18 de set. de 2016

O Muda Brasil está difícil...

• Estado sob risco de calote em 13º e duas folhas salariais. Rio de Janeiro está prestes a viver três meses mais difíceis da sua história. 
• Chapa Dilma-Temer de 2014 deverá ser julgada pelo TSE no ano que vem. 
• Temer discutirá reforma com sindicalistas na quinta-feira. 
• Denúncia contra Lula usa dados de delação cancelada. Suposto elo entre tríplex e desvios na Petrobras consta só nas tratativas do empreiteiro Léo Pinheiro com a Lava Jato. (Mario Cesar Carvalho) 
• PT teme desdobramentos da Lava Jato, afirma senador Paulo Bauer. Petistas tentam atacam operação por temê-la, diz líder do PSDB. 
• Em NY, Temer ficará em hotel pago por Dilma. Petista deixou crédito de US$ 60 mil após desistência em abril deste ano. 
• O PT apoia oficialmente nada menos do que 648 candidatos a prefeito do PMDB em todo o Brasil. É, aliás, líder na adesão a coligações encabeçadas pelos peemedebistas, segundo levantamento do Núcleo de Dados de O Globo.
• Petrobras acelera venda de ativos e busca sócios. Novo plano de negócios vai enfatizar corte do endividamento, de US$ 103,5 bi. 
• Dora Kramer lembra como o Feira tratou o personagem Lula: João Santana captou de forma certeira a essência de Luiz Inácio Lula da Silva quando contou como explorou para efeito de propaganda política a dupla personalidade do personagem: o fortão e o fraquinho. Ambos viventes do mesmo corpo entram em cena de acordo com a necessidade (...) O forte atua para intimidar e se vangloriar; o fraco para fazer-se de mártir. Foi o Lula fraquinho que entrou em cena para zombar do Ministério Público depois de ser denuciando. Diante de Sergio Moro, haverá um só Lula: o réu. 
• Dirigente brasileiro critica China e Ucrânia. Chefe do comitê nacional diz que países esconderam atletas de eventos. 

• Ataque dos EUA em bombardeio mata dezenas de militares sírios. EUA dizem que ataque que matou 80 em pleno cessar-fogo na Síria foi acidental. 
• Papa se reunirá com outros líderes religiosos e pede a todos orações pela paz. Papa diz que corrupção gera pobreza, exploração e sofrimento. 
• Chefe da Opep diz que pode convocar reunião extraordinária durante encontro na Argélia. 
• Forte explosão deixa ao menos 29 feridos no centro de NY. Ato foi intencional, mas não há indicação de terrorismo, afirma prefeito; Bomba provocou explosão em NY; não há conexão com terrorismo internacional; Governador de Nova York diz que explosão foi ato de terrorismo; Explosivo encontrado em Nova York é igual ao do atentado à Maratona de Boston. Segundo dispositivo encontrado na mesma região em que uma explosão deixou ao menos 29 feridos é semelhante ao usado pelos irmãos Tsarnaev em 2013. 
• Temor ronda campo de refugiados em Calais, na França. Governo pretende desmontar tendas e preocupa organizações humanitárias. 
• Retórica de Trump é contra a Constituição, diz advogado. Pai de militar muçulmano morto no Iraque foi criticado pelo bilionário. 

