11 de ago. de 2016

Olimpíada política é um nunca acaba...

 photo dojornaleua_zpsryrrv9xf.jpg • Inflação sobe e eleva pressão por ajuste. Alimentos foram responsáveis por 70% da inflação em julho; Puxada por alimentos, inflação sobe 0,52% em julho, diz IBGE. Aumento do leite e do feijão foram os principais impactos; em 12 meses, IPCA acumula alta de 8,74. 
• Para analistas, balanço da Petrobrás volta ao azul. Avanço da cotação do petróleo e câmbio devem ajudar estatal a registrar resultados positivos após 3 trimestres de prejuízos; petroleira apresenta balanço do período de abril a junho nesta quinta-feira. 
• Senado volta a debater maioridade penal e preocupa especialistas: Retrocesso. Proposta será tema da CCJ na manhã desta quinta-feira; para especialistas, punir adolescentes infratores fere o artigo 112 do ECA, que prevê medidas socioeducativas e garante direitos a jovens internados em regime fechado. 
• Cardozo diz que vai pedir nulidade do processo após Anastasia incluir provas. 
• Cunha será julgado no plenário em 12 de setembro. Anúncio foi feito pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nesta quarta-feira. Votação do pedido de cassação do deputado, réu na Operação Lava Jato, foi definida para depois do impeachment de Dilma Rousseff. Período eleitoral pode esvaziar sessão. 
• Cármen Lúcia é eleita presidente do STF. A partir do dia 12 de setembro, a ministra ficará no lugar do atual presidente, Ricardo Lewandowski. A votação foi simbólica, já que ela ocupa o cargo de vice-presidente da Corte. 
• Governo quer hidrovias no programa de concessões. Serviço de dragagem dos portos também devem ser incluído no Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). Sugestão foi anunciada durante almoço em Brasília. 
• Acusação envia alegações finais antes do prazo para acelerar impeachment. Dilma agora tem prazo de 48 h; autores do processo de impedimento decidiram indicar só 3 testemunhas. 
• Policiais da Olimpíada são baleados por traficantes. Atingido na cabeça, agente da Força Nacional está em estado grave. 
• Maia marca votação do pedido de cassação de Cunha. Sob pressão de aliados de peemedebista, sessão é marcada para o dia 12. 
• Planalto atribui a erros de Meirelles recuos no Congresso. Assessores de Temer criticam atuação em negociação de socorro a Estados. 
• Governo deve cortar até 45% das verbas para as universidades federais. 
• Número de pacientes com câncer tratados pelo SUS cresce 34%. 
• Estado de saúde de soldado da Força Nacional baleado no Rio é muito grave. Força Nacional faz cerco na Vila do João para prender bandidos. 
• Governo já pagou este ano R$850 milhões a empreiteiras que roubaram a Petrobras. As oito empreiteiras enroladas na Lava Jato já receberam cerca de R$ 850 milhões do governo federal desde o início deste ano. Preferida dos governos petistas de Lula e Dilma, a Odebrecht levou R$ 417 milhões, quase metade do total e mais do dobro dos R$ 197 milhões pagos a Queiroz Galvão. O restante foi dividido entre Mendes Júnior, UTC, Galvão Engenharia, Engevix, OAS e Andrade Gutierrez. Empreiteiras do petrolão continuam faturando no governo. 
• Oi tem prejuízo líquido de R$656 mi no 2º tri. 
• Janot pede abertura de inquérito contra Telmário por agressão 
• Pedido de abertura de inquérito foi enviado ao STF nesta terça-feira. Senador é acusado de agredir uma jovem de 19 anos e, para Rodrigo Janot, caso se enquadra na Lei Maria da Penha. 
• Câmara aprova renegociação das dívidas dos estados. Deputados rejeitaram a proposta do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que exigia contrapartida dos governadores e impedia reajuste de salários de servidores públicos estaduais. 
• João Rezende, presidente da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, entregou um pedido de renúncia do cargo nesta quarta-feira, 10. De acordo com a própria agência, o afastamento deve acontecer a partir do dia 29 de agosto. Na carta, Rezende alega razões de ordem pessoal para renunciar. Juarez Quadros deve assumir cargo. 
• No fim de semana, o ministério do Trabalho divulgou que havia 3,5 mil trabalhadores dando duro em situação irregular nas arenas olímpicas do Rio. O Globo descobriu que esse número de 6,5 mil, quase o dobro. É gente com excesso de jornada, sem intervalos para alimentar-se e por aí vai. Arnaldo Jabor tem razão em emocionar-se: a Olimpíada é a cara do Brasil. 

