5 de out. de 2016

Acreditar que coisas mudarão...

 photo listaodebrecht_zps7yaymrcu.jpgSe PEC não for aprovada, virá o Dia do Juízo Final. Relator da proposta usou tom alarmista ao apresentar parecer e disse que economia corre risco de colapso; PEC do Teto prevê até congelar salários de servidores públicos. Se limite de gastos for descumprido, salário mínimo também entra na mira, ficando sem reajuste real. 
• Greve dos bancários faz 30 dias com nova rodada de negociação. Categoria pede reposição da inflação mais 5% de aumento real. 
• STF retoma nesta quarta julgamento sobre prisão após segunda instância. 
• TCU julga contas de Dilma de 2015 e tendência é reprová-las. 
• Pedidos de falência batem recorde em setembro, diz Serasa. Segundo pesquisa, 244 empresas foram afetadas no mês. 
• Supremo nega pedido da defesa de Lula para retirar Moro de investigação. Decisão confirma liminar de Teori; ex-presidente alega que juiz usurpa a competência do STF. 
• Braskem vai negociar delação premiada nos EUA e Brasil. Empresa diz buscar acordos e deve citar Antonio Palocci como beneficiário. 
• A denúncia de Teori Zavascki contra os procuradores da Lava Jato não teve PowerPoint, mas foi um verdadeiro espetáculo midiático. Ele só não tirou de Curitiba os inquéritos contra Lula porque conhece o teor dos depoimentos dos delatores da Odebrecht e sabe que o Amigo está morto. 
• Em carta aberta, intelectuais criticam Marina Silva e abandonam Rede Sustentabilidade desfiliam-se da sigla alegando vazio de posicionamento político. Sete membros do diretório nacional do partido anunciam saída por não concordar com autoritarismo da ex-senadora com relação a temas-chave como o apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff; Rede anunciará apoio a Marcelo Freixo nesta quarta-feira. 
• Fundos de pensão e investidores pedem R$ 9,3 bi de ressarcimento a bancos. 
• A Odebrecht continua no vermelho. Para se livrar da Lava Jato, a Odebrecht pagará multa acima de 7 bilhões de reais, informa o Valor. Ela será parcelada em 15 anos ou mais. O acordo de leniência com a PGR está praticamente fechado. 
• MEC já trabalha com aplicação da reforma do ensino só em 2019. A reformulação é algo que demora e vai exigir muito de cada Estado, diz secretária-executiva. 
• Operação da PF mira no governador petista da Bahia e dois ex-ministros. Hidra de Lerna apura financiamento ilegal de campanhas e fraudes em licitações das Cidades. 
• Goleada histórica: Cerca de 66,8 milhões de brasileiros votaram em golpistas. PT teve 6,8 milhões de votos, adversários somaram 67 milhões. 
• Cai o número de prefeitas eleitas em todo o país. Das 5.506 prefeituras com resultado definido, apenas 637 (11,6%) serão comandadas por mulheres. Em 2012, 664 candidatas venceram a disputa em primeiro turno. Elas venceram mais em estados do Norte e Nordeste e enfrentaram mais resistência no Sul e no Sudeste. 
• Dos 85 deputados e senadores que concorreram a prefeito ou vice neste domingo, só dez se elegeram e 19 passaram ao segundo turno. Índice de insucesso, de 64%, supera o registrado na eleição de 2012. 
• Cunha agora é de Moro. Bicho vai pegar: Zavascki entrega caso Eduardo Cunha a Sérgio Moro. Após perder foro privilegiado, Cunha cai no colo de Curitiba. 
Exportações de petróleo do País cresceram mais de 20% no terceiro trimestre. Foi só despetizarem a empresa que ela cresceu, presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. 
• A Odebrecht vai delatar o esquema de Lula nas obras do estádio do Corinthians. O relatório da PF sobre o Amigo reproduz uma mensagem da empreiteira sobre o assunto. O delegado que analisou os documentos disse não saber quem é AS, citado no e-mail. Mas é claro que se trata de Andrés Sanchez, o presidente do Corinthians. 
• Produção da indústria cai e freia sequência de recuperação. Queda ocorre após cinco meses seguidos de expansão em ritmo lento. 
• Corrupção na Petrobras: STF abre quarto inquérito para investigar Valdir Raupp na Lava Jato. Nova investigação se baseia na delação de Fernando Baiano. 
• Propaganda eleitoral no rádio e na TV deve ser retomada até dia 15. Segunda rodada das eleições municipais deve ocorrer em 55 cidades brasileiras no próximo dia 30. 
• Investigação de 2011 sobre Palocci é arquivada. Parte de apuração que tinha como alvo empresa de consultoria foi encerrada. 
• Mais de 50% das escolas têm piora na nota no Enem de 2015. Nove em cada dez colégios públicos tiveram desempenho inferior à média. 
• Um município da Paraíba vive a insólita situação de eleger um vereador presidiário. Catolé do Rocha, município de 29 mil habitantes, localizado a 430 km de João Pessoa, elegeu Bira Rocha (PPS), preso desde maio pelos crimes de pistolagem, tráfico de drogas e violência doméstica. Como a prisão dele é preventiva, e não houve condenação por órgão colegiado, Bira escapou de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa; Presidente do TSE espera que não se confirme eleição de bandido. Gilmar Mendes espera que prisão definitiva impeça o absurdo.
• Janot denuncia em esquema ligado a Eduardo Campos. Fernando Bezerra e Eduardo Henrique Accioly Campos solicitaram e aceitaram promessa, com vontade livre e consciente e unidade de desígnios de vantagens indevidas no total de cerca de R$ 20 milhões cada das empreiteiras, diz trecho da denúncia. 

