Algum tempo atrás, eu voltava de Atibaia, uma linda cidade,
pela Rodovia Fernão Dias e, tranquilamente, ouvia o rádio. Era um programa
evangélico do Pastor Gê, que não conheço nem sei a qual denominação pertence.
Mas me chamou a atenção e fiquei ouvindo sua pregação.
O tema era corrupção. Dizia ele que nós ensinamos nossos
filhos a serem corruptos. E exemplificava: quando você propõe a troca de uma
bicicleta pelo sucesso no ano letivo, você está corrompendo seu filho. Nós
estamos vinculando uma obrigação, a de passar de ano, a única atividade dele, a
uma venda e compra. Para fazer a obrigação dele, os pais oferecem ao filho uma
recompensa ou um suborno.
Trocas simples, como se você não almoçar não ganha
chocolate, fazem parte desse processo de corrupção. Na idade adulta, nas
relações que o filho tiver com o mundo dos negócios e de todas as atividades
que se envolver, desejará sempre ser recompensado de alguma forma para cumprir
a sua obrigação. Por exemplo, um comprador de empresa, que recebe salário para
executar a sua função, pode passar a exigir uma recompensa do fornecedor de
materiais para efetuar a compra dele. O exemplo da moda: um político que exige
dinheiro para votar a favor de uma lei, ou para quebrar um galho junto à
administração pública.
Diante da colocação do Pastor Gê, passei a refletir sobre o
assunto: primeiro, quis saber desde quando há registro na Bíblia sobre a
corrupção e, em segundo, quis saber sobre o meu comportamento e o de minha
esposa no trato com os 4 filhos.
Na Bíblia, encontrei várias passagens sobre corrupção, desde
os primeiros registros: em Êxodo, 23:8 – “Não aceitarás presentes, porque os
presentes cegam até os perspicazes e pervertem as palavras dos justos”; em
Provérbios, 17:23: O ímpio aceita suborno debaixo do manto, para distorcer o
direito”; em Eclesiastes, 7:7: “E isso também e vaidade, que a opressão
enlouqueça o sábio e um suborno extravie o coração”; em Isaías, 1:23: “Teus
príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões, todos são ávidos por subornos
e correm atrás de presentes”; em Amós, 5:12: “Eles hostilizam o justo, aceitam
suborno e repelem os indigentes à porta”. Há outras passagens que mostram a
tendência do ser humano de se adaptar ao mal, mesmo sabendo que irá prejudicar
muitos semelhantes.
Na análise sobre o nosso comportamento, meu e de minha
esposa, fiquei bastante feliz. Descobri que sempre agimos corretamente. Nunca
oferecemos subornos para nossos filhos passarem de ano ou fazerem alguma
atividade.
E, curiosamente, nossos filhos sempre reclamavam de nosso
comportamento. Diziam que seus amigos e amigas ganhavam coisas de seus pais.
Nós dizíamos que era obrigação deles passarem de ano e o progresso deles
beneficiaria a eles mesmos, no futuro pessoal e profissional.
Há até uma frase que ficou marcada na família. Às vezes,
para forçar a concordância com a intenção deles, diziam para minha esposa que a
mãe de “todo mundo” tinha dado algum presente ou permitido alguma atividade
desnecessária. Minha esposa perguntava: “Eu sou a mãe de todo mundo? Você é
todo mundo?
Só recentemente, já adultos, eles entenderam e aprovaram
nosso comportamento. E ela até recebeu uma caneca de presente, com a frase
“Você não é todo mundo”. (João Carlos Biagini, advogado)
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