• Pressão sobre Donald Trump tem efeito dúbio. Manifestações de republicanos e da mídia podem ajudar empresário. Trump acusa Obama de fundar EI. Hillary tem novo problema com e-mails. 
• Alemanha prepara pacote de medidas antiterrorismo. País deve acelerar deportação de suspeitos e pode romper sigilo médico. 
• Incêndio mobiliza quase 2.000 bombeiros no sul da França. 
• Rússia anuncia trégua diária para levar ajuda humanitária a Aleppo. 
• Lava Jato é exemplo mundial de combate à corrupção, diz juiz americano. Juiz federal no Estado de Maryland, nos Estados Unidos, o americano Peter Messitte diz que o julgamento do mensalão e a Operação Lava Jato deixaram para trás os tempos em que escândalos de corrupção política terminavam em pizza no Brasil. 

Prova olímpica sem medalhas.
Na sessão que começou na manhã de terça-feira e entrou pela madrugada de ontem, horas preciosas de sono foram desperdiçadas pelos 81 senadores empenhados em degolar Dilma Rousseff. Não todos, é claro, pois 21 tentaram salvar o pescoço de Madame. Depois da aprovação do relatório de Antonio Anastasia, durante a apreciação do terceiro de um dos quatro destaques derrotados, já quase no fim da reunião, um dos governistas amarelou, reduzindo a maioria para 58 senadores e ampliando a minoria para 22. No resto, parece estar definido o placar final da novela a ser encerrada no fim do mês: 59 a 21, ainda que certeza, só no fim da derradeira votação.
Faz muito que todo o plenário e a torcida do Flamengo sabiam desses números, tornando-se um desperdício ficarem os senadores por mais de 17 horas amontoados no plenário. Engana-se quem supuser que permaneceram em recatado silêncio, ouvindo os discursos e intervenções. Sob o olhar vetusto do ministro Ricardo Lewandowski, que presidia a sessão como presidente do Supremo Tribunal Federal, Suas Excelências conversavam, riam, contavam piadas e brincavam com os abomináveis joguinhos de telefones celulares.
Um discurso foi elogiável: do ex-ministro da Justiça e Advogado Geral da União, Eduardo Cardoso, na defesa do Dilma Rousseff. Não adiantou nada, pois todos já tinham opinião formada. A trinca do barulho, Gleise Hoffmann, Vanessa Graziotin e Lindbergh Farias, marcou a mesma presença de sempre, tumultuando e procurando protelar os trabalhos, mas dessa vez esbarrou na inflexibilidade do ministro Lewandowski, que extremamente polido e educado, impediu excessos.
A senadora Vanessa teve tempo, em função dos dois intervalos na longa reunião, de se dirigir ao seu gabinete e trocar duas vezes de roupa.
Agora que se inicia o julgamento da presidente afastada, com oitiva de testemunhas e arrazoados finais, a expectativa é de mais uma olímpica sessão do Senado para o afastamento definitivo de Dilma. Só que não haverá medalhas a distribuir. A grande dúvida é saber se haverá tempo para o presidente Temer deixar de ser interino para poder viajar para a China. (Carlos Chagas) 
 