• Sobrinho é suspeito de matar casal e filhos na Espanha. Jovem nega crime; família foi morta e esquartejada. Juiz espanhol ordena detenção de suspeito por assassinato de brasileiros. Corpos foram achados esquartejados; suposto assassino teria saído do país 2 dias após o crime.
• Com ventos de mais de 200 km, Furacão atinge Cuba depois deixar mortos no Haiti e Rep. Dominicana. EUA se prepara para a chegada do fenômeno natural. 
• Para FMI, fatores políticos no cenário global podem prolongar crise. Protecionismo, expresso no Brexit e na campanha eleitoral nos EUA, tende a dificultar o crescimento. 
• Após colombianos rejeitarem acordo de paz, ex-presidente Uribe terá papel decisivo na discussão. 
• Aval da União Europeia tira do papel acordo do clima. Parlamento do bloco aprova Acordo de Paris, que prevê redução de poluentes. 
• Bill Clinton critica reforma da saúde feita por Obama. Ex-presidente democrata diz que o programa é a coisa mais doida do mundo'. 
• Brasil terá 8º maior PIB em 2017, prevê FMI. Com crescimento previsto para o ano que vem, economia passará a da Itália. 

Uma lição dos bombeiros.
Somados, os votos em branco, os nulos, as abstenções e as ausências chegaram à metade do eleitorado. Recado maior as urnas não poderiam ter dado. Importa menos se a pergunta não foi feita pelos institutos de pesquisa eleitoral, porque estava no ar que a gente respira: a rejeição nacional ao sistema político vigente, ou melhor, aos políticos. E agora?
Foi-se com o vento a suposição de que o povo não está preparado para votar. Está, sim senhor. Tanto que nas próximas eleições parece inevitável assistir a maioria dando as costas à farsa encenada pela minoria.
O Brasil real está prestes a despedir-se do Brasil formal. Em dois anos o não-voto irá superar o voto que algum candidato a presidente da República vier a ostentar como vencedor.
Tem saída? Várias, inclusive as amargas, sendo a pior delas deixar tudo como está. Fingir que nada aconteceu ou pretender que as instituições atuais nos bastam.
Muitos supõem uma nova Constituição ou uma amplíssima reforma na atual. Não vai dar, se os personagens forem os mesmos.
Não só os bombeiros ensinam que fogo se combate com fogo. Democracia também pode ser consertada com democracia. Por que não promover eleições gerais, em todos os níveis? Talvez os ausentes de domingo passado se animassem a comparecer, desde que se estabelecesse que ninguém, mas ninguém mesmo, pudesse recandidatar-se. Sem reeleições municipais, estaduais e federais. Seria um risco, é claro, mas pior não ficaria. (Carlos Chagas) 