A estranha relação de FHC com Lula.
O que ele (Lula) diz não vou contestar. Não cabe a mim ficar fazendo comentário sobre o que ele disse ou deixou de dizer. É o momento de ele estar desabafando. Sempre é de se lamentar que uma pessoa com a trajetória do presidente Lula tenha chegado a esse momento de tanta dificuldade.
Não serve para coisa alguma essa declaração de FHC, mas preserva os vínculos que, em 1993, de modo unívoco o uniram a Lula. O inverso, porém, jamais ganhou nitidez. O encontro dos dois líderes políticos brasileiros ficou conhecido como Pacto de Princeton e pretendeu traçar o intercâmbio de dois projetos internacionais de esquerda - o Diálogo Interamericano e o Foro de São Paulo.
Acontece que a história, no ano seguinte, acabou colocando FHC no caminho de Lula. E quando, em qualquer confronto político com petistas, se configura essa situação, começa uma guerra sempre assimétrica. No caso das relações entre FHC e Lula, salvo a exceção que apontarei adiante, tal guerra foi claramente unilateral. Lula atacava e FHC sequer se defendia. Lula rosnava e FHC sorria. Petistas fizeram dos tucanos seus adversários preferidos e o inverso nunca foi muito verdadeiro. Se examinarmos bem o ocorrido durante os mandatos de ambos, veremos que FHC, com Lula na oposição, prestava enorme atenção ao que o PT dizia. Quando a situação se inverteu, viu-se que Lula, diferentemente, se lixava para o próprio partido e para FHC. No caráter unívoco da relação entre ambos percebo esta solitária exceção: em seu primeiro mandato, Lula preservou e até ampliou por algum tempo as principais diretrizes econômicas e sociais do programa tucano.
FHC sempre via Lula e o petismo como subprodutos de seu próprio projeto para o Brasil e para o continente. Há diferenças, por certo, entre ambos. E a maior delas é de natureza psicológica. Lula gostaria de ter sido FHC e este gostaria de ter sido Lula. Aquele nutre indisfarçável sentimento de inferioridade em relação ao tucano. Este se constrange com a própria superioridade intelectual e gostaria de ter sido um líder popular. FHC trocaria tudo pela capacidade agitar as massas num comício de operários do ABC.
Não se surpreenda então, leitor. As relações entre FHC e Lula produziriam excelente conteúdo para um drama recheado de conflitos shakespearianos. Ou para análise de caso num doutorado em psicologia. Por essas diferenças essenciais entre as duas personalidades os tucanos perderam quatro eleições consecutivas para o PT. E FHC jamais se empenhou por seu partido nem deixou de lado, a cada derrota, o sorriso e a bonomia. Agora, Dilma caiu e ele quase emprestou solidariedade. Lula enfrenta a espada da justiça e FHC se manifesta sinceramente penalizado. Se Lula sair da cena política, FHC se sentirá viúvo pela segunda vez. (Percival Puggina, arquiteto, empresário e escritor)
Se o primeiro leilão sair errado, não faremos nem cinco.
Para a advogada Daniella Tavares, especialista em licitações, governo não conseguirá esconder falhas dos estrangeiros.
Se Temer quiser, mesmo, conquistar a confiança dos investidores estrangeiros para que participem do programa de concessões e injetem seus dólares na moribunda economia brasileira, precisará muito mais do que apertar mãos em roadshows pelo mundo.
A chave para abrir esses cofres é a clareza das regras com que serão vendidos ou concedidos ativos da União - e não há margem para levar os gringos na conversa. Nenhum investidor gosta de incerteza. Tudo está muito bonito no papel. O problema é como isso será feito na prática, afirma a advogada Daniella Tavares, sócia do escritório Lobo & De Rizzo e especialista em licitações e infraestrutura.
Com 15 anos de experiência no setor, Daniella aconselha que Temer e sua equipe respondam logo às dúvidas dos investidores. A pior opção é improvisar soluções no primeiro leilão. Veja os principais trechos da conversa com O Financista:
O Financista: Dá para licitar 34 projetos até 2018, como o governo anunciou?
Daniella Tavares: Sinceramente, acho que não. Tomara que não dê tempo. Não dá para fazer tudo na correria, porque não vai sair direito. Hoje, todos os investidores conhecem o país. Tem alguém do outro lado do mundo que sabe tanto ou mais do que eu sobre o Brasil. As pessoas conhecem as incertezas. Se o primeiro projeto der certo, temos uma grande chance de que vejamos uma evolução de interesse internacional e também de preços ofertados pelos projetos seguintes. Agora, se o primeiro der errado, vira uma bola de neve.
O Financista: Então, apesar da pressa do governo para obter dinheiro, é melhor fazer menos, mas bem feito?
Daniella: Sem dúvida. Até porque, há setores regulados no pacote e ainda não se sabe qual será o papel das agências. Se fizer o primeiro leilão corretamente, talvez não alcancemos as 34 licitações, mas podemos chegar a 30. Agora, se o primeiro for errado, não faremos nem cinco.
O Financista: Quais são os pontos mais preocupantes no pacote?
Daniella: Nenhum investidor gosta de incerteza. Tudo está muito bonito no papel. O problema é como isso será feito na prática. A licença prévia vem quando? Quem faz? Isso é sustentável a longo prazo? Ou o governo esclarece esses pontos, ou os investidores vão esperar para ver como serão resolvidos na prática, no primeiro leilão. E esperar para ver sempre é a pior opção, porque só alimenta as incertezas.
O Financista: Como tudo isso repercute entre os investidores estrangeiros?
Daniella: Existe o apetite, mas a angústia é: como o estrangeiro vai investir com toda essa incerteza? Haverá, de fato, segurança jurídica? Eles também olham para as concessões já realizadas, como os aeroportos, e que estão travadas. Seria muito importante o governo sinalizar como será o way-out [termos de saída do investidor] delas. Como se dará uma eventual troca de investidor? Esse será um ponto-chave para que novos investidores decidam vir para o Brasil, porque saberão o que acontecerá, se decidirem sair do negócio.
O Financista: Na prática, nada disso inviabiliza a participação dos estrangeiros, mas eleva a exigência de retorno, o que encarece os serviços à população ou reduz o investimento...
Daniella: Sim. Todo risco tem um valor embutido: uma incerteza ambiental, tributária, política... isso tudo entra na avaliação da viabilidade econômico-financeira do projeto de todos os interessados. Então, em um leilão, se o governo esperava receber R$ 100 milhões, esses riscos podem levar todos os concorrentes a oferecer R$ 50 milhões. É matemático. Quanto menos risco, mais dinheiro será posto nos projetos e mais qualidade nos serviços nós teremos; maior será o retorno do investidor; mais dinheiro entrará na economia e no caixa do governo. (Márcio Juliboni) 

