11 de set. de 2014

Desbancar Marina é meta petista...

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Banco dos EUA, Merrill Lynch, ajudou doleiro Youssef a trazer R$ 7 milhões ao Brasil, diz delator. Instituição financeira montou operação para disfarçar a falta de origem do dinheiro. Ministro do Supremo libera documentos da operação Lava Jato para a CPI da Petrobras. Empresas investigadas no caso doaram R$ 60 milhões a partidos e a presidenciáveis.

O Banco Central informou nesta quinta-feira que é plausível levar a inflação para a trajetória da meta dentro do cenário que não inclui redução da Selic. O BC espera que inflação só volte para a meta oficial em 2016. Ata do Copom deixa claro que não há intenção de reduzir juros, diferentemente do que previa o mercado e prevê alta de 16,8% na conta de luz este ano, segundo ata do Copom.

Desmatamento volta a subir na Amazônia Legal. Destruição da floresta aumentou 29% em 2013, depois de quatro anos em queda; especialistas temem tendência de crescimento.
Empresa investigada pela PF tocou obra da Petrobras apadrinhada por Lobão.
Na internet, Plebiscito soma mais de 1,5 milhão de votos pelo SIM.
Brasil contesta críticas da ONU sobre aumento de índios presos. Reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Segundo relatório apresentado em Genebra, número aumentou 33% em passado recente; governo rebate dados e cita legislação protetora especial para índios.
Medo do ebola faz PF pedir ajuda no Acre. Vinda de senegaleses preocupa agentes.
Obama ameaça atacar EI na Síria. Em pronunciamento na TV, presidente americano afirmou que vai financiar e treinar rebeldes sírios para combater grupo radical islâmico. Otan ajudará EUA contra Estado Islâmico. Kerry pressiona países árabes a apoiar ação contra jihadistas. Secretário de Estado americano chega à Arábia Saudita para buscar adesão a plano anunciado por Obama contra o Estado Islâmico.
Líderes britânicos lançam ofensiva contra independência escocesa. Segundo ministro escocês Alex Salmon, visita de políticos de Londres não surtirá efeito porque ninguém acredita em promessas feitas em meio ao pânico.
Israel investiga atuação dos próprios militares em Gaza. Cinco incidentes ocorridos no recente conflito estão sendo analisados, segundo fonte do Exército. Organizações de direitos humanos criticam credibilidade das investigações.
1. O atleta paralímpico Oscar Pistorius foi absolvido nesta quinta-feira das acusações de assassinato premeditado de sua namorada, Reeva Steenkamp, na madrugada de 14 de fevereiro de 2013. A juiza do caso, Thokozile Masipa, ainda está avaliando se o réu é culpado de homicídio culposo.
2. O julgamento do sul-africano em um tribunal de Pretória se estendeu por mais de um ano, tendo terminado no último dia 8 de agosto – o júri só definiu e divulgou o veredicto, porém, um mês depois.
3. A juíza Masipa disse em seu veredicto que a promotoria não conseguiu provar sem sombra de dúvidas que o paratleta teria planejado matar Steenkamp./ Mesmo assim, a magistrada concluiu que o atleta teve a intenção de dar os tiros que mataram a namorada.

Dilma, a nefelibata. 

Dilma nas nuvens - A presidente Dilma Rousseff considera estarrecedor que um servidor de carreira da Petrobrás - o seu diretor de abastecimento e refino entre 2004 e 2012, Paulo Roberto Costa - tenha sido o mentor do megaescândalo de corrupção na estatal que começou a emergir em março último, com a prisão dele e de seu sócio Alberto Youssef, o doleiro suspeito de branquear R$ 10 bilhões. Costa, como se sabe, conseguiu ser solto, mas voltou para a cadeia em junho, quando se descobriu que mantinha US$ 23 milhões em contas na Suíça, o que poderia induzi-lo a fugir do País. Em fins de agosto, para não ser condenado às penas a que de outro modo estaria exposto e, ainda, obter perdão judicial, ele começou a contar ao Ministério Público e à Polícia Federal o que seria a versão integral da roubalheira.

