2 de nov. de 2016

Um dia a relembrar.

• Governo ficará com R$ 38,5 bilhões oriundos da repatriação. Renan diz que vai apresentar projeto para permitir repatriação em 2017. Congresso quer parentes de políticos em repatriação. Outra novidade seria a elevação do valor da multa, que iria para 17,5%. Estados vão dividir cerca de 10% do arrecadado com a repatriação. 
• Justiça bloqueia R$ 146,5 mi para pagar servidores. Desde o agravamento da crise no Estado, esta é a 1ª vez que funcionários do Judiciário não recebem em dia. 
No momento em que o governo corta na carne, elimina a necessidade de aumentar impostos. (Henrique Meirelles) 
• Para 57% dos brasileiros, bandido bom é bandido morto, diz Datafolha. 
• A oitava Vara de Fazenda Pública da Capital manteve a decisão que obriga o município do Rio a climatizar toda a frota de ônibus até o fim de 2016. O juiz ainda ratificou a multa de R$ 20 mil por ônibus não refrigerado.
• Mostra diz aumento de 69,6% nos casos de roubos a pedestres em setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2015. Segundo a pesquisa, foram 4.760 casos registrados contra 8.072. De acordo com o ISP, houve ainda um crescimento de 66,7% em assaltos dentro de ônibus: no ano passado, o instituto contabilizou 793 casos. Já em setembro deste ano, foram 1.322 registros. 
• Do ostracismo: Quem gosta de fazer política é a elite, diz Lula. Declaração do ex-presidente vem depois de três dias da derrota histórica do PT nas eleições; sigla perdeu a administração de 60,2% prefeituras no País.
• Nós arcaremos com mais isso na penúria do país. Reforma dos apartamentos da Câmara nos custarão R$ 310 milhões. Pagaremos também mobília e decoração dos imóveis dos deputados. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, deu seguimento às obras do antecessor, Eduardo Cunha, incluindo a reforma de 432 apartamentos funcionais, que já custaram aos cofres públicos mais de R$ 120 milhões. No total, reforma de 18 blocos de apartamentos. Apartamento padrão para deputados, mantidos pela Câmara, tem em média 250 metros quadrados, duas salas, 4 suítes, escritório etc. 
• Sabe aqueles 16 mil beneficiários do Bolsa Família que, segundo o TSE, fizeram doações para as eleições deste ano? O Ministério do Desenvolvimento Social está convocando 13 mil deles, que tiveram os repasses bloqueados em outubro, para atualização cadastral
• Querem mais... Em meio ao corte de gastos proposto pelo governo, os 81 senadores vão ganhar novos televisores para seus gabinetes até o fim do ano. Isso porque o Senado Federal lançou pregão eletrônico para comprar intactos 220 aparelhos de TV. E com algumas condições: têm que ser LED e Full HD com conversor digital. O total da compra aos cofres públicos será de R$ 681 mil. As TVs, conforme a licitação, devem ser de 40 a 43 polegadas e de 55 a 60 polegadas. 
• Cunha manda recados ao governo e ameaça fazer delação para proteger família. Segundo jornal, o Palácio do Planalto recebeu ameaças do ex-deputado através de recados enviados a aliados no Congresso e a ministros do STJ. 
• Marcelo Odebrecht faz acordo com a Lava Jato e sairá da cadeia em 2017. Na negociação, por meio de delação premiada, ficou acertado que a pena total dele será de 10 anos, sendo apenas 2 anos e meio em regime fechado. 
• Se a cláusula da barreira já estivesse valendo nestas eleições muitos partidos seriam atingidos. Somente nove partidos dos 35 existentes cumpririam os requisitos propostos. São eles, PSDB, PMDB, PSB, PT, PSD, PDT, PP, DEM, e PR. Ficariam de fora partidos tradicionais como PCdoB, PPS e PV. (OGlobo) 
• TCU vai investigar 19,5 mil pensões de filhas de funcionários públicos. 
• O ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado Delcídio Amaral afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que o Antonio Palocci era o software, que pensava os projetos do governo em benefício do PT e que os ex-tesoureiros João Vaccari Neto, do partido, José Di Fillipi, das campanhas presidenciais de 2010 e 2014, eram o hardware, que executavam a arrecadação de propina com empresas beneficiadas no governo. 
• Pacote anticorrupção da Câmara vai abrir margem para anistia a caixa 2. Mudança no texto original prevê penalização apenas de crimes cometidos em campanhas eleitorais realizadas após a aprovação da lei; proposta também deve excluir uso de provas ilícitas em processos. 
• Reinvindicação estudantil ou manobras políticas? Invasões de escolas obrigarão alunos a fazer Enem com presos. Invasões prejudicam 95 mil alunos, que farão exame com presos. Minas lidera dano a estudantes por adiamento do Enem após invasões. Com escolas ocupadas Prova do Enem será adiada para 191,4 mil participantes no país. Provas não serão aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro nas escolas ocupadas por estudantes. 
• Após proibição pelo STF, Comissão do Senado aprova projeto que torna vaquejada patrimônio cultural. 
• Será um rombo? Pastores evangélicos reclamam da crise: fiéis não pagam o dízimo como antes. Na terra do Crivella Há pastores evangélicos reclamando da crise. Dizem que os fiéis não estão pagando o dízimo com a mesma regularidade de antes. Já tem até igreja fechando na Zona Oeste do Rio. (Ancelmo Gois) 
• O deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) revela-se um adversário caprichoso. Há tempos acalenta o desejo de retornar à Câmara carregado pelos votos do eleitorado paulista. Informou a familiares e correligionários que o anseio se converteu em decisão. Mudará oportunamente seu domicílio eleitoral do Rio para São Paulo, berço político do petismo. E tentará a sorte nas urnas de 2018. 
• Os lixões voltaram a ser mostrados pelo país, mormente em São Paulo pelo Bom Dia Brasil. Tratamentos existem, mas isso é exigir demais das otoridades
• Após 63 anos na cadeia, preso recusa liberdade nos EUA. Joseph Ligon foi preso aos 15 anos, acusado de ter matado dois homens em 1953 na cidade que fica no estado americano da Pensilvânia. 
• Trump à frente em pesquisa acirra a reta final de eleição. Analistas alertam que apenas uma sondagem não serve de parâmetro no pleito; Diz NYT: FBI segurou casos ligados a Hillary e Trump durante eleição; Eleitores de Hillary esfriam e Trump a ultrapassa em 1 ponto, diz pesquisa. 
• Portugal amplia relações com Brasil, diz primeiro-ministro. António Costa afirmou que as reuniões bilaterais envolvendo autoridades brasileiras e portuguesas estavam suspensas havia cerca de três anos. 
• Forças do Iraque avançam sobre cidade onde Estado Islâmico teria executado prisioneiros. 