Eleição enterra o golpe.
Para o governo, derrota do PT é derrota da tese do golpe e do Fora, Temer.
Amanhã, três dias depois do primeiro turno da eleição municipal, o presidente Michel Temer cumprirá uma agenda discreta, mas cheia de significados: vai ao Supremo Tribunal Federal pouco antes das 14 horas, quando são abertas as sessões, para uma cerimônia sóbria e rápida em homenagem à Constituição de 1988, que completa 28 anos.
Como político experiente, três vezes presidente da Câmara, Temer tem o lombo curtido, suporta bem os ataques e costuma ter respostas curtas e diretas para elas. Mas, além de político, ele é professor de Direito Constitucional e, se algo o tira do sério, é a acusação recorrente da oposição e dos movimentos petistas de que o impeachment foi golpe e ele é golpista. A ida ao Supremo amanhã, portanto, será um ato de fé, uma reverência à Constituição.
Na avaliação governista, o pior do discurso do golpe, do golpista e do Fora, Temer passou junto com o primeiro turno, que não apenas ratificou o pleno funcionamento da democracia brasileira como deu a vitória a partidos da base de Temer - PSDB, PSD e PSB, por exemplo -, e imprimiu uma derrota acachapante aos que insistem nessas palavras de ordem e são os alvos mais vistosos da Lava Jato.
O PT perdeu a joia da coroa, São Paulo, perdeu os anéis em Belo Horizonte e perdeu os dedos no Rio, onde nem sequer apresentou candidato. Também não deslanchou em Salvador, acabou em terceiro em Porto Alegre, fez feio em praticamente todo o Nordeste, viu escorregar das mãos quase 60% das atuais prefeituras e ficou abaixo de 20% no País inteiro. As raras exceções foram Rio Branco, onde venceu no primeiro turno, e Recife, onde disputa o segundo contra o PSB.
Quem ainda perdeu tempo falando em golpe e apresentando-se como candidato do Fora, Temer foi Marcelo Freixo, do PSOL, ora, ora, do Rio, onde a elite endinheirada acha chiquérrimo se dizer de esquerda e conseguiu a proeza de um segundo turno entre dois extremos: um senador da Igreja Universal do Reino de Deus e um deputado estadual do PSOL que é professor, um cara bacana, de um partido cheio de boas intenções, mas... terá competência, conhecimento, experiência para driblar uma crise monumental?
O Rio não é só o bunker da tese do golpe, mas também um exemplo da crise econômica, a crise Dilma Rousseff, do estatismo e da folha de pagamentos impagável. Eduardo Paes, do PMDB, governou a cidade na Copa e na Olimpíada, deixa museus, uma melhor mobilidade urbana, um centro restaurado e equipamentos esportivos de ponta, mas sai com a popularidade baixa e não fez o sucessor. Aliás, nem emplacou Pedro Paulo no segundo turno. 
Como a política é campo fértil para teorias conspiratórias, comenta-se em Brasília que não fazia sentido Paes insistir em um candidato acusado de bater em mulher e que, talvez, maquiavelicamente, ele quisesse sair de fininho, deixando uma bomba para explodir nas mãos de adversários como os dois Marcelos, Crivela e Freixo. Nessa análise, seja quem for o eleito no dia 30, as contas e o próprio Rio vão fatalmente explodir...
Raramente uma eleição municipal deixou tantas lições: a gritaria do golpe já deu o que tinha de dar, a crise engoliu atuais (Lula à frente) e futuros líderes petistas (Haddad, Fernando Pimentel, Jaques Wagner...), o PSDB é o principal beneficiário do desastre do PT e Geraldo Alckmin larga na frente para 2018, mas o grande vitorioso foram a abstenção e os votos branco e nulo. 
Por fim, o perfil que emerge para 2018 é de empresário que se diz não político. Com a vitória espetacular de João Doria, deixou de ser crime, pecado e impopular ser rico. Lula até já poderia comprar triplex e sítio sem enganar ninguém e sem medo de perder a aura de pobre e de homem do povo. Agora, porém, é tarde demais. (Eliane Cantanhêde)