Recomendações a Michel Temer.
Agora que o impeachment de Dilma Rousseff é irreversível, temos de nos haver com Michel Temer na sua plenitude mesoclítica e mesozoica. Dessa condição de político antiquado, ele tem a chance de passar à história como o presidente que conseguiu recolocar o País na rota do crescimento econômico, depois de quase treze anos de lambanças descomunais - que o tiveram como cúmplice omisso, na melhor das hipóteses.
Ele já recolocaria o Brasil nos trilhos se errasse o menos possível. Errar o menos possível significa cortar gastos e levar a corrupção endêmica aos patamares pré-petistas. Michel Temer poderia almejar mais, aproveitando-se da sua impopularidade, e fazer reformas estruturais, como a trabalhista, a fiscal e a previdenciária. No entanto, o fato de ser mesozoico talvez o impeça de seguir adiante. Cogitar candidatar-se a presidente em 2018, por exemplo, é uma característica bastante mesozoica. Dinossauros relutam em aposentar-se e costumam sair de cena somente quando atingidos por um meteoro gigante.
Para que Michel Temer cumpra o seu ano e meio de mandato de forma tranquila, não apenas a questão econômica tem de ser apaziguada. As policiais e políticas também.
Acima de tudo, ele não pode ser enredado pela Lava Jato. Já veio à tona que o PMDB levou 10 milhões de reais em espécie da Odebrecht, em 2014, depois que Michel Temer pediu apoio financeiro ao incontornável Marcelo, em jantar no Palácio do Jaburu. O presidente confirmou o jantar e que pediu dinheiro, dentro dos limites da legalidade. Parece conto da carochinha, mas talvez seja difícil obter provas concretas contra Michel Temer. A ver.
Graças à autonomia da Lava Jato, Michel Temer não terá como deter as investigações. Em outros aspectos, porém, é recomendável que ele aja.
José Yunes, o seu assessor especial, representa um enorme risco de embaraços. Há boataria a respeitos das relações perigosas entre ele e o presidente. Meu conselho a Michel Temer: afaste-o de Brasília. Outro personagem que deveria ser gentilmente convidado a sair do governo: Geddel Vieira Lima. Digamos que as suas latitudes são demasiadamente largas.
Por último, Henrique Meirelles. Não é possível que o Brasil tenha, neste momento de crise profunda, um ministro da Fazenda com pretensão de ocupar cargo eletivo. Tal pretensão o leva a fazer concessões na austeridade necessária - como, aliás, vem fazendo, até por inabilidade no trato com parlamentares. Na minha opinião, Henrique Meirelles não foi uma boa escolha. É um sujeito de muito gogó e, segundo quem entende do assunto, pouco conhecimento na área fiscal. O ideal seria contar com um ministro da Fazenda sem pretensões políticas, perseverante no caminho do ajuste (até para não deixar Michel Temer cair em tentações), com conhecimento profundo da máquina estatal e da Constituição, além de hábil em negociar com o Congresso e avesso a plantar notinhas na imprensa contra quem tenta auxiliá-lo.
Como tirar Henrique Meirelles seria traumático neste momento, Michel Temer precisa contê-lo. É o contrário do que ocorre. 
Ajude-se, presidente, a ter boa sorte.  (Mario Sabino)