No último sábado, a imprensa divulgou quantos - e, em um caso, quais - seriam os políticos e autoridades que ele teria acusado de receber propinas equivalentes a 3% do valor de contratos firmados com empresas participantes da tramoia. Na segunda-feira, na sua vez de ser ouvida por este jornal na série de entrevistas com os candidatos ao Planalto, a presidente fez a respeito do esquema afirmações, estas sim, de estarrecer. Pelo cinismo, em primeiro lugar. Eu não tinha a menor ideia de que isso ocorria dentro da empresa, sustentou, de cara lavada. A ex-ministra de Minas e Energia e ex-titular da Casa Civil do governo Lula - e, nessa condição, presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, a sua mais alta instância decisória - não pode se passar por nefelibata, vivendo nas nuvens.

Não bastasse a massa de informações sobre a empresa a que tinha acesso por força dos cargos que ocupava no aparato estatal mesmo antes de vir a comandá-lo, as questões relacionadas a energia, em geral, e ao petróleo, em especial, sempre interessaram de perto a ex-mestranda em economia pela Unicamp. Depois, presidente da República, colocou no comando da Petrobrás uma servidora de carreira, cuja lealdade à amiga próxima decerto faria com que compartilhasse com ela histórias do cotidiano da companhia que talvez não comentasse nem sequer com os membros da diretoria executiva por ela nomeados. Por último, o serviço de inteligência do Executivo federal sempre poderia ser acionado para seguir de olhos bem abertos o que se passava na maior empresa brasileira.

É praticamente impossível escapar à conclusão de que Dilma, a detalhista, não quis saber do enraizado sistema de fraudes que, ao beneficiar políticos da base aliada do Planalto, contribuía objetivamente para consolidar a agigantada coligação eleitoral de nove partidos com a qual espera se reeleger. No limite, a presidente não teria querido que se soubesse. A sua outra afirmação estarrecedora foi a de garantir (o termo é dela) que todas as sangrias que pudessem existir estão estancadas. Podem estar, mas, aí sim, pode-se dizer com absoluta certeza que ela não tem nada com isso. Suspeitas sobre malfeitos na Petrobrás se sucediam havia pelo menos três anos. Paulo Roberto Costa deixou a empresa em março de 2012, mas já em agosto tinha montado uma consultoria que funcionava como uma cópia da chave com a qual, anos a fio, abrira as portas dos gabinetes mais procurados da estatal.

Assim como o então diretor, o novo consultor continuou a manter desenvoltos negócios, por exemplo, com a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, tida pelos conhecedores como um poço sem fundo de maracutaias. Era para custar R$ 5,6 bilhões. Deverá custar R$ 41,5 bilhões. A estimativa inicial, desdenhou Costa numa entrevista, era uma conta de padeiro. O fato é que Dilma, podendo fazê-lo, não moveu um dedo para suturar as veias abertas da Petrobrás. Elas continuavam a verter, com toda probabilidade, até a Polícia Federal desencadear a Operação Lava Jato que levou à prisão, entre outros, a empreendedora dupla Costa & Youssef e à decisão do primeiro de delatar o esquema que chefiava em benefício de empreiteiras e políticos governistas. Já a presidente da República, quando podia coibir o assalto aos cofres da Petrobrás, não o fez. Agora, pelo menos demonstre algum respeito pela inteligência do público. (Estadão) 

Dez mentiras do governo Dilma. 

Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo eleitoral.

Enquanto insistirem em falar mentiras sobre os neoliberais, cumprirei o compromisso de falar verdades sobre o governo.

Há dois elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como hábito da mentira.

Inventam o que querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio podem ser substanciais./ Restrinjo-me a questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de pertinência desta newsletter.

Ao não reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica. Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.

1. A crise vem de fora.

Esse é o discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil. O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos./ Indo além, há de se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre 2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.

