14 de jul. de 2017

Vitórias e derrotas...


 

• Temer vence na CCJ e voto no plenário fica para agosto. Após várias manobras na CCJ da Câmara, incluindo a troca de integrantes, o governo obteve 2 vitórias: derrubou o relatório de Sérgio Zveiter, favorável ao acolhimento da denúncia contra Michel Temer, e aprovou voto separado pela rejeição da acusação. O parecer segue para o plenário, mas apenas em 2 de agosto. Temer sanciona lei da reforma trabalhista. Rodrigo Maia anunciou que análise do relatório no plenário da Câmara fica para depois do recesso; ação precisa de 342 votos para avançar; Como retribuição ao apoio, o presidente deve ampliar o espaço do Centrão. E pode mudar dois ministérios, Cidades e Secretaria de Governo, atualmente ocupados pelo PSDB. 
• Congresso aprova liberação de verba para emissão de passaporte; Congresso aprova o Orçamento para 2018. Texto prevê déficit primário de R$ 129 bi para o governo; parlamentares agora podem entrar em recesso. 
• Enquanto a defesa de Temer busca rebater a versão da PGR pelo ataque ao que chama de cultura punitiva - que bateria em Chico, Francisco, Temer e Lula -, o procurador Rodrigo Janot reforça sua tese e diz que vê eficiência na delação da JBS. 
• Paralelamente, Lula vem a público dizer que é condenado sem provas e que há componente político muito forte, com o objetivo de tirá-lo da disputa à Presidência. O TRF-4, por sua vez, afirma que o ex-presidente será julgado antes disso. Após condenação, Lula diz que está no jogo; Quem acha que é meu fim vai quebrar a cara, diz Lula. Petista afirma que condenação só despertou sua disposição para se candidatar. 
• Como ressalta Eliane Cantanhêde, PT, PMDB e PSDB (à beira do racha e agora incomodado com as recentes manifestações de João Doria, provável nome para 2018) se articulam, cada a um a seu jeito, para minimizar as acusações da Lava Jato. 
• Novo Refis prevê desconto de até 99% em multas e juros de dívidas de empresas. Relator do projeto de refinanciamento põe condições mais favoráveis para pagamento dos débitos e coloca em risco contas da equipe econômica de levantar até R$ 13,3 bi ainda este ano com o programa. 
• No primeiro PDV de sua história, Bradesco quer cortar até 10 mil vagas. Meta é reduzir gordura da operação, causada pela compra da operação do HSBC Brasil, que elevou em 20 mil pessoas seu quadro de funcionários; analistas dizem que programa poderá ajudar banco a capturar sinergias. 
• Ministro diz que médico tem de parar de fingir que trabalha e quer vigiar jornada. Em lançamento de programa, Ricardo Barros explica que usará a biometria para controlar horas trabalhadas de profissionais da rede pública e, simultaneamente, criar um controle de produtividade com metas. 
• Por que presos em presídios não recebem tornozeleiras e vão para casa?
• Parece que as coisas começam a melhorar para o presidente Michel Temer. Na noite de terça-feira a Reforma Trabalhista foi aprovada no Senado, com mais votos do que esperado (50 votos). Contratos em vigor também serão afetados pela nova CLT. Todos os contratos serão afetados quando lei entrar em vigor, diz ministro; Procurador-geral do Trabalho critica reforma trabalhista. Para Ronaldo Fleury, proposta oficializa fraude e beneficia mau empregador. 
• Sem reforma da Previdência, FMI pode rebaixar nota do Brasil. Déficit primário como proporção do PIB pode subir para 2,5% neste ano se a medida não for aprovada. 
• A farra de gastos através de cartões corporativos do governo, sem licitação ou controle, consumiu R$ 731,3 milhões do contribuinte desde 2002, quando foram criados. Mas o gasto desenfreado está com dias contados. Está pronto para ser votado na CCJ do Senado projeto que limita gastos a R$ 6,6 mil/mês, por órgão, além de proibir saques e acabar com sigilo de despesas, que existe até para órgãos de controle. 
• Agora, a PGR está suspeitando que a mala que era transportada por Rodrigo Rocha Loures teria outro destino que não era, o Temer. A PRG desconfia que a mala iria para o Grupo Rodrimar. Na delação da JBS o executivo da Rodrimar, Ricardo Mesquita foi citado nas conversas entre Loures e Ricardo Saud. Mais: esta desconfiança surgiu porque na delação do frigorífico a Codesp, empresa que administra o Porto de Santos, é citada por repassar para o Grupo Rodrimar cerca de R$ 42 milhões sem autorização do conselho de administração. Detalhe: a única coisa que pode pesar contra o presidente é que a Rodrimar pertence a Antônio Celso Grecco, amigo de Temer. 
• O grupo JBS tem até o próximo dia 19 para devolver cerca de R$ 125 milhões para ressarcimento do BNDES decorrente da compra da Swift, determinados pelo TCU - Tribunal de Contas da União. Mais: o ex-presidente do BNDES e o ex-ministro Guido Mantega terão que colaborar com um parte da devolução. 
• Delação de Cunha deve citar 70 deputados. Ex-presidente da Câmara já avança com MPF nas negociações. 
• Implante que devolve audição já está disponível no país. Realizada gratuitamente no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e São Paulo, a prótese é implantada no osso do crânio de forma minimamente invasiva. 

