4 de fev. de 2017

Um país onde se brinca de governar.

 photo sonnovadireao_zpshkeq2w7y.jpg • O presidente Michel Temer tem razão. Até porque ele não tem outra saída. Com menos de 2 anos de governo pela frente, ou aprova as reformas ou entrega um futuro sombrio. 
• O corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou nesta manhã na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde está sendo velado. O velório começou por volta das 9 horas, inicialmente reservado aos familiares, e se estenda até as 15 horas. Mais cedo, o corpo foi liberado do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Marisa Letícia, de 66 anos, estava internada desde 24 de janeiro, depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Ela foi submetida a um procedimento cirúrgico para estancar o sangramento, mas na madrugada de 30 para 31 de janeiro seu quadro se tornou irreversível
• Facebook: Que país é esse que o filho do ex-presidente ameaça o povo brasileiro? Basta! Fábio Luís, filho mais velho do ex-presidente Lula usou as suas redes sociais para ameaçar e deixar de plantão o MST e demais grupos auxiliados pelo PT com a seguinte mensagem: O que estão fazendo com minha família não tem perdão e a partir de hoje com a morte de minha mãe, por incrível que pareça me sinto mais forte para lutar ao lado de pai que é o homem mais honesto do Brasil, por nossa paz, por ela, se falarem mais uma vez em prender meu pai, vamos colocar fogo no Brasil, aí vocês verão o que é guerra, nada vai nos deter. (Jornal Online Brasil)
• Um crime contra o povo e ao erário. Novo marco regulatório pode dar R$ 90 bilhões às operadoras é encaminhada à sanção. 
• Crivella quer criar Cedae municipal e pode frustrar planos do estado. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), está disposto a botar água no chope (ou melhor, tirar a água do chazinho de camomila) do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Crivella contou a um grupo de prefeitos que está pensando em criar a Companha Municipal de Águas e Esgotos - e libertar a capital dos domínios da velha e pesada Cedae. 
• Crivella: déficit nas contas da prefeitura chega a R$ 3 bilhões em 2017. Prefeito atribuiu a empréstimos contraídos por Paes. 
• Rio de Janeiro reduz prevenção após tragédias de chuva. Risco continua seis anos depois do maior desastre climático da história do país. 
• Rio e o plano de climatização de frota de ônibus. Quando? 
• Fachin tem primeiro encontro com Janot após assumir relatoria. Ele herdou de Teori 100 delações e 40 inquéritos na Lava Jato. 
• Um novo delator da Lava Jato no Rio entregou ao MPF uma lista de imóveis-propina a Cabral, mas que estão em nome de laranjas - pessoas físicas e jurídicas. Como O Antagonista revelou, os grupos Dirija e Américas pagaram propina a Cabral em imóveis que permanecem em nome de empresas ligadas aos grupos e de laranjas como Ary Filho, preso ontem. O ex-governador tem apartamentos-propina nos condomínios Saint-Tropez, Barra Summer e Atlântico Sul, todos na Barra da Tijuca. Ele também tem terrenos-propina no condomínio Portobello, em Mangaratiba (RJ), onde possui uma mansão. 
• Cabral teria US$ 3,5 milhões em ouro e diamantes na Suíça. Parte da suposta fortuna viajou em trem pelos Alpes. 
• Márlon Reis, mentor da Ficha Limpa vai ao STF contra nomeação de Moreira Franco. Em nome da Rede, advogado pede suspensão da indicação e acesso às delações da Odebrecht; O que é repentino e estranho, dado que seu nome estava na Lava-Jato. Blindagem, claro. Moreira Franco vira ministro e ganha foro privilegiado; Temer deve arbitrar briga por cargos no PMDB, diz Maia. Presidente da Câmara diz que disputa pelo comando da casa não causou racha. 
• Dallagnol: delações devem revelar corrupção em vários Estados. Procurador prevê desdobramentos da Lava Jato por todo o País. 
• Delcídio, Zwi e Barusco depõem como acusadores de Palocci. 
• Partidos pedirão a Fachin quebra de sigilo de delações. Siglas dizem que buscam acabar com linchamento público via vazamentos. 
• A Justiça Federal no Rio condenou a 14 anos e nove meses de prisão o ex-gerente da área de saúde dos Correios, Marcos da Silva Esteves, pelo suposto desvio de R$ 7 milhões em um esquema de fraude no plano de saúde da empresa. A condenação acolhe denúncia do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Titanium, deflagrada em 2013. Também foram condenados outros três ex-funcionários dos Correios. Todos os réus podem recorrer da sentença.
