6 de fev. de 2016

Vai, sambe e esqueça...

• Hum! Saliva, urina e leite materno abrigam vírus ativo da zika; governo pede cautela. Estudo de fundação ligada a ministério não esclarece se há chance de contágio. Características de disseminação do vírus da zika são o mais assustador. Dados sobre zika não justificam histeria coletiva vista atualmente no Brasil. Surto de zika já atinge 33 países em três continentes.
• MPF é contra trancamento do segundo inquérito da Operação Zelotes. 
• TCU quer retorno maior nas licitações de transmissão. Tribunal teme que, com crise, faltem interessados nos leilões deste ano. 
• Polícia vai indiciar chefes da Samarco por mortes em MG. Empresa afirma que não sabia do risco de barragem se romper. 
• Pátria Educadora: Universidades paulistas receberam R$ 475 milhões a menos em 2015. 
• Reforma de sítio usado por Lula será alvo de investigação. Lava Jato investiga papel de compadre nos negócios imobiliários de Lula. Força-tarefa devassa os interesses que ligam Teixeira a Lula.  Leia
• Lula não é mais um candidato viável em 2018, diz consultoria de risco Eurasia Group. 
• Segurança pública do Rio fechou 2015 com dívida de R$ 953,9 milhões. Especialista sugere cuidado para corte não afetar ação da polícia. Pezão determina corte de R$ 18,4 bilhões no orçamento. Alerj aprova empréstimo de R$ 1 bi a estado pagar aposentados. 
• Delação da Andrade Gutierrez - Estão em pânico Dilma, Lula, Lulinha e o PMDB do Rio. Veja
• Marcelo Odebrecht é um dos poucos empresários ainda presos na Lava Jato. Após acordo com Procuradoria, executivos da Andrade deixam prisão. 
• Alvo de CPI, fundo Postalis tenta nova ofensiva para sanar rombo bilionário. 
• Novas delações englobam campanha de Dilma e Copa-14. Executivos da Andrade Gutierrez deixaram prisão após acordo com Procuradoria. 
• Procuradoria pede quebra de sigilos de Capez. Tucano foi citado por investigados em ação que apura máfia da merenda. 
• Delator menciona suborno ao ex-ministro Negromonte. Ex-deputado do PP José Janene também teria recebido propina de R$ 18 mi. 

• Pesquisa mostra Hillary e Sanders em empate técnico. Ex-secretária de Estado chegou a ter 50 pontos de vantagem. 
• Argentina propõe pagar US$ 6,5 bilhões a fundos credores. Segundo mediador judicial, dois dos seis holdouts aceitaram a proposta. 
• Terremoto em Taiwan deixa 11 mortos e quase 500 feridos. 
• Saída de tropas do Haiti deve atrasar com impasse político. Segundo brasileiro que comanda forças da ONU, cronograma já foi afetado.
• ONU pede libertação imediata de fundador do Wikileaks. Relatório diz que Suécia e Reino Unido devem indenizar Julian Assange

Universidade canina.
Depois de longa resistência temperamental e filosófica, acabei decidindo, muito a contragosto, poupar flechas destinadas a transeuntes que falam sozinhos, com um tapa-ouvido na mão. Disseram-me que o tapa-ouvido tem um irmão gêmeo (siamês, sei lá) com o qual se fala à distância no ouvido de outro, por meio de um fio transmissor invisível. 
Agora vejo muitos transeuntes falando sozinhos, mas sem o tapa-ouvido. O fio reapareceu com modificações, e também se materializou o usuário do tal irmão siamês, depois de uma involução na escala biológica. Já lhe explico, mas primeiro você precisa saber o que tenho ouvido nesses solilóquios:
- Não, benzinho, isso não é coisa de gente educada.
- Você precisa dar mais umas voltinhas, o doutor recomendou.
- Deixa de ser preguiçoso, meu filho, caminhar faz bem à saúde.
- Espere um pouco, não pode atravessar a rua com sinal fechado.
- Filhinho, você está precisando de uma árvore ou poste, não é?
Eis uma linguagem que se pode considerar adequada para filhos, mas você já deve ter entendido, especialmente por esta última frase, qual é o ouvinte, qual o fio preso ao pescoço dele, qual o motivo da preferência por árvores e postes. Em resumo, o interlocutor - mudo por motivos genéticos - não passa de um cachorro, ao qual se dirige desse modo carinhoso seu dono, dona ou babá. Babá de cachorro, claro, pois essa categoria profissional já existe na prática, informalmente.
Veja esta curiosa contradição. Certos casais alegam falta de recursos financeiros para educar filhos, mas tratam cachorrinhos como filhos, com alimentos e cuidados especiais, e até contratam babás (ou bobós) para eles. Se têm dinheiro para isso, parece bastante hipócrita atribuir à falta de dinheiro a escassez ou falta de filhos.
Andei pensando em um modo de as famílias aderirem às múltiplas vantagens de ter muitos filhos, e parece-me que o caminho vai por aí: se o custo de educar filhos é grande, e o de educar cachorrinhos é menor, uma solução sensata é inverter isso e tornar proibitivo o custo dos cachorrinhos. A tal relação custo/benefício fará o resto. Vamos então avaliar algumas medidas para atingir esse objetivo.
Há muitas coisas nesse campo precisando de regulamentação. Se os totós adquiriram status humanoide, devem pagar impostos sobre tudo o que fazem ou deixam de fazer, como todos nós. A profissão de babá de cachorros, por exemplo, sendo oficializada, daria direito a férias e décimo terceiro salário, seria taxável, impostável, previdenciável, onerando os totófilos empenhados em manter filhinhos de quatro patas. Cuja alimentação, aliás, merece também taxação especial, extorsiva como a dos cigarros. Tudo fiscalizado por uma espécie de Ibama canino (Ibama-c).
Outra medida coercitiva é a escolarização canina, para evitar os riscos da presença de totós deseducados em domicílio, especialmente apartamentos. O curso completo se estenderia do primeiro grau à universidade. Não haveria um vestibular canino, já que o ensino seria particular, com tarifas baseadas na oferta e procura. Isto evita o complicativo das cotas raciais, pois as raças caninas têm variedades quase infinitas, não cabem no padrão preto-branco-mestiço. Sendo curta a vida dos totós, bastariam dois anos para todo o curso. Assim eles teriam de aprender muita coisa em pouco tempo, justificando cobrar em dois anos o preço equivalente a uns dez anos. Ao governo caberia apenas regulamentar, exigir, fiscalizar. E cobrar impostos, multas, propinas, especialidade cuja eficiência ninguém desconhece. Medidas impostantes assim poderiam até ajudar na recuperação das finanças nacionais.
Minhas sugestões parecem estapafúrdias, mas estou na mais completa sanidade mental. As consequências da minha proposta são também salutares, já que o aumento previsível das despesas caninas torna vantajoso o custo/benefício de educar filhos. É provável que muitos pais e mães caiam na realidade e voltem a ter famílias de número normal - ou seja, famílias grandes - para evitar o desequilíbrio mental frequente em filhos únicos e solitários.
Muitas mães são assediadas com pedidos assim: - Mamãe, eu queria ganhar um irmãozinho.
Ao ouvirem esse pedido, não me estranha que muitas mães tenham a infeliz ideia de atendê-lo, porém substituindo o irmãozinho por um totó. Será que mães com esse procedimento desalmado dedicam a um cachorro o mesmo apreço que têm pelo filho? Se assim é, de duas uma: ou desvalorizam o filho a um ponto inimaginável, ou valorizam o cachorro a um ponto também inimaginável. Não seria melhor atender o pedido do filho integralmente, com algo que valha tanto quanto ele?
Será que os casais modernos - imediatistas, argentários, egoístas - entendem esta linguagem? Duvido muito. Mas o mundo poderia ser muito melhor se a entendessem. Eu me prontificaria até a elogiar a totolândia, se houvesse filhos numerosos para brincar com os totós. (Jacinto Flecha)

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