• FMI reduz para 1,3% alta do PIB do Brasil em 2018. Estimativa é mais pessimista que a do governo e de economistas do mercado. 
• No vácuo de Trump. A liderança mundial que os EUA vão deixando de exercer tende a ser preenchida por outras nações; a China é forte candidata à vaga. 
• Em visita a Macron, Trump admite rever posição sobre Acordo de Paris. No primeiro dia de sua viagem à França, presidente dos EUA deixou em aberto possibilidade de retornar ao pacto climático, do qual se retirou em junho; líder francês é criticado por receber americano e aliviar isolamento de Washington. Nesta manhã, os dois assistiram juntos ao desfile militar em comemoração ao dia da Queda da Bastilha. 
• Ex-presidente do Peru é preso por caso Odebrecht. Ollanta Humala foi condenado a 18 meses de prisão preventiva. 
• Liu Xiaobo, Nobel preso, morre na China. Preso por 18 anos, ele só foi autorizado a sair na fase terminal de câncer.
• Escravos na Copa da Rússia: Coreia do Norte exporta trabalhadores baratos para o país vizinho. 

Pose ética dos tucanos termina em papagaiada.
O PSDB foi à votação sobre a denúncia que acusa o presidente da República de corrupção decidido a recuperar sua reputação de avis rara. Conseguiu a proeza de arrematar com conteúdo governista um movimento anti-Temer. Fez na CCJ, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, uma opção preferencial pela incongruência.
Dos sete representantes do tucanato na CCJ, dois participaram dos funerais da denúncia contra Temer na condição de coveiros. Ou seja, 28,5% dos votos do PSDB optaram por apagar a luz e acender o forno. Ajudaram a transformar em pizza o relatório que autorizava o STF a decidir o futuro penal de Temer.
Restava aprovar um documento alternativo, que acomodasse sobre a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot uma coroa de flores, preparando o esquife para receber, no plenário da Câmara, em 2 de agosto, a última pá de cal.
Estavam presentes à sessão todos os 66 membros da CCJ. Por mal dos pecados, coube a um dos pizzaiolos do PSDB, o deputado mineiro Paulo Abi-Ackel, fazer o papel de coveiro. Ele preparou e leu o relatório que sonega à Suprema Corte a possibilidade de verificar se Temer é mesmo o corrupto que a Procuradoria diz ser.
Desautorizando os cinco companheiros de ninho que votaram pela continuidade do processo, o tucano Abi-Ackel bicou: A denúncia, no que diz respeito ao presidente da República, não é precisa, pois não contém a exposição pormenorizada do fato delituoso, com todas as suas circunstâncias. No direito penal, não existe a culpa presumida. É necessário demonstrar com clareza o nexo causal entre a conduta do agente e o evento lesivo, para desencadear a ação penal.
Apanhada de surpresa, a banda oposicionista do tucanato ficou uma arara. Amigo de Aécio Neves, que coleciona nove inquéritos policiais no Supremo Tribunal Federal, Abi-Ackel frequenta as planilhas da Odebrecht com o apelido de Diamante. Graças ao favor que prestou a Temer, os tucanos encenaram na CCJ algo muito parecido com uma papagaiada. (Josias de Souza) 