Comparando com o pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru, exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%, 4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013./ Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de 1,7% ao ano.

A retórica oficial, desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula, lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.

2. A política neoliberal vai aumentar o desemprego.

Não há como desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.

Podemos não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a existência de relação entre as variáveis.

O crescimento econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o emprego./ Os dados do Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde 1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde 1999.

Quem vai gerar desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi destruída).

3. A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo. 

Essa é uma mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: os dois candidatos da oposição já se comprometeram, em dezenas de oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.

Ademais, quando Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de 4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de 3,5% ao ano entre 2011 e 2013.

Ou seja, o reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como o bastião em favor do salário mínimo.

4. A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho salarial.

Esse ponto, obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada de enganar a população.

Arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso, evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à inflação.

Precisamos dar profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário real.

O que os neoliberais querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais, sem impactar a inflação.

Caso contrário, aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação.

5. Programa de Marina reduz a pó política industrial.

A presidente Dilma realmente não precisa ter essa preocupação, pois ela mesma já fez o serviço. O Plano Brasil Maior, lançado em 2010 com metas para 2014, não conseguiu entregar sequer um de seus vários objetivos.

Dilma oferece simplesmente o maior processo de desindustrialização da história brasileira, fazendo o presidente da Fiesp afirmar categoricamente que somente louco investe hoje no Brasil.

Seria pertinente preocupar-se com a própria política industrial antes de amedrontar-se com o programa alheio.

Quem defende uma política de campeões nacionais, em que se escolhem a priori os vencedores da prática concorrencial desafiando a lógica de mercado, não entende absolutamente nada de empreendedorismo e política industrial.

O maior elogio que Marina poderia receber à sua política industrial é a desconfiança de Dilma.

6. A política monetária foi exitosa.

A frase foi proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira tem sistematicamente namorado o teto da meta, de 6,50% em 12 meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos existe apenas para abarcar choques exógenos.

A rigor, a inflação em 12 meses está até acima do teto. O IPCA de agosto aponta variação de 6,51% em 12 meses, estourando o limite superior do intervalo.

Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio./ Esse é o tipo de êxito que esperamos da política econômica?

7. Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.

Para ser justo, a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o racional da administração petista.

O velho trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?/ Bom, antes de entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.

Ignorando esse fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.

O debate até faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante, Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais emprego.

A partir da síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.

Ao trabalhar com uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego original.

E, sim, o espaço aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas (professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui; convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por incompatibilidade de agenda.

8. As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo. 

A preciosidade foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões.

Nos últimos 12 meses, a variável marca 1,4% do PIB, sendo metade derivado de receitas extraordinárias, como Refis e leilão de libra. E se considerarmos o atraso em pagamentos em subsídios, precatórios e repasses aos bancos públicos para benefícios sociais, provavelmente não passamos de 0,5% do PIB./ O déficit nominal bate 4% do PIB, flertando com aumento de dívida, maiores impostos e/ou mais inflação à frente. Essa é a herança que a absoluta organização das contas públicas está nos deixando.

9. Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.

Intuitivamente, você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é um instrumento clássico de concentração de riqueza.

Mas há de ser além da simples intuição, evidentemente. Aqui, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, última disponível, é emblemática.

A constatação principal é de que, depois de 10 anos ininterruptos de melhora, a desigualdade de renda para de evoluir em 2012. O coeficiente de Gini, medida clássica de equidade, para de cair e as curvas de Lorenz de 2011 e 2012 são sobrepostas.

Em adição, a relação existente entre a renda apropriada pelo 1% mais rico da população e os 50% mais pobres aumenta de 0,66 para 0,69. Ou seja, o resultado é simples: quebramos uma sequência de 10 anos de avanço da distribuição de renda no Brasil. A política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de forma mais equitativa.

10. A oposição faz terrorismo eleitoral.

Se você compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é financiado por um dos candidatos de oposição./ Enquanto isