21 de mar. de 2016

Arrependei-vos, a hora está a chegar....

• Impedido de tomar posse, Lula atuará como ministro informal. 
• Calendário avança sobre Dilma, Delcídio e Cunha. Câmara acelera pauta para encurtar rito de impeachment. Senador terá primeiro encontro com colegas desde que foi preso e fez delação. Conselho de Ética recebe defesa de peemedebista. 
• Estado do Rio tem R$ 3,3 bilhões de dívidas. 
• Violência explode no Rio, e policiais não irão receber gratificação. 
• Setenta deputados trocaram de partido em 30 dias. Mudanças ocorreram durante janela legal, em que parlamentares podiam trocar de partido sem risco de perder o mandato. PR foi quem levou a melhor. 
• Lula comandava petrolão, diz Delcídio à Veja. Segundo senador, corrupção na Petrobras financiou a campanha da reeleição de Dilma Rousseff e a presidente sabia de tudo, mas fingia não ter nada a ver com o caso. Declarações de Delcídio são estratégia de vingança, diz governo. Em nota à imprensa, Instituto Lula também nega conteúdo de entrevista em que senador afirma, à revista Veja, que cacique petista comandava o esquema de corrupção na Petrobras. 
• Planalto enxerga Lula como peça fundamental para matar impeachment. Discurso do Planalto é que não existe outra saída a não ser partir para guerra. Planalto vive estado de alerta permanente para garantir 171 votos necessários e barrar abertura do processo na Câmara. 
• Planalto prepara troca na direção da Polícia Federal. Após escuta, ministro da Justiça busca nome para substituir Leandro Daiello; Cheirou vazamento, equipe será trocada, diz ministro da Justiça à Folha. Eugênio Aragão classifica como extorsão maneira com que delações premiadas são negociadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. 
• Defesa de Lula tenta derrubar decisão de Gilmar Mendes. Objetivo é que investigação contra o ex-presidente seja mantida no Supremo. 
• Lava Jato prende suspeito em Portugal. Essa é a primeira detenção no exterior de um integrante do esquema na Petrobras. 
• Ministra do STJ nega pedido da AGU para centralizar ações contra posse de Lula. Magistrada resguardou interesse de cidadãos em realizar o controle jurisdicional dos atos praticados pelo Poder Público. AGU alegava que pedido serviria para evitar decisões conflitantes
• AGU pede suspensão de processos contra nomeação de Lula na Casa Civil. A AGU pugna pela excepcional concessão de medida cautelar até seu julgamento final pelo douto colegiado, diz demanda encaminhada ao ministro Teori Zavascki. 
• Verba para obras de saneamento fica parada no FGTS. Só 50% dos recursos destinados a acesso a água e esgoto foram aplicados. 
• STJ determina perícia em negócio da Petrobras feito na gestão FHC. Contrato foi firmado em 2001, quando o ex-ministro do TCU José Jorge era presidente do Conselho de Administração da estatal. Ação civil pública aponta prejuízo de US$ 2,3 bilhões. 
• Crise e política externa: Sem recursos, diretrizes nem liderança, Itamaraty ficará ainda mais isolado. 
• Ainda que Dilma pretendesse salvar governo com Lula, mais provável é que gesto ajude a afundá-lo. Em desespero, governo ameaça seguir péssimos conselhos do PT de usar dólares guardados. 
• Trocar de governo é chance de estancar sangria, diz Armínio. Para ex-presidente do BC, sem mudança rápida, renda cairá como nunca se viu
• Especialistas veem reação nos atos, mas sem melhorar situação do governo. Estudiosos da cena política dizem que manifestações pró-governo foram significativas, mas não tão numerosas. Os atos nada trouxeram de novo ao cenário político, diz cientista político. 
• Datafolha: Marina lidera intenções de voto contra Aécio e Lula. Líder da Rede Sustentabilidade tem mais intenções de voto do que todos os atuais presidenciáveis em um percentual que varia entre 21% e 24%, a depender do candidato do PSDB escolhido; 68% querem Dilma fora, só 16% acreditam em Temer. Números do Datafolha mostram que o apoio ao impeachment presidencial disparou após ser divulgada a delação de Delcídio; Lula tem rejeição de 57%, recorde no Datafolha. Petista superou até o índice alcançado na campanha eleitoral de 1989 pelo então candidato do PMDB, Ulysses Guimarães: 52%, o mais elevado da série histórica até então. 
• Atraso econômico do Brasil aumenta risco de protestos. Pesquisa inédita mostra que retrocesso eleva as chances de conflito social. 
• Aeronave de ex-presidente da Vale falhou em decolagem. Segundo testemunha, avião fez estrondo no motor semelhante ao de explosão. Curva indica desequilíbrio de avião de Agnelli; monomotor era experimental. 
• Mesmo afastado, Del Nero usa avião oficial da CBF. Entidade cedeu aeronave para presidente licenciado viajar no Carnaval.

• Obama sela em Havana distensão histórica. Presidente dos EUA inicia visita a Cuba, na qual tratará de temas espinhosos; Acontecimento é duro revés moral e político para Maduro. Visita de líder americano à ilha aumenta isolamento de governo venezuelano. Boas relações entre EUA e Cuba são de interesse da Rússia, diz Kremlin. 
• Coreia do Norte lança mais mísseis ao mar em meio à tensão, diz Seul. 
• Rússia diz que casos de doping não têm relação com preparação para Rio 2016, diz agência. 