• Congonhas não deve ser privatizado e será administrado por Nova Infraero. Empresa vai gerir ainda Santos Dumont, Curitiba e Manaus; terminal de SP terá nº de voos aumentado. 
• Violência no futebol: Clubes ignoram punição e STJD suspende campeonato alagoano. 
• Violência crescente faz passageiro evitar Uber. Usuários usam outros apps ou evitam viagem compartilhada; sequestro na V. Olímpia ampliou preocupação e no Rio também. 
• Caixa Econômica deve liberar apostas na loteria pela internet.

• Estados Unidos emitem alerta a viajantes sobre febre amarela no Brasil. 
• Governo Trump começa a desmontar controle sobre bancos criado após crise. Legislação foi criada após a turbulência econômica de 2008 com o objetivo de impor limites a bancos. 
• EUA cancelam 60 mil vistos de cidadãos muçulmanos. Trump ordena também o desmonte de restrições a Wall Street pós-crise de 2008; Liminar suspende veto de Trump a imigrantes. Juiz acata pedidos de Washington e Minnesota, que alegam discriminação e prejuízos à economia. 
• Trump diz que opinião de juiz que bloqueou ordem migratória é ridícula. No Twitter, presidente criticou decisão judicial e disse que sentença será anulada. Nesta sexta (3), ordem suspendeu proibição da entrada de refugiados e imigrantes de 7 países nos EUA.
• Estados Unidos anunciam pacote de sanções contra o governo do Irã. Presidente Donald Trump critica teste de míssil feito pelo país do Oriente Médio; Teerã nega irregularidades e diz que não violou resoluções da ONU. 
• Ex-presidente do Peru que governou o país entre 2001 e 2006 recebeu US$ 20 milhões (cerca de R$ 62,5 milhões) em propinas da Odebrecht. Segundo o jornal La República Ministério Público do pais vai pedir a prisão de Alejandro Toledo. 
• Trump impõe sanções ao Irã após teste com míssil. Em primeira ação contra Teerã, republicano diz que país brinca com fogo
• Tentativa de ataque ao Louvre reacende tensão na França. Homem com faca gritou Deus é maior em árabe antes de ser parado a tiros. 

Mais três na disputa presidencial.
Começa a germinar uma nova leva de candidatos a candidato para 2018, mais uma evidência de inexistir alguém ocupando a pole-position. Amplia-se o plantel das especulações, até agora circunscrito a Aécio Neves, Geraldo Alckmim, José Serra, Ciro Gomes, Marina Silva, Ronaldo Caiado, Jair Bolsonaro, Roberto Freire, o Lula e outros menos lembrados. Acabam de entrar na lista das especulações fugidias Rodrigo Maia, Moreira Franco e Carmem Lúcia, hipóteses geradas pelos acontecimentos mais recentes e, como as demais, simples exercícios pálidos e especulativos. Mas destacam-se na rearrumação das hipóteses geradas pela ambição, o acaso e a falta do que fazer.
Rodrigo Maia destacou-se quando Eduardo Cunha mergulhou nas profundezas. Elegeu-se para seis meses de insignificante presença na presidência da Câmara, mas ocupou a vice-presidência de fato da República, acoplando-se ao projeto de reformas de Michel Temer e atropelando a Constituição. Durante os próximos dois anos, tentará dividir com o atual presidente a liderança de mudanças estruturais e conjunturais, contando com o apoio sempre maior da bancada governista. Caso não cometa erros fundamentais, está no páreo.
Moreira Franco entra na equação como possível alternativa para o PMDB, até hoje marginalizado pela decisão anunciada mas não confirmada de Michel Temer abrir mão de disputar a reeleição. Elevado à condição de ministro detentor do poder palaciano, tendo alijado a influência do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o ex-governador do Rio precisará enfrentar a lista da Odebrecht, como tanto outros, mas resume-se hoje na opção do maior partido nacional. Evolui como o gato ancorá batizado por Leonel Brizola, cauteloso e macio.
Por último, uma estrela que vem de outro firmamento, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia. Fica evidente sua disposição de ocupar espaços além do Judiciário.
Em suma, ampliou-se o quadro das hipóteses remotas, capaz de mudar ainda muitas vezes, e, para concluir, sem entusiasmar ninguém... (Carlos Chagas) 

O Supremo e a Lava Jato.
A inesperada morte do ministro Teori Zavascki, relator das ações relativas à operação Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal, trouxe inquietação aos que se preocupam com o caso. A mídia ficou alvoroçada, e muitos passaram mesmo a temer pelo que poderia acontecer.
E por quê?