Sobre o custo moral das Gambiarras.
Escrevo este artigo tomada por um sentimento de constrangimento. Espero que ele sirva como exemplo de como a vitimização infantiliza, perverte e torna o ser-humano arrogante.
Ao contrário da frustração que sinto em Copas do Mundo, onde o rigor do preparo físico, técnico e tático coexiste com a malandragem, a rivalidade aética e com os frequentes erros de arbitragem, a essência das olimpíadas me encanta.
Gosto da lisura de uma competição cronometrada, gosto da seriedade e compromisso durante a preparação do atleta, gosto da importância vital que é dada ao momento presente, gosto do confronto entre o limite e a vontade e me seduz vivenciar o convívio de alto nível entre diferentes culturas.
As regras são claras e rigorosamente as mesmas para todos.
Esse é o espírito olímpico. Ele nos remete a um outro mundo, para além das gambiarras, como ironicamente foi definido, por um dos produtores, o evento da abertura.
Infelizmente, nas olímpiadas que vêm sendo realizadas aqui no reino encantado do Rio de Janeiro, nem tudo segue esse mesmo diapasão.
Nada li sobre isso na mídia brasileira, mas o episódio que narrarei a seguir, foi reverberado mundo afora e, sinceramente, me deixou envergonhada e cito dois motivos. O primeiro é por pertencer a um povo conivente com o coitadismo, que pune quem é honesto. O outro, por ser cidadã de um país onde reina a pusilanimidade, que assumiu um evento deste porte, sem ter lastro de coragem para assumir posições firmes e corretas diante de situações adversas.
Tudo ocorreu na noite de abertura das olimpíadas.
As equipes dos diversos países participantes, já na Vila Olímpica, se posicionaram para entrar nos ônibus que as levariam ao Maracanã, em acordo com a lista confeccionada pela organização do evento. A equipe do Líbano entrou no ônibus e, ao saber que teria que dividir o veículo com os atletas israelenses, resolveu impedir que estes entrassem, solicitando ao motorista que fechasse a porta. Ele o fez. Udi Gal, treinador da Equipe de Vela de Israel, procurou os membros da organização para relatar o fato. Desejava, obviamente, que fosse respeitado o protocolo desconsiderando a reação, inconveniente e indigna, dos libaneses. O motorista tornou a abriu a porta do veículo, mas o responsável pela equipe libanesa, o sr. Salim al-Haj Nakoula, bloqueou com seu próprio corpo a entrada dos israelenses, alegando que eles estavam procurando confusão (looking for trouble) ao insistirem em entrar (!!!). Qual não foi a surpresa (para mim, nenhuma) com a solução apresentada pelos organizadores: optaram por uma gambiarra, ou seja, dividir a equipe israelense (!!!!), e distribuí-la entre outros ônibus, possibilidade que foi rechaçada por Gal.
Dispersar uma equipe olímpica é algo impensável, até mesmo por uma questão de segurança.
O conflito foi resolvido pela organização da seguinte forma. O protocolo foi alterado, e realocaram a equipe israelense em um outro ônibus.
Ressalto que, depois deste constrangimento (imaginem como foi a cena), esses atletas participaram do evento de abertura e desfilaram com orgulho, carregando sua linda bandeira azul e branca.
Poderia parar por aqui, e deixar no ar os comentários para esse jogo de erros e bizarrices. Mas, algumas perguntas não calam: o que essa equipe do Líbano faz aqui, se não tem preparo para conviver em condições de igualdade com outros atletas? Por que a equipe libanesa não foi confrontada, retirada do veículo e punida por ter tido uma atitude como essa?
É risível imaginar que, enquanto assistíamos a um espetáculo que pregava a diversidade e a inclusão, um grupo de atletas havia sido discriminado simplesmente por ser composto de judeus.
Israel não é uma potência olímpica, mas é sabido que traz marcas muito fortes e dramáticas quando o tema é esse. Exemplarmente, o país segue em frente e prepara seus jovens para competir em tudo, dentro do melhor espírito possível. O país nos dá diariamente lições, na vida real, do que é superação e respeito, sem vitimização. Se pensarmos bem, o país foi criado por refugiados que nunca tiveram acesso a privilégios ou benesses. Mesmo neste episódio bizarro, seus atletas não cogitaram se nivelar aos libaneses, nem se negaram a ir em suas companhias. Tampouco faltaram ao evento. Reivindicaram o que foi acertado, lamentavelmente sem sucesso.
Desejo, de coração, boa sorte aos atletas israelenses. Agradeço pela verdadeira lição de diversidade e de inclusão que nos deram, ao ir dignamente à cerimônia de abertura das olimpíadas, e, por toparem competir, sem fazer distinção, com quem vier pela frente. (Marcia Rozenthal, neuropsiquiatra e Doutora em Psiquiatria) 
Perdoe seus inimigos! Nada os chateia tanto! (Leon Tolstoi)

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