A tribo debandou.
Um leitor me recorda que, há anos, sugeri nesta coluna que o Brasil instituísse o recall eleitoral. Ou seja, que, em qualquer momento, os eleitores pudessem pedir de volta os votos que haviam dado a um candidato e o ajudado a se eleger. Se esse recall fosse significativo, o governante deveria devolver o mandato, pegar o boné e retirar-se da cena política.
A ideia revelou-se impraticável, mas parece que, sem bagunçar o calendário, o Brasil fez algo do gênero nessas últimas eleições. Pediu de volta os votos que havia confiado a muita gente e os depositou na conta de outros políticos, alguns dos quais mal tinham entrado na história. Ou apenas os jogou no lixo.
O maior rombo foi no PT. Teve de devolver toneladas de votos, perdeu dois terços das prefeituras que comandava, entre as quais as de todas as grandes cidades e as do ex-cinturão vermelho, o ABCD paulista, e caiu do terceiro para o décimo lugar entre os partidos - rumo à zona do rebaixamento. E sempre que suas figurinhas carimbadas, Lula e Dilma, subiram ao palanque de um candidato para apoiá-lo, este batia na madeira e via os seus votos baterem asas rumo ao adversário.
No caso de Lula, parece um recall a priori. É como se o eleitorado já estivesse lhe retirando, às mancheias, os votos de que ele se gabava para 2018 - resta ver se lhe sobrará algum. E Dilma, cujos 54 milhões de votos em 2014 foram martelados à náusea por sua tropa de choque no Senado, pode hoje, cassada, pedalar sua desimportância por Rio e Porto Alegre - ninguém a afaga, ninguém a hostiliza.
Mas não somente o PT saiu desidratado. Todos os caciques regionais - Aécio Neves em Minas Gerais, José Sarney no Maranhão, Renan Calheiros em Alagoas, a família Campos em Pernambuco - perderam índios em massa. Cada índio, um voto. A tribo debandou. (Ruy Castro) 

Um enigma, um mistério e uma charada.
Dos 513 deputados federais, quantos perderão o direito de candidatar-se à reeleição em 2018, incluídos no rol dos ficha suja? Quantos senadores, dos 61? Que partidos fornecerão maior número de proscritos: PT, PMDB ou PP?
Poucas dúvidas existem a respeito de tratar-se da maior renovação parlamentar das últimas décadas na Câmara e no Senado. Acresce que a cláusula de barreira, agora uma certeza, também contribuirá para sensíveis mudanças, junto com a proibição de doações de empresas para as campanhas eleitorais.
Vale prestar atenção nesses números, que não demora serão conhecidos. Cálculos sem confirmação dão conta de que com a obrigação de apresentarem 2% de votos válidos em todo o país, distribuídos por pelo menos 14 estados, dos 35 partidos hoje funcionando, apenas 9 sobreviveriam. É claro que o Senado, hoje debruçado na questão, cuida de dar um jeitinho nesses percentuais. Se não conseguir, a Câmara cuidará, apesar de 9 ser uma conta exagerada.
O importante, porém, é saber o grau de renovação de deputados federais e senadores, com ênfase para os atuais que estarão impedidos de concorrer. Trata-se de um enigma dentro de um mistério, envolto por uma charada. Os novos congressistas serão mais novos ou mais velhos? Admitindo-se 9 partidos, parece que os dois primeiros serão PMDB e PSDB, desconhecida ainda a pole-position, mas o PT conseguirá emplacar? Quanto aos demais, existirão os de aluguel? Algum histórico?
Por último, outra dúvida: dos prefeitos de capital hoje todos conhecidos, todos cumprirão seus mandatos de quatro anos? Quantos disputarão os governos estaduais? E a presidência da República, só dois? (Carlos Chagas) 

