28 de mar. de 2015

Complementando o óbvio...

• Bancos e grandes empresas pagavam propina para anular dívidas na Receita. Operação zelotes: enfim um ataque a mega-sonegadores. 
• Calote: governo não pagou helicóptero de Dilma. Governo não paga parcela de helicópteros.
. O descontrole nos gastos do governo Dilma fez o Brasil aplicar calote de R$ 455 milhões na Helibrás, subsidiária da francesa Eurocopter, na aquisição de 50 helicópteros, em 2008. Um desses helicópteros é utilizado para o transporte da presidente Dilma, em Brasília. O valor do calote equivale a 35% dos R$ 1,29 bilhão que deveriam ter sido pagos em 2014, e começa a complicar futuros acordos com outros países.
. A dívida entrou em restos a pagar, mas, com o ajuste, a França pode esperar um novo calote da parcela de 2015 no valor de R$540 milhões.
. Após desdenhar do contrato dos helicópteros (é coisa do Jobim), o Ministério da Defesa culpou o contingenciamento de 2014.
. Recentemente, o Brasil perdeu o direito a voto no Tribunal Penal Internacional devido às dívidas com a Organização das Nações Unidas.
. Há relatórios da ONU que demonstram que o Brasil é conhecido mau pagador por lá. Está inadimplente desde 2009 com as missões de paz. (Cláudio Humberto) 

