4 de ago. de 2018

Onde depositar a chama da esperança?


Quando comecei a tomar consciência do tempo e da história, firmei a convicção de que, para um jovem do meu tempo, velharia, passado morto e sepultado era o século XIX. Fluíam, deliciosos, os anos 60 (“Quem os viveu, viveu!”, morreremos todos proclamando) e remotas, então, eram as guerras napoleônicas, o Império, Bismarck, as polainas e o bigode retorcido do meu avô materno. Recente era a 2ª Grande Guerra; atual era a Revolução Cubana. Ah! Serviam-nos - felizes que éramos - os esplendores da contemporaneidade!
Já vão quase duas décadas desde que, na virada do século, uma pá de poeira cósmica foi jogada sobre essa enfatuada autoexaltação, exonerando-a do tempo presente. Quem tem 18 anos hoje nem sabe o que seja bug do milênio... Aliás, o computador, a Internet, a ponte de safena, a vacina contra a gripe e o telefone celular estão por aí, mas são coisas de um século que ficou lá atrás.
Em meados do mês passado, nas confortáveis instalações da Florense, em Flores da Cunha, realizamos o 6º Colóquio do grupo Pensar+, sobre o qual já tenho falado a meus leitores. Temas centrais do evento: inteligência artificial, machine learning, deep learning. O futuro, enfim. E, claro, a minha obsolescência.
Bem sei que isso é assim mesmo. Periódica e inexoravelmente, o sino da História dobra finados pela sina dos tempos que findam. Mas convenhamos, foi a primeira vez que essa sensação me acometeu profundamente e sinto-me no dever de refletir sobre ela. Há que aprender dela. Se possível já. Tenho pensado, então, sobre a obsolescência programada das coisas humanas. Fomos feitos para dar defeito num certo tempo e não conseguimos retirar esse pecado original das coisas que fazemos. Como superar a sensação de ser fagulha peregrina, que uns poucos veem arder, e passa? Onde encontrar sentido para o que parece errático e finalidade para o transitório? Onde depositar a chama da nossa esperança?
Reparto, pois, com meus leitores, o que aprendi, a bom tempo, do irrequieto Agostinho: só em Deus minha alma encontrará sossego. Percebi, vendo o justificado entusiasmo dos jovens com as potencialidades abertas pela inteligência artificial, que eu preciso - preciso! - ser parte de algo que o tempo não devore e que as novidades não sufoquem. Coloco minha vida e esses tempos de inteligência artificial nas mãos de quem dizemos Senhor da História porque o futuro Lhe pertence. Seja Ele, então, Senhor de nossos dias. Acho que isso também é deep learning, em dimensão humana. (Percival Puggina, arquiteto, empresário e escritor)



O Brasil passa por mais uma prova de ascender em méritos por seus poderes e sua gente. Desde o Império somos palcos de cobiças, poderes, mortes e sangrias de mil impostos, gastos com iniquidades, nosso dinheiro jogado às favas, políticos mordazes, corrupção por todo lado e uma Justiça aquém das expectativas, isto é, a passos de tartarugas. Porque não imitar a Constituição dos EUA, mais alisada que a nossa (mal copiada) que dá margem a toda incerteza de impunidades aos não cumpridores de leis. As eleições aí estão e já nos surge temores da “continuidade conspurcada” de que nada vá mudar. Tristes os candidatos, afirmam que 90% dos eleitos continuarão... E nós, o sacrificado povo desempregado sem ter como se virar. Nunca balas mataram tantos inocentes a troco de drogas e milicianos. Intervenção e polícias a desejar. As “igrejinhas lavadoras de cérebros” catam e prosseguem na conquista do Poder. Nem Chapolin poderá nos salvar. Triste preâmbulo de um novo continuísmo. Pedir aos eleitores que meçam seus dedos no apertar na maquininha é mais do que oração. Amém! (Pinto Filho)   

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