Senadoras à beira de um ataque de nervos.
Ingênuo eu. Tão ingênuo que, se não visse as imagens, não acreditaria no que estava em curso à mesa do Senado da República. Mesa posta, servida com quentinha, mastigação e lábios torcidos acionando palitos hidráulicos. Selfies e Face Times mostrando à plebe aquela fornida linha de frente dos interesses populares, armada a garfos e facas. Bom proveito, Brasil progressista!
Ali estavam as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN) e Lídice da Mata (PSB-BA), em plena pirataria do poder senatorial. Às costas, como convém a piratas, alguns marmanjos se postavam qual papagaios, filando a ridícula notoriedade proporcionada pelas imagens. Mamãe, saí na Globo!. Crrác, crrác.
O objetivo daquele desrespeitoso gesto de ruptura com o Regimento Interno e com a ética parlamentar era o mesmo que sempre observei como determinante de ações públicas promovidas por partidos e movimentos de esquerda: impor à maioria ou às regras do jogo aquilo que é apenas vontade de uns poucos.
Desde meus tempos colegiais, aliás, pude observar, na repetição desse comportamento, uma disposição para a conduta histérica. De início, em meus tempos de política estudantil, pensei que fosse produto de uma rebeldia adolescente. Posteriormente, percebi que aquela adolescência não tinha fim, caracterizando, isto sim, uma incivilidade belicosa que facilmente descambava para gritaria e ruptura com padrões civilizados.
Mais tarde, pude ver o mesmo repetir-se, vezes a fio, nas casas legislativas do país, sempre que a esquerda se encontrasse em posição desvantajosa. Só pode haver tropa de choque se o choque faz parte dos hábitos da tropa. Quando algo semelhante ocorre, toda tentativa de restabelecer a ordem é denunciada, de modo invariável e sistemático, como abuso de autoridade e restrição à sublime liberdade de bagunçar o coreto.
Pois mesmo assim, as parlamentares me surpreenderam pelo inusitado de seu gesto. Senadoras invadindo a mesa dos trabalhos do Senado!... Aquela tentativa de barrar a votação da reforma trabalhista foi expressão renovada de sua aversão aos processos democráticos e ao Estado de direito. As declarações que sucederam o ato permitem trucidar versos de Fernando Pessoa para afirmar que as atoras fingem com tanta pantomima que, às vezes, fingem ser real a insolência que deveras as anima. (Percival Puggina, arquiteto, empresário e escritor) 

O povo está sem alma, sem caráter, sem moral e sem coragem.
O Brasil está metido em um mar de sujeira e o povo está adormecido como Branca de Neve do famoso clássico literário. A corrupção virou prática normal e a nossa gente caminha passivamente para o abismo. Com exceção de um protesto aqui, outro ali, a vida segue em sua trágica normalidade.
Em muitos outros países políticos acusados de corrupção teriam que renunciar imediatamente e, comprovada a denúncia, estariam presos.
Se resistissem, milhões de pessoas se colocariam nas ruas até a saída de tais criminosos. No Brasil, não. No país verde e Amarelo tudo é possível.
Grupos criminosos podem usar as instituições do poder da forma que quiserem.
Afinal de contas, no Brasil nunca existiu república.
A brava gente brasileira sacode os ombros e literalmente vive hipnotizada. Qualquer pessoa razoavelmente informada sabe que política é um jogo de interesses e uma busca incessante pelo poder. Mas daí adotar posturas passivas em face da existência de uma quadrilha que atua no comando do país significa pouco se importar com o destino da nação e de seu povo. 
O Brasil tem uma unidade política e territorial, mas não tem alma, não tem caráter, não tem dignidade.
O povo heroico a brado retumbante virou uma soma de partes desconexas de uma música desafinada.
As tão faladas conquistas políticas e territoriais não passam de falácias, já que o tal crescimento econômico se deu às custas da violência dos poderosos, dos colonizadores, dos bandeirantes, dos escravocratas do Império, dos coronéis da Primeira República, dos industriais que amalgamaram as paredes de suas empresas com o suor e o sangue dos trabalhadores, com a miséria e a degradação servil dos lavradores pobres. Índios foram massacrados; escravos foram mortos e açoitados; a dissidência foi dizimada; as lutas sociais foram tratadas com baionetas, cassetetes e balas, para no final, o povo acabar prisioneiro de sua própria ignorância.
Brasileiro não preserva a sua história, não tem valores, não tem vínculos societários, não tem costumes que amalgamam o nosso caráter e é o povo, dentre todas as Américas, que tem o menor índice de confiabilidade interpessoal.
Tudo é tragicamente normal.
Quando os debaixo, chegam ao poder, sentam à mesa dos inimigos populares, brindam, comemoram e libam com eles e, no ápice do deslumbramento, acreditam que foram definitivamente aceitos na Casa Grande.
O Brasil nunca foi uma democracia racial e, no fundo, nunca foi democracia nenhuma, pois sempre nos faltou o critério irredutível da igualdade e da sociedade justa para que pudéssemos ostentar o título de democracia.
No Brasil, a mobilidade social é exígua, as estratificações sociais são abissais e não somos capazes de transformar essas diferenças em lutas radicais, em insurreições, em revoltas.
É mais fácil sentar à mesa dos inimigos e negociar com eles, de forma subalterna.
Quando os brasileiros percebem os seus enganos, indignam-se mais com palavras jogadas ao vento do que com atitudes e lutas.
Boa parte das suas lutas não passam de piqueniques cívicos nas avenidas das grandes cidades ou quebradeiras do patrimônio público.
O povo brasileiro, fruto de negras e índias engravidadas pela violência dos invasores, das elites, do capital, das classes políticas que fracassaram em conduzir o país com dignidade, é governado pela submissão e pela indiferença.
Nossa brava gente tornou-se um povo sem alma, sem caráter, sem moral e sem coragem. (Isa Colli) 
Devemos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos para poder viver a vida que nos espera. (Joseph Campbell)

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