Os robôs abandonam o barco. 
. O documento que vazou do Planalto falando dos robôs usados nas redes sociais me fez lembrar de 2010. Foi a última campanha que fiz no Rio de Janeiro. Na época detectamos a ação de robôs, localizamos sua origem, mas não tínhamos como denunciar. Ninguém se interessou.
. Os robôs eram uma novidade e, além do mais, o adversário não precisou deles para vencer. Tinha a máquina e muito dinheiro: não seriam mensagens traduzidas, grosseiramente, do inglês - contrataram uma empresa americana - que fariam a diferença. Essa campanha de 2010 pertence ao passado e só interessa, hoje, aos investigadores da Operação Lava Jato.
. Os robôs abandonaram Dilma Rousseff depois das eleições. E o Palácio dá importância a isso. Blogueiros oficiais também fazem corpo mole em defendê-la, por divergências políticas. Isso confirma minha suposição de que nem todos os blogueiros oficiais são mercenários. Há os que acreditam no que defendem e acham razoável usar dinheiro público para combater o poderio da imprensa.
. Vejo três problemas nesse argumento. O primeiro é uma prática que se choca com a democracia. O segundo, o governo já dispõe de verbas para fazer ampla e intensa propaganda. E, finalmente, Dilma tem todo o espaço de que precisa. Basta convocar uma coletiva e centenas de jornalistas vão ao seu encontro. Se Dilma quiser ocupar diariamente cinco minutos do noticiário nacional, pode fazê-lo. O chamado problema de comunicação do governo lembra-me O Castelo, de Kakfa. A porta sempre esteve aberta e o personagem não se dá conta de que a porta está aberta.
. O problema central é que Dilma não sabe tocar esse instrumento. Todos os presidentes da era democrática sabiam. Lembro-me apenas do marechal Dutra, no pós-guerra, mas era muito criança. Falava mal, porém fez carreira militar, era um marechal, que comprou muita matéria plástica. Mas era um outro Brasil comparado com o avanço democrático e a onipresença do meios de comunicação.
. Os robôs que abandonaram o barco não me preocupam. Esta semana parei um pouco para pensar na terra arrasada que o PT deixará para uma esquerda democrática no País. Não só pelo cinismo e pela corrupção, pelas teses furadas, mas também pela maneira equivocada de defender teses corretas. Ao excluir dissidentes cubanos, policiais brasileiros, opositores iranianos da rede de proteção, afirmam o contrário dos direitos humanos: a parcialidade contra a universalidade.
. Algo semelhante acontece com a política sobre os direitos dos gays, que apoio desde que voltei do exílio, ainda no tempo do jornal Lampião.
. Ao tentar transformar as teses do movimento numa política de Estado, chega-se muito rapidamente à desconfiança da maioria, que aceita defesa de direitos, mas não o proselitismo. Tudo isso terá de ser reconstruído em outra atmosfera. Será preciso uma reeducação da esquerda para não confundir seus projetos com o interesse nacional.
. Isso se aprende até nas ruas, vendo o desfile de milhares de bandeiras verdes e amarelas. Na sexta-feira 13 houve um desfile de bandeiras vermelhas. Essa tensão entre o vermelho e o verde-amarelo é expressão pictórica da crise política.
. Se analisamos a política externa do período, vemos que o Brasil atuou lá fora como se sua bandeira fosse vermelha. Ignora a repressão em Cuba e na Venezuela, numa fantasia bolivariana rejeitada pela maioria do País.
. Discordo de uma afirmação no documento vazado do Planalto: o Brasil vive um caos político. Dois milhões pessoas protestam nas ruas sem um incidente digno de registro. Existe maturidade para superar a crise, sem violência.
. Bem ou mal, o Congresso Nacional funciona. O caos não é político. É um estado de espírito num governo e num partido que ainda não compreenderam seu fim. Nada mais cândido que a sugestão do documento: intensificar a propaganda em São Paulo.
. Com mais propaganda, mais negação da realidade, o governo contribui para aumentar o som do panelaço. E exige muita maturidade da maioria esmagadora que o rejeita.
. Li nos jornais a história de um deputado no PT reclamando de ter sido hostilizado em alguns lugares públicos. Se projetasse o que virá no futuro, teria razões para se preocupar.
. A crise econômica ainda vai apresentar seus efeitos mais duros. Um deles é o racionamento de energia. Sem isso, acreditam os técnicos, não há retomada do crescimento em 2016. Como crescer sem dispor de mais energia?
. As investigações da Lava Jato concentram-se no PT. Muitos depoimentos convergem para inculpar o tesoureiro João Vaccari Neto. Li que uma das saídas do partido seria culpar o tesoureiro, uma versão petista de culpar o mordomo.
. Um governo que recusa a realidade, crise econômica que caminha para um desconforto maior e o foco da investigação da Lava Jato no PT são algumas das três variáveis de peso que conduzem a uma nova fase.
. Diante desse quadro, não me surpreende que os robôs estejam pulando do barco do governo. Apenas confirmam minha suspeita de que se tornam cada vez mais inteligentes.
. Eles continuam à venda no mercado internacional. O secretário da Comunicação recomendou ao governo dar munição a seus soldados na internet, Lula ameaçar com o exército de Stédile. Um novo exército de robôs seria recebido com uma gargalhada nas redes sociais.
. Juntamente com os robôs, Cid Gomes saltou do barco. Ao contrário dos robôs, seu cálculo é político. Superou em 100 a marca de Lula sobre os picaretas no Congresso. Preservou-se com os futuros eleitores./ Mas, e aquela história da educação como o carro-chefe do projeto de Dilma? Confusão entre os estudantes que não recebem ajuda e o ministro contando picaretas no Congresso.
. É tudo muito grotesco. Os partidos querem ver Dilma sangrando. Além de ser muito sangue o que nos espera pela frente, é preciso levar em conta que, de certa maneira, o Brasil sangra com Dilma. Arrisca-se a morrer exangue. (Fernando Gabeira)
Leitura de final de semana. 
Tempo para buscar esclarecimentos - Como a maioria dos brasileiros não trabalha nos finais de semana, além do tempo que destina ao lazer com a família e/ou amigos, muita gente, principalmente nesse momento em que a situação econômica e social do país mostra um claro e elevado grau de deterioração, costuma se esclarecer melhor colocando a leitura em dia.
Crise moral? - Diante das infindáveis notícias que tratam do impressionante assalto à Petrobras, assim como descobertas de diversos roubos de dinheiro público, todos de grande monta, há quem imagine que a crise que o país vive é moral, ou seja, basta prender os ladrões para que as coisas voltem a melhorar. 
Imensurável incompetência - Pois, aproveitando que estamos na véspera do final da semana, proponho que os leitores/assinantes do Ponto Critico virem, momentaneamente, esta página policial, que envolve a lista sem fim de corruptos e corruptores, e fiquem atentos aos prejuízos que o Brasil ainda vai sofrer como reflexo da imensurável incompetência deste fantástico governo destruidor-petista.
Bancos públicos - Pois, além do escabroso caso Petrobras, que já deixou a população brasileira pra lá de revoltada e de cabelo em pé, quando a realidade das contas dos bancos públicos vier à tona, aí a situação vai ficar incontrolável. Incontrolável sob dois aspectos: o econômico, que vai mostrar a sua face nitidamente depressiva; e o social, que vai levar muita gente ao desespero
Sistema financeiro - Hoje, em conversa reservada que mantive com um dos nossos pensadores (Pensar+), ouvi que um presidente de um grande banco (privado) se mostrou extremamente preocupado com a situação dos bancos públicos. O populismo/assistencialismo petista, como é sabido, promoveu elevada concessão de créditos com baixa possiblidade de retorno. Um rombo e tanto, portanto, está para ser conhecido.
. Aliás, só os investimentos da Petrobras adicionada a recuperação judicial das empreiteiras (calote sobre os bancos), já seriam suficientes para originar um efeito cascata de ordem sistêmica sobre o sistema financeiro e as empresas. Mas a coisa é ainda pior, principalmente no BNDES, que simplesmente distribuiu dinheiro sem volta.
Ajuste fiscal - Diante deste quadro, ainda não escancarado publicamente pela mídia, que por ora só tem olhos voltados para a Petrobras, e, considerando a absoluta fragilidade política que reina no país, o ajuste fiscal pretendido por Levy e sua equipe acabará sendo numa única direção: muito pelo aumento da receita e menos ou quase nada pela diminuição da despesa. Ou seja, mais dinheiro -limpo- sendo colocado no lamaçal público. Pode?
Raciocínio lógico - Se alguém entende que só a quebradeira pode salvar o Brasil, um outro pensador (Pensar+), Roberto Rachewsky, reage da seguinte forma: - A quebradeira só é bem-vinda nos casos de destruição criativa. Como consequência de processos inovadores. Essa que já está ocorrendo não mudará nada. O governo intensificará sua intervenção. A mudança de paradigma, que me parece ser sair do modelo estatizado para o de mercado, requer mudança de mentalidade. Isso não ocorre desse jeito.
. O meu recado final é o seguinte: precisamos, todos, fazer do Movimento das Ruas algo que realmente conserte o país e não que o torne ainda mais inviável. 
. Bom fim de semana! Bons pensamentos! (Gilberto Simões Pires)

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