A hora do arrependimento.
Supondo-se que até o final da semana venha a ser resolvida essa ridícula questão da posse do ex-presidente Lula na chefia da Casa Civil da presidente Dilma, passa-se ao principal: para que o antecessor foi convocado? Para inaugurar um novo governo, entrando no palácio do Planalto com plano de ação e até uma listinha de novos ministros? Não como capitão de time, mas marechal do exército atualmente em retirada?
Ou subordinado fiel e obediente cumpridor das ordens da comandante? Quanto baterem de frente, pois nessas situações são mais do que naturais as divergências, para que lado marchará a tropa?
Há quem conclua por antecipação que Madame incorreu em grave erro ao convocar o antecessor para o seu time. Serão dois anos e oito meses de tensões permanentes, situação demonstrativa da conclusão de que o PT ia perdendo a guerra. As manifestações de domingo passado não deixam dúvidas sobre terem sido bem superiores às da recente sexta-feira.
Acontecerá o que, caso batam de frente Dilma e Lula? Não se duvida da hipótese de que alguns ministros venham a insurgir-se contra orientações do novo chefe da Casa Civil? A quem Madame dará preferência?
Lula enfrentará outro tipo de problemas. A família abrirá mão de confortável residência em São Paulo, mesmo sem características de triplex, ou de um sítio próximo e ameno, para vir morar no cerrado? Mesmo com mansões a seu dispor, hesitará em trazer para Brasília toda a tralha levada para a Paulicéia. Ficar na ponte aérea equivalerá a um retrocesso, mas morar separado da mulher e dos filhos, pior ainda.
Como será cuidado o Instituto Lula? Paulo Okamoto ficará lá ou aqui? Admite-se um chefe da Casa Civil afastado da sede do governo? E durante as sucessivas viagens pelo país, quem ocupará as instalações presidenciais? Claro que Dilma, mas o constrangimento estará presente todos os dias.
Sempre que o Lula receber convites para palestras no exterior, em que condição será recebido pelas autoridades lá de fora? Ex-presidente da República ou chefe da Casa Civil? Em que conta bancária será depositado seu cachê?
Para cada lado que o ex-presidente se volte encontrará problemas. Será que nos momentos de reflexão não lhe passará pela cabeça concluir haver praticado uma imensa besteira? (Carlos Chagas) 

Falta de rumo da oposição é ainda mais surpreendente que a ruína do governo.
O governo e seus símbolos estão submetidos a uma atmosfera apocalíptica. Além de reprovar Dilma (69%), a maioria dos brasileiros deseja o seu impeachment (68%) ou a sua renúncia (65%). Para piorar, mais da metade do eleitorado (57%) afirma que jamais votaria em Lula. Diante de um quadro assim, seria razoável que a oposição vivesse um momento áureo. Mas sucede o oposto. O Datafolha informa que Aécio Neves encolhe e Marina Silva não consegue crescer.
Alvo de quatro ações de cassação na Justiça Eleitoral, Dilma pode ter o mandato passado na lâmina pelo TSE. Se isso acontecer ainda neste ano de 2016, haverá nova eleição. Hoje, informa o Datafolha, Marina (21%), Aécio (19%) e Lula (17%) estão embolados nas três primeiras colocações. Em pesquisa realizada há 20 dias, Aécio ostentava 24%. Despencou cinco pontos. Marina ficou do mesmo tamanho.
Poder-se-ia repetir a velha cantilena segundo a qual a oposição não dispõe de projeto. Mas na verdade o problema é ainda mais grave. Em meio a um cenário de borrasca moral e desespero econômico, os antagonistas do governo não conseguem oferecer esperança.
Não é só: o grão-tucano Aécio, que esteve na bica de derrotar Dilma em 2014, prepara-se para escalar o monturo da Lava Jato na condição de investigado. O delator Delcídio Amaral acusou-o de receber verbas sujas desviadas da estatal elétrica Furnas, num caso mal investigado que se arrasta desde 2005. Aécio diz que a denúncia é mentirosa e requentada. A Procuradoria da República quer tirar a prova dos nove num inquérito.
Além da hipótese de cassação pela Justiça Eleitoral, Dilma corre o risco de ser impedida pelo Congresso. Nessa hipótese, assume o cargo o vice-presidente Michel Temer, também citado na delação de Delcídio como patrono da nomeação de um petrogatuno.
Pois bem, apenas 16% dos brasileiros acreditam na capacidade de Temer de entregar um governo ótimo ou bom. Na opinião de 35% dos entrevistados, um governo Temer seria ruim ou péssimo. A plateia tem fundadas razões para levar o pé atrás. Temer preside o PMDB, uma legenda que, entre outros azares, inclui o réu Eduardo Cunha e o investigado Renan Calheiros, alvo de meia dúzia de inquéritos no STF.
Ludibriada em 2014 pela marquetagem petista de João Santana, a plateia não parece disposta a fazer papel de boba novamente. Daí o receio de que Temer vire uma espécie de São Jorge que, enviado para salvar a donzela, acaba se casando com o dragão.
O Brasil não é novato em matéria de impeachment. Já arrancou da Presidência Fernando Collor, o notório. Naquela ocasião, todos os partidos políticos com alguma relevância juntaram-se ao redor do então vice-presidente Itamar Franco todos, salvo o PT. Deu no Plano Real, que rendeu o fim da hiperinflação e dois mandatos presidenciais a Fernando Henrique Carodoso.
Hoje, vista de longe, Brasília parece mais uma comédia mal escrita, sem direção, com atores fora de suas marcas, escalados às pressas para substituir o espetáculo anterior, que talvez saia de cartaz porque o público já não suporta o elenco que está em cena. A política nunca esteve tão por baixo. (Josias de Souza) 
Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes. (Abraham Lincoln)

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