo da classe e imovelmente sentou-se.
Para você que leu esta história, queria dizer que o mundo está cheio de cicatriz.
Não falo da cicatriz visível mas das cicatrizes que não se veem, estamos sempre prontos a abrir cicatrizes nas pessoas, seja com palavras ou nossas ações.
Há aproximadamente 2000 anos Jesus Cristo adquiriu algumas cicatrizes nas mãos, pés, corpo e cabeça. Essas cicatrizes eram nossas, mas Ele nos protegeu e morreu em nosso lugar e ficou com todas aquelas cicatrizes.
Essas também são marcas de Amor. (AD) 
O contribuinte é um cara que trabalha para o governo sem ter que prestar concurso. (Ronald Reagan)

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