Não seja pai, seja padrasto, Temer.
De acordo com uma pesquisa do Ibope divulgada hoje, 68% dos brasileiros não confiam em Michel Temer.
Eu acho que esse é um ótimo capital para o presidente, desde que ele não queira ganhar concurso de popularidade - e o maior desses concursos é a sua própria eleição em 2018.
A falta de confiança dos brasileiros dá liberdade a Temer para empenhar-se na realização das três reformas vitais para o Brasil: a que limitará os gastos públicos, a que eliminará o déficit na previdência e a que diminuirá os encargos trabalhistas que dificultam a criação de empregos. Os brasileiros de hoje vão odiá-lo ainda mais por causa disso, vão dizer que ele é, de fato, nada confiável, mas as gerações futuras lhe serão gratas.
O país não precisa de um papai bonzinho na Presidência da República.
Precisa de um padrasto mau, que chute o traseiro dos seus enteados e os acorde para a realidade. A realidade é que o governo não produz riqueza, não pode gastar mais do que arrecada e precisa diminuir de tamanho.
O escritor francês Honoré de Balzac escreveu que chega um momento na vida íntima das famílias no qual os filhos se tornam, voluntária ou involuntariamente, os juízes dos seus pais.
Danem-se os filhos desta pátria tão lascada porque irrealista. Vamos aos netos, Temer. (Mario Sabino) 

Eleições: a festa da hipocrisia.
Não quero uma democracia que rime com hipocrisia: que país é este em que o dever compulsório do voto se sobrepõe ao pseudodireito do cidadão decidir se quer ou não participar do pleito?
Que democracia é esta em que existe o chamado coeficiente eleitoral, que faz com que aqueles que conquistam mais votos não sejam necessariamente os eleitos?
Que liberdade de escolha é esta em que o programa eleitoral é... obrigatório?
Que estrutura política é esta em que os partidos se aliam nos mais variados lugares, e pelos mais diferentes motivos, menos os ideológicos?/ Que candidatos são estes que tanto sorriem na TV, onde têm a enorme capacidade de apresentar programas perfeitos, mas, quando eleitos, se notabilizam pela inigualável competência de frustrar todas as expectativas?
Já passou a hora de o gigante adormecido não apenas sonhar, mas exigir o mínimo de ordem e obter o máximo de progresso. E que brilhe o céu da pátria a todo instante! (Mauro Wainstock, jornalista) 

Qual a estratégia de Assad e da Rússia em Aleppo?
O regime de Bashar al Assad, com o apoio da Rússia, tem o objetivo de unificar a cidade de Aleppo. Desta forma, o governo sírio teria o controle de toda a chamada Síria Útil. Basicamente, a Síria Eultil começa em Daara, na fronteira com a Jordânia, passa por Damasco e inclui toda a faixa territorial até Aleppo, incluindo Homs e Hama, e a costa mediterrânea, além da fronteira com o Líbano.
Regiões como Raqqa, na fronteira com o Iraque, e as áreas curdas na fronteira com a Turquia têm pouca importância. E o deserto tampouco é vital para a sobrevivência do regime. Isto é, o objetivo de Assad seria ficar como a Colômbia dos anos 1990, com o controle parcial ou total dos centros urbanos, mas não das regiões rurais.
E por que tantos ataques neste momento? A intensificação das ações em Aleppo ocorrem para que o regime consiga unificar a cidade antes de um novo presidente assumir o poder nos EUA. O regime de Assad sabe que Hillary Clinton é bem mais intervencionista do que o presidente Barack Obama. Donald Trump, por sua vez, nunca foi muito claro na sua política para a Síria, embora costume elogiar Putin.
Com toda a Síria Útil em suas mãos, Assad, apoiado pelos russos, terá um maior poder de barganha com quem estiver na Casa Branca em 2017. E tentará convencer Hillary ou Trump de que não há como derrubar o regime em Damasco no curto e médio prazo - Obama já foi convencido. A única alternativa seria se focar no combate à Frente de Conquista do Levante (antiga Frente Nusrah, a Al Qaeda na Síria) e no ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. (Gustavo Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia) 
Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta. (John Galbraith)

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