Ana Júlia, a menina saída de um molde.
Assisti ao vídeo em que essa menina, falando aos deputados estaduais do Paraná, discorre sobre os motivos das atuais invasões. Seu discurso é a síntese do que ensinam os fazedores de cabeça. Obviamente, ela não acessa o meu ou qualquer dos blogs que defendem ideias conservadoras ou liberais. Sua relação com o contraditório se exerce pela mera aplicação de rótulos. Os adjetivos que dispara - golpista, fascista, machista, homofóbico, racista - abastecem seu vocabulário como os únicos cabíveis a quem diverge do que lhe foi ensinado.
Ela diz que não a doutrinaram e que essa acusação é um insulto. De fato, ela não foi doutrinada, mas não pelas razões que afirma. O que fizeram com ela foi ocultação do contraditório e escamoteação de outros pontos de vista, como observou Olavo de Carvalho ao discorrer sobre o muito conhecimento e tempo necessários a uma efetiva doutrinação. Isso fica claro quando Ana Júlia fala emocionada sobre o quanto aprende a respeito do Brasil e da política nos dias de invasão. Ora, durante esse período supostamente pedagógico ela convive somente com outros invasores e com os professores que os pastoreiam. Participa, pois, de um desses eventos dos quais companheiros e camaradas emergem com fulgores de profetas que ouviram a voz do Senhor. Mas é apenas a própria voz que escutam.
A luz dessa sabedoria não remove escamas dos olhos. Por isso, a mocinha afirma que a escola pertence aos estudantes e daí deduz, sem esclarecer a relação entre causa e efeito, que o grupo ao qual pertence pode destituir dessa alegada posse todos os que pensam diferente e querem aula. E quem não entendeu algo tão obscuro é homofóbico, machista, fascista, bobo e feio. Ora, nem a escola é dos alunos, dado que pertence à comunidade, nem pode, qualquer fração ou facção dispor dela como bem quiser. Pretender que assim seja, para usar uma palavra da qual a oradora usa e abusa, insulta a Constituição e a inteligência de quem a ouve. 
Li que o pai da adolescente seria vinculado ao PT. Ele tem todo direito de orientar sua filha como quiser, embora esse direito não prescinda de uma conduta respeitosa em relação à liberdade dela. Já à sua escola e aos seus professores não é dado esse direito! Vem daí a Escola sem Partido. O discurso da mocinha reforça a necessidade do projeto. Ela quer escola com partido, para reproduzir o que aprendeu. Essa é uma escola que permite ser capturada, que fecha suas portas aos demais alunos, professores e famílias, em nome dos objetivos políticos que lhe prescreveram. Nem mesmo uma eleição de segundo turno para prefeito será mais relevante e democrática que a tomada do prédio por seu aparelhinho pedagógico.
O jornalista Alexandre Garcia, em recente comentário, sugeriu que cada invasor de escola indicasse, em redação de 20 linhas, suas reivindicações. Pois é, seria bom mesmo ler esses textos. Sucessivos exames do ENEM e indicadores internacionais têm mostrado o rés do chão por onde se arrastam as redações de nossos estudantes. Dezenas de milhares de professores têm testemunhos a dar sobre o desinteresse e a indisciplina dos alunos, mais dedicados a gozar o presente do que a construir o futuro. Empenhados em bagunçar a escola e a aula para, supostamente, dar um jeito o mundo. Ademais, tais redações iriam revelar o caráter orquestrado e unitário dessas invasões. 
O discurso, que já conta 400 mil acessos no YouTube, é a voz de todos os invasores. A menina parece, como tantos outros, saída de um molde. Crê que a discordância autoriza a grosseria e a causa justifica a desonestidade intelectual. Permite-se - suprema desfaçatez - jogar no colo dos deputados o cadáver do estudante morto a facadas por um colega, após uso de drogas, no interior de uma escola ocupada! Suas mãos estão sujas de sangue, esguichou ela sobre os parlamentares, como se fizesse acusação plausível e não promovesse evidente transferência de responsabilidades. 
A simpatia pela militantezinha e sua causa, expressa em veículos de comunicação, é - para falar como ela - um insulto ao público. Quem disse que a tolerância é sempre virtuosa? (Percival Puggina, arquiteto, empresário e escritor) 
A ditadura perfeita terá as aparências de uma democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. (Aldous Huxley)

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