Justamente porque o ministro Teori conduzia com segurança e, sobretudo, com imparcialidade, a relatoria das questões. É que a mídia responsável, e as pessoas sérias, desejam simplesmente isto: juiz independente, imparcial, discreto, que se sujeita apenas à sua consciência e à sua ciência. Teori era tudo isso. Essa era a imagem que projetava. A imagem de um juiz.
E como ficam as coisas, agora, indagam. Penso que nada se altera. É que, tendo o Ministério Público requerido, a tempo e modo, fosse o caso tratado com urgência - e na verdade urgência há, tendo em vista as circunstâncias do caso -, outra providência não poderia ser adotada senão a redistribuição do feito, na forma do disposto no artigo 68 do Regimento Interno.
A redistribuição deveria ser feita entre os ministros que integram a Segunda Turma, porque o caso está correndo, é dizer, está sendo julgado pela Segunda Turma. A morte do relator ocasiona a substituição deste, apenas isto, não muda a competência do órgão julgador. Se o fizesse, seria danoso, porque os juízes da Segunda Turma, estão enfronhados da matéria.
A remoção de uma para outra Turma, em caso de vaga, se requerida pelo juiz, é medida prevista também no Regimento Interno. Mais recentemente, tivemos a remoção de outros ministros da Primeira para a Segunda Turma. Nada demais, portanto.
Passando o ministro removido a integrar a Turma, correto que entre no sorteio. E acabou o juiz mais moderno, na Segunda Turma, o ministro Edson Fachin, a ser premiado com a redistribuição, com um mundo de trabalho pela frente. Premiado entre aspas.
Nada mudará com Fachin, estejamos certos. Fachin tem-se revelado um juiz preparado, discreto, independente. É ele juiz com biografia, biografia que vem se tornando, no Supremo, cada vez mais significativa. O que a sociedade deseja é juiz desse feitio: independente, imparcial, sem parti pris. Assim Fachin tem se revelado.
Ademais, vale lembrar, os juízes são, permanentemente, fiscalizados pelas partes, pelo Ministério Público e pela defesa. Se uma decisão do relator causa agravo a um ou a outro, assiste-lhe o direito de recorrer ao colegiado.
As questões atinentes à operação Lava Jato continuarão bem cuidadas, no Supremo Tribunal Federal, com o novo relator, o ministro Edson Fachin. (Carlos Velloso, Ministro aposentado, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, advogado) 

O indicado de Trump para a suprema corte enfrenta os mesmos adversários de Ives Gandra Filho.
O indicado de Trump para a Suprema Corte, Niel Gorsuch, é juiz da Corte de Apelações, advogado formado em Harvard e PhD em Filosofia pela Universidade de Oxford. Malgrado isso e muito mais em seu currículo impecável, a indicação vem sendo combatida e ele pessoalmente criticado por ser pro life, ou seja, a favor da vida, contra o aborto. A pós-modernidade tem dessas coisas. Arrancar um feto aos pedaços do útero materno não é crime nem reprovável. Crime é ser contra o condenável ato.
Aqui no Brasil está em curso algo parecido. O jurista Ives Gandra Filho, cujo nome tem sido sugerido para ocupar a vaga de Teori Zavascki, enfrenta a dificuldade semelhante. Acusam-no de ser católico conservador. Em outras palavras: nem mesmo para abrir pequena brecha na unanimidade progressista do nosso STF se admite um católico conservador - unzinho - entre os onze. Ninguém questiona o católico progressista, militante petista e defensor de invasores de terra, Edson Fachin, mas um conservador como Ives parece intolerável.
Digo mais, se Gandra Filho fosse pai de santo, neto de pagé, filho de Leonardo Boff, ou muçulmano xiita ou sunita, seus atuais críticos considerariam a nomeação muito adequada, sinal louvável de pluralismo, diversidade e multiculturalismo.
Senhor, que mundo louco! (Percival Puggina) 

Paulo Francis curtiu isso.
Se Paulo Francis e Nelson Rodrigues vivessem hoje em dia, seriam youtubers e fariam grande sucesso em comentários no Facebook e no Twitter. Isso não os impediria de escrever os livros que escreveram, mas certamente ampliaria o alcance de suas opiniões. Nelson (nos anos 60 e 70) e Francis (nos anos 80 e 90) eram vozes praticamente solitárias do conservadorismo brasileiro, enquanto a esquerda, no período compreendido entre a ditadura militar e a redemocratização, adotava a estratégia de ocupar espaços nas instituições culturais e midiáticas do país. Tipos como Francis e Nelson acabaram se tornando verdadeiros ETs, vozes do exílio no habitat cultural dominado por esquerdistas.
