25 de mar. de 2015

Em cismar, sozinho, a noite…

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• Brasil joga fora mais de 6 Cantareiras de água por ano. Volume corresponde a mais de um terço da água tratada no país, aponta estudo. 

• Câmara ignora Dilma e aprova prazo para indexador das dívidas dos Estados. Líderes de todos os partidos - inclusive o PT, da presidente - deram aval ao projeto. 

• É um equívoco grande achar que só a classe média alta foi para a rua no 15 de março. Uma parte dos assalariados também foi. O efeito dessas medidas será sentido sobretudo no chamado andar de baixo, diz o senador Paulo Paim (RS); ele contesta votar medidas contra os trabalhadores e sinaliza que vai abandonar seu partido: Qual o discurso do PT e do governo hoje? Dos juros? Da inflação?

• Como os bancos têm resultados financeiros tão positivos no Brasil? Segundo levantamento, apenas o Banco do Brasil teve queda de rentabilidade em 2014 na comparação com 2013, enquanto o Itaú, o Bradesco e o Santander tiveram alta.

• Com reajuste, remédios poderão ter alta de até 7,70% no próximo mês. 

• Mais um inexplicável! Extintor do tipo ABC entra em vigor em abril, mas continua em falta nas lojas. 

• Cunha nomeia evangélicos sem experiência para cargos de chefia na Câmara. A servidora evangélica Maria Madalena Carneiro vai comandar a Diretoria de RH da Casa. Sem experiência no setor, ela diz que Cunha foi o instrumento de Deus para sua indicação. 

• Como salvar a Petrobras? Crise de gestão abala seriamente a estatal, mas especialistas afirmam que ela se recupera, devido ao tamanho, quadro de pessoal e capacidade tecnológica. Alta hospitalar, no entanto, vai demorar. 

• Dilma admite reduzir corte de benefício trabalhista. Segundo o Estadão, presidenta avisou o ex-presidente Lula e a direção do PT que vai aceitar mudanças nas MPs 664 e 665, que restringem acesso a benefícios como o auxílio-doença, o seguro-desemprego e a pensão. 

• Para o Planalto, o pior resultado da pesquisa CNT/MDA divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes, é que Dilma perderia as eleições para Aécio Neves, se o pleito fosse hoje: 55,7% votariam no tucano e apenas 16% na petista. A presidente, no mesmo levantamento, tem seu desempenho pessoal desaprovado por 77,7% e 68,9% acreditam que ela é culpada pela corrupção na Petrobras. A grande novidade, contudo, é 67,9% acharem que Lula é o culpado pelo escândalo, o que reduz muito a capacidade do ex-presidente influenciar os brasileiros a favor do governo. E sinaliza a estratégia que ele já adotou: submergir. 

• Cardozo ignora diálogo com policiais federais, diz entidade. Depois da associação dos delegados da PF, sindicato dos agentes reclama do que considera falta de diálogo do ministro da Justiça. Entidade tenta audiência desde setembro.

O que se sabe sobre o acidente com o A320.
. Buscas em região montanhosa remota devem durar pelo menos uma semana; uma das duas caixas-pretas foi encontrada; causas ainda não são conhecidas; avião foi pulverizado e era um dos modelos A320s da Airbus mais velhos em operação. CEO da Lufthansa diz que acidente de avião é inexplicável. Caixa-preta de Airbus A320 está  danificada.

O lado bom da crise
. A crise é boa. Nada melhor do que uma crise para nos dar a sensação de que a vida muda, que a História anda, que a barra pesa. A crise nos tira o sono e nos faz alertas. A crise nos faz importantes, nós, a opinião pública, nós, o povo, nós, os ex-babacas que viviam na sombra, na modorra e que de repente saíram batendo panelas nas ruas. Na crise no Brasil, a política fica visível para a população.
. A crise nos lembra a maldição chinesa: que você viva em tempos interessantes - por tempos interessantes se entenderia uma época de calamidade, guerras e instabilidade. A crise é boa porque acabaram as antigas crises cegas, radiofônicas, anos 1950. Hoje as crises são on-line, na internet, nos celulares com todos as roubalheiras ao vivo, imediatas, na velocidade da luz. A crise é uma aula, quase um videogame. A crise é um thriller em nossas vidas. A crise nos permite ver a verdade. Mas como - se todos mentem o tempo todo? A crise nos ensina a ver a verdade de cabeça para baixo, nos ensina que a verdade é o contrário de tudo o que dizem os depoentes, testemunhas e réus. A verdade está em tudo o que os políticos negam.
. A crise é boa para conhecer tipos humanos. Temos de tudo - uma galeria de personas, de máscaras, de bonecos de engonço, temos um reality show sobre o Brasil, temos o desfile de caras, de bocas, de mãos trêmulas, temos as vaidades na fogueira, os clamores de honradez, os falsos testemunhos, a lama debaixo das dignidades, temos os intestinos, os nós nas tripas, os miasmas que nos envenenam, sujeiras escorrendo pelas frestas da lei.
. E tudo vai diplomando o povo em Ciência Política. A crise é boa para acabar com a crença de que um operário tem uma aura de santidade e mostra que para ser presidente tem, sim, que estudar e ter competência. E nos mostra também o mal que um sujeito egoísta e deslumbrado pode fazer a um país.
. A crise nos mostra que o crime político não é um defeito, mas uma instituição. A crise nos espanta: como um partido consegue esquecer qualquer resquício de grandeza e contaminar as instituições? A crise nos ensina o horror do narcisismo totalitário. A crise nos ensina que os velhos revolucionários ficaram iguais aos piores políticos oligárquicos - ambos trabalham na sombra, na dissimulação, no cabresto dos militantes. A crise nos lembra que a burrice é uma força da natureza, como os ciclones e terremotos. Crise também é cultura. A crise é Brecht, Shakespeare e revista Caras. A crise acabou com a mistificação de que o PT era o partido dos puros, como muitos intelectuais acreditaram e continuam acreditando, com a fé inquebrantável do mesmo assim- quebraram a Petrobras e o país, mas mesmo assim, continuam acreditando, como religiosos: Credo quia absurdum (Creio mesmo sendo absurdo). A crise nos mostra que o petismo maculou as ideias de uma verdadeira esquerda no país, sequestraram as palavras, a linguagem romântica d’antanho. A crise prova que a velha esquerda ancorada no petismo não tem programa, nem projeto; tem um sonho que vira pesadelo. A crise acaba com os fins justificando os meios. A crise acaba com o futuro e nos traz o doce, o essencial presente. A crise nos ensina que ninguém se define apenas como companheiros, comandantes, aventureiros, guerreiros do povo brasileiro, pois as pessoas são compulsivas, agressivas, invejosas, narcisistas, fracassadas e com problemas sexuais. A crise nos ensina mais Freud do que Marx. A crise ensina que revolução no país tem de ser administrativa e não de ruptura e utopia.
. A contemporaneidade, esse faz-tudo do novo vocabulário, inventou a utopia da distopia. Nada como uma boa distopia para saciar nossa fome de certezas. A crise ensina que não adianta mostrar apenas os horrores da miséria dos desvalidos; a verdadeira miséria está nos intestinos da própria política.
. A crise nos mostra que existem fascistas de direita e de esquerda, que a verdadeira esquerda está em tudo o que é profundo e que a direita está em tudo o que é superficial - logo, o PT é de direita.
. A crise nos revela que o país (e a vida) é mais complexo do que a divisão opressores e oprimidos e que o capitalismo não é uma pessoa malvada para conscientemente nos destruir; capitalismo não é um regime político - é um modo de produção.
. A crise nos ensinou que a corrupção de hoje não é um pecado contra a lei de Deus - é um sistema, uma ferramenta de trabalho. A crise nos mostra que não há mais inocentes em Brasília - todos são cúmplices. E aprendemos que mesmo com terríveis expectativas para 2015, as ruas provaram que a história é intempestiva (Nietzsche) e marcha no escuro, quando nós dormimos. A crise nos lembra a frase de Baudrillard tão citada por mim: O comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de disfuncionamento e de desestruturação da vida social, vide o estrago do PT e o novo eixo do mal da América Latina. A crise está abrindo nossos olhos.
. Ouso dizer que por vielas escuras e mal frequentadas a crise fará bem ao Brasil. A crise também é útil porque nos dá uma porrada na cara para deixarmos de ser bestas. (Arnaldo Jabor) 

Manobra para enganar o brasileiro autêntico? 
. Segundo o portal de notícias Último Segundo, do dia 23/03/2015, os partidos políticos da base do governo serão investigados por estarem envolvidos no planejamento do esquema de arrecadação de propinas na Petrobras entre 2004 e 2012. Diz a reportagem:
(…) cumpre registrar que foi também requerida a instauração de inquérito próprio, para apurar (…) o denominado núcleo político do esquema criminoso perpetrado junto à Petrobras. (…)
. Assim, o processo sistêmico de distribuição de recursos ilícitos a agentes políticos, notadamente com utilização de agremiações partidárias, no âmbito do esquema criminoso perpetrado junto à Petrobras, será objeto de investigação apartada, afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
. Os partidos a serem investigados serão o PP, PT e PMDB. Para o desembargador aposentado Walter Fanganiello Maierovitch, especialista no assunto, se realmente os indícios do envolvimento desses partidos na Lava Jato forem comprovados, o país estará diante de uma das formas mais criativas de lavagem de dinheiro e que isso poderá provocar o maior abalo no sistema eleitoral de toda a história da república. Há semelhança entre o que está sendo investigado no Brasil e o que houve na Itália com a Operação Mãos Limpas. Lá, quando se provou que o sistema político estava corrompido, para evitar uma decisão judicial, os partidos se extinguiram, disse Maierovitch. Ele também admite que, no Brasil, os partidos poderão usar da situação para se refundarem.
. Não será essa uma manobra - fechar e refundar o partido - para livrar o PT e congêneres da insatisfação geral da opinião pública brasileira, manifestada inequivocamente no último dia 15 de março último?
. Estariam eles subestimando a inteligência do nosso povo, fingindo não ver o real Descontentamento do Brasil profundo?
. A propósito, sugiro a leitura de trechos do discurso de Plinio Corrêa de Oliveira pelas vítimas do comunismo no aniversário da Revolução Russa, em 17/10/1978. ouça 
. Por este comparecimento, pelo brilho desta solenidade eu vejo afirmada mais uma vez uma convicção que eu tenho há muito tempo e é que a respeito do Brasil os comunistas se enganam. Eles tem talvez a impressão de que eles poderão tomar conta facilmente do Brasil e não é verdade. Há pujanças anticomunistas no Brasil muito maiores do que eles supõem e das quais os senhores são uma expressão. Uma expressão local, paulista, paulistana, de um fato imenso que se estende - para usar um hino das congregações marianas - Do prata ao Amazonas, da serra às cordilheiras.
. Realmente meus caros, o nosso povo é um povo muito inteligente, é um povo ao mesmo tempo muito cordato e muito pacífico, que tem no mais alto grau o senso da improvisação, e que muitas vezes vê vir de longe o perigo, e o vê chegar com o olho manso, com atitudes displicentes, com a cara despreocupada de quem não vê. Por causa disso dá a impressão de que nada fará, mas quando esse povo se sente de fato a ameaçado, ele sabe levantar-se como um só homem e sabe dar o revide à agressão comunista.
. Nós vimos isso em 1964, mas eu estou certo que por mais que se fale da Revolução de 64 e injustamente como nós acabamos de aqui ouvir, a fibra brasileira é a mesma e talvez o Brasil ainda seja mais anticomunista do que outrora. […]
. Eu não posso me esquecer a noite em que eu estava no Rio de Janeiro, noite em que a neblina levantada do mar cercava a estátua de Cristo Redentor no Corcovado, não posso me esquecer. Tinha os olhos fixados para aquilo: durante algum tempo era apenas um foco de luz no qual eu não discernia nada; em determinado momento, batia o vento, fazia-se um pouco de claridade, eu percebia um dos braços e uma das mãos do Cristo Redentor, iluminado com aquela luminosidade especial, que a pedra sabão de que é revestido o monumento absorve a luz que sobre ele se projeta.
. Pouco depois o vento batia e era a face do Cristo Redentor que aparecia, era o seu peito onde pulsa o seu Sagrado Coração, mais adiante eram os seus pés divinos que todos nós gostaríamos de oscular, mas eu prestava atenção… prestava atenção… Em nenhum momento, por mais densas que fossem as névoas, a luz deixava de encontrar um certo ponto de apoio no monumento, de maneira que apenas sendo uma luz fixa sobre uma silhueta ou sobre uma mão que protege, uma mão que abençoa, um coração que palpita de amor, ou uma face que contempla com solicitude, em nenhum momento a neblina conseguiu apagar a figura do Redentor. (Gabriel Ferreira) 

Deu só agora no Financial Times. 
No Financial Times - Ontem, 23, o nosso pobre país voltou a ser notícia no Financial Times. Desta vez, através de seu editorial, o jornal britânico se preocupou em listar diversos pontos negativos que estão prejudicando o desempenho da economia brasileira e a imagem da presidente Dilma Rousseff.
Fonte - Depois de ler com bastante cuidado o teor do editorial, sem qualquer exagero fiquei com a nítida impressão de que tudo que os editores do FT disseram foram baseadas nos conteúdos publicados no Ponto Crítico ao longo dos últimos anos. Só pode...
Pensar+ - Faço muita questão de deixar bem claro que tudo que consta no editorial do FT já foi abordado em prosa e verso em conteúdos produzidos por vários pensadores (membros do Pensar+) do qual faço parte desde a sua criação. Aliás, o Pensar+ tem como propósito interpretar tudo aquilo que mexe com a nossa economia e, principalmente, os efeitos que as medidas governamentais, tomadas a todo o momento, provocam nas nossas contas públicas.
Ingenuidade jornalística - Diz no editorial do Financial Times, que grande parte da culpa do que está acontecendo hoje é do próprio Brasil. Acaciana descoberta, não? Pois é. Esta conclusão é feita a partir das graves denúncias bilionárias de corrupção da Petrobras, da baixa popularidade da presidente e das perspectivas de recessão econômica.
. Mais: os editores do FT, agindo de forma bastante ingênua, disseram que nem parece aquele Brasil que pouco atrás estava predestinado ao sucesso. 
Diagnóstico tardio - Agora, dando a impressão de que está querendo se desculpar junto aos seus leitores pelo diagnóstico tardio, e como isso colocar melhor os pés no chão (quem sabe foram buscar informações nos Artigos Anteriores do Ponto Crítico), o FT, de forma mais consciente, diz, no seu editorial, que a situação econômica do Brasil, ao que parece, piorará ainda mais.
Descoberta dos motivos - O mais interessante do texto do FT é a descoberta dos motivos que levaram o nosso pobre país ao debacle. Eis o que diz o editorial: 
- A bonança vivida nos últimos anos, com o boom das commodities, a mudança nos termos do comércio exterior, a queda do desemprego e as receitas públicas infladas, estava assentada no esteroide do boom de crédito. (bidú, não?).
Editorial tardio - Para concluir, o tardio editorial do jornal britânico diz: 
- O Brasil colheu os frutos da globalização sem disciplina. Com isso, a forte desvalorização do real, vista nos últimos dias, reprecifica a economia. O que significa que o real pode enfraquecer-se ainda mais. 
. Mais: diz também que países como Chile, Colômbia e Peru, se aproveitaram do boom das commodities e do crédito, mas sem a ressaca do Brasil e, por isso, continuam crescendo.
. Ora, que coisa, não? (Gilberto Simões Pires)

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