Lula é um homem de visão, não um reles novo-rico.
A montanha pariu um camundongo? No centro do diagrama acusatório dos procuradores da Lava Jato, o nome de Lula aparece como nexo de todas as operações de corrupção abrangidas pelo petrolão. O ex-presidente é o grande general de uma propinocracia, sistema político batizado pelo procurador Deltan Dallagnol. Mas, anticlímax, as acusações cingiram-se aos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, concentrando-se no sítio e tríplex. Se é isso que têm os investigadores -uns poucos milhões, dinheiro de troco para um mero Pedro Barusco- o grande general precisaria ser rebaixado a simplório sargento -e a Lava Jato provaria, uma vez mais, a validade perene do conselho lampedusiano de Tancredi: Para que as coisas permaneçam iguais, tudo deve mudar.
Os procuradores sabem, provavelmente, o que não sabemos -e talvez sigam um roteiro coerente. Mas, nas tramas policiais, uma linha reta é o caminho mais tortuoso entre dois pontos -e, no caso de Lula, a Lava Jato parece hipnotizada pela conexão óbvia entre os singelos presentes patrimoniais oferecidos aos Lula da Silva e a advocacia administrativa prestada pelo ex-presidente à OAS e à Odebrecht. As eventuais provas desses crimes conduziriam Lula a condenações menores. Contudo, soterrariam a incrível história da expansão do capitalismo brasileiro de compadrio na América Latina e na África.
O esquema básico envolvia a associação entre Lula, o governo local e a Odebrecht na contratação de vultosas obras de infraestrutura. Funcionou no Panamá, na Argentina, no Equador, na Venezuela, na República Dominicana, em Cuba, Gana, Angola e Moçambique. O quarto elemento era o Bndes, fonte de financiamentos subsidiados em todos esses países. As palestras de Lula no exterior, sábias exposições da arte de governar, indicariam uma estratégia de remuneração direta, mas não devem ser superestimadas. Um quinto elemento na articulação internacional era João Santana, um publicitário que lava mais branco, responsável por candidaturas governistas em todos os países-alvo, menos Moçambique e, claro, Cuba, onde seus múltiplos serviços especializados são desnecessários.
Com Rexona, sempre há lugar para mais um. A Odebrecht, marca registrada do progresso nacional, foi a principal beneficiária dos financiamentos do Bndes destinados a obras no exterior. Mas empresas igualmente impolutas como a Queiroz Galvão, a Camargo Correa, a Andrade Gutierrez e a OAS ganharam a parte que lhes cabia no extenso latifúndio. A seleção, pelo BNDES, de projetos em países com controles institucionais débeis ou inexistentes evidencia uma das facetas sórdidas da história: no site do banco de investimentos, onde está escrito financiamentos de exportação, o correto seria algo como subsídios para operações internacionais de corrupção.
Angola é o nó mais interessante do tricô geopolítico dos negócios lulistas. As frequentes viagens de Lula ao país africano transferiam credenciais democráticas ao presidente José Eduardo dos Santos, junto com aportes do Bndes de US$ 4 bilhões, valor 36% superior ao do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia para 2015. O ditador angolano, chefe de um regime cleptocrático, governa desde 1979 e deu sumiço na modesta soma de US$ 32 bilhões em rendas petrolíferas pertencentes ao tesouro nacional.
Além de Lula, figura no seu círculo de amigos o ex-premiê português José Sócrates, que clama contra o impeachment de Dilma enquanto aguarda em liberdade provisória seu julgamento por acusações de corrupção já registradas nos autos da Lava Jato.
Lula é um homem de visão, não um reles novo-rico. O diagrama da Lava Jato parece obra de amadores -mas os procuradores que o desenharam são profissionais. Sugiro convidarem Maria Silvia Bastos Marques para a força-tarefa. (Demétrio Magnoli) 
O apego é cheio de parcialidade. O amor e a compaixão são imparciais. (Dalai Lama)

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