Nasci em 1970. Na minha geração, todos os espaços de debate público - jornais, universidades, igrejas, mercado editorial - eram hegemonicamente dominados pela esquerda. Direitistas, os raros que havia, eram como bichos de outro mundo: um Merquior, um Corção, um Roberto Campos, além dos dois mitos já citados. A primeira rachadura séria nesse sistema foram os livros A Nova Era e a Revolução Cultural e O Imbecil Coletivo, publicados pelo filósofo paulista Olavo de Carvalho nos anos 90. O establishment esquerdista ficou de queixo caído, perplexo, mais perdido que cebola em salada de frutas.
Mas a grande contrarrevolução midiática viria mesmo na primeira década do novo século, com o advento da internet e das redes sociais. O professor e escritor Percival Puggina, de Porto Alegre, viveu essas transformações e comenta em artigo recente: No momento em que a internet se massificou e ocorreu a explosão das redes sociais (tão atacadas, nessas recentes críticas, como território da direita), democratizou-se o conhecimento e a Universidade perdeu sua função de grã-sacerdotisa do saber filosófico e da interpretação da história. De modo sutil, acontecia uma revolução do saber. A internet e as redes sociais, Olavo de Carvalho e seus cursos, cortavam os cabelos de Sansão e faziam emergir um grande número de novos autores e formadores de opinião que encontraram os meios de chegar ao público, multiplicando nas redes o conhecimento produzido por gigantes do pensamento até então jogados às traças nos desvãos das bibliografias e bibliotecas acadêmicas.
Hoje posso dizer, sem medo de exagerar, que esses autores, de viés conservador e liberal, raras vezes socialdemocrata, constituem fontes importantíssimas do meu trabalho jornalístico e intelectual. E confesso a vocês: graças a eles, erro muito menos. Pense o leitor nas barrigas jornalísticas que a velha mídia nacional e internacional colecionou durante o último ano. A acreditar na maioria dos veículos de grandes centros, não haveria impeachment; o Petrolão não passaria de uma intriga de opositores; a Lava Jato nunca prenderia Cunha; o Reino Unido continuaria na Comunidade Europeia; a Colômbia teria aprovado o acordo de paz com as Farc; Dória e Crivella jamais seriam prefeitos; e Hillary estaria confortavelmente instalada no salão oval da Casa Branca. Só que deu ruim - ao menos para quem acreditou em tudo isso.
Para o antropólogo Flavio Gordon, um dos perfis que sigo no Facebook (todos os citados nesta matéria estão no mesmo caso), a esquerda brasileira, e por conseguinte os veículos de comunicação dominados por ela, perdeu o contato com a realidade. Com isso, a mídia esquerdista não enxergou em tempo hábil a ameaça representada pelas redes sociais. Caso raro de intelectual que migrou de uma bem-sucedida carreira universitária para a liberdade das redes sociais, Gordon afirma que a internet pôs fim ao isolamento das pessoas incomodadas com o discurso único de esquerda. Essas pessoas não tinham, até então, noção de seu número e de sua força. Percebendo que não estavam sozinhas, começaram a criar coragem para se expressar, investindo em blogs, sites, comunidades do FB, etc. A força das redes sociais pode ser vista hoje pela atenção que os políticos e governantes dão ao que se passa no ambiente virtual. É como se, enquanto os antigos meios de comunicação operassem em progressão aritmética, as redes sociais operassem em progressão geométrica, compara Gordon.
Um fenômeno da internet é o comentarista Filipe G. Martins, que deu um baile em toda a imprensa brasileira e acertou o resultado das eleições presidenciais americanas em 46 dos 50 estados. Se Paulo Francis estivesse vivo, gravaria um vídeo ironizando: O menino errou em quatro; a velha mídia caiu de quatro. Filipe sabe que o domínio ainda exercido pela esquerda na mídia nacional. Não há qualquer exagero na afirmação de que o ideal gramsciano de elevar o esquerdismo em ‘autoridade onipresente e invisível’ foi realizado em nosso país, observa. De todo modo, apesar de ainda enxergar um cenário negativo, é incontestável que as coisas melhoraram muito e que a esquerda hoje não fala mais sozinha.
A professora e escritora paulistana Paula Rosiska, colunista do excelente site Senso Incomum, diz que definitivamente se rasgou o véu do templo, ou seja, o antigo status de detentores da verdade não pertence mais aos artistas, jornalistas e acadêmicos com espaço na velha mídia. Atualmente, os sites de humor político levam muito mais jovens a estudarem história e a questionarem os fatos do que qualquer professor doutrinador. O esquerdista hoje não seduz. É carrancudo, tem aparência descuidada, só fala em clichês que qualquer um nota estarem longe da realidade. A vitória acachapante do Dória em São Paulo e mesmo do Crivella no Rio comprovam que os artistas e a imprensa não elegem mais ninguém.
O advogado Taiguara Fernandes de Sousa tem sido um dos mais ativos críticos do discurso hegemônico da grande mídia, sobretudo no campo jurídico, que é a sua especialidade. As redes sociais deram voz a quem não tinha e criaram meios alternativos de difusão de informação. Acompanho essa mudança desde o antigo Orkut e o surgimento do Blogger. Comunidades eram canais onde se podia discutir e contestar notícias; nos blogs, qualquer um poderia trazer uma notícia de outra fonte, escrever suas próprias análises, dar uma visão diversa. O True Outspeak, programa de rádio virtual de Olavo de Carvalho, formou toda uma geração mostrando o outro lado da notícia; eu descobri todo um mundo ali. Com o surgimento do Twitter e do Facebook, a velocidade de informação e de conferência de notícias passou a ser outra. No Facebook, as potencialidades só aumentaram: qualquer um, num perfil ou página, podia dar uma versão diversa da mídia oficial e ser, talvez, mais compartilhado que ela mesma. Com o advento dos smartphones, então, tudo ficou mais fácil e rápido. Tive exemplo claro disso em 2015 e 2016, anos nos quais acompanhei as manifestações, a Lava Jato e o impeachment com o celular na mão, escrevendo análises das ruas, do sofá, de onde fosse necessário.
A revolução das redes sociais fez ruir o monopólio da mídia dos grandes centros e feriu de morte a hegemonia esquerdista no debate político. Abriu espaço para novos mitos, figuras legendárias como o carioca Alexandre Archer, um dos mais afiados zuêros do Facebook e do Twitter, que diariamente combina doses pequenas, mas letais, de ironia e independência na avaliação das notícias e do ambiente cultural. Ele comemora o fim da dominação socialista na comunicação. E sentencia: Já tínhamos razão, agora também temos voz. Ninguém segura. Mas é claro que ainda demora um pouco até que a capilaridade da nossa narrativa seja plena. Tenho visto o choro da esquerda. Está bonito.
Para não dizer que só falei da direita, ouvi dois amigos escritores, ambos londrinenses, que costumo acompanhar nas redes sociais, mesmo que nem sempre concorde com suas opiniões. O humorista e escritor Marcio Américo diz que realmente existiu um domínio da esquerda nos debates ao longo dos anos 70 e 80. Nunca se debateu tanto como naquela época. Mas o fato é que havia uma ditadura de esquerda, não havia nos meios que eu frequentava alguém assumidamente de direita, daí que as pautas eram repetitivas e óbvias. Mas Márcio não compartilha do otimismo com as redes sociais na atualidade: Tanto a esquerda quanto a direita ainda ostentam uma retórica de ódio, intolerância e acima de tudo incompreensão. Meu conselho para quem quer debater política: afaste-se das redes sociais.
O médico e escritor Marco Antonio Fabiani vê vantagens no uso das redes sociais para o debate político. Em princípio, todo debate que se amplia é bom. E a rede não é uma plataforma neutra, pode-se fazer bom ou mau uso dela. Embora muitas vezes a qualidade do debate caia muito, considero melhor que as pessoas expressem suas opiniões, mesmo que choquem, do que elas carregarem isso consigo mesmas. Fabiani, assim como Marcio Américo, é frontalmente contrário a qualquer tipo de censura e controle de conteúdo na internet. Com todas as ressalvas, as redes são um bom espaço de debate. Censura seria a pior coisa, diz o médico-escritor.
E, no entanto, o fantasma da censura paira sobre a internet. Governos e poderosos grupos de pressão se mobilizam que o Google, o Facebook e o Twitter exerçam maior controle sobre o que eu e você falamos nas redes sociais. Querem tratar os usuários da internet como bebês incapazes de discernir a mão direita da mão esquerda, e entregar o controle das informações a veículos da grande mídia que nunca hesitaram em emplacar narrativas que possam contribuir com as pautas prediletas da esquerda, analisa Filipe G. Martins. Em outras palavras, os mandachuvas da mídia mundial, desesperados com suas derrotas em 2016, querem impor sobre nossos posts um controle digno de um romance de George Orwell.
Não curti isso. Francis e Nelson também não curtiriam. (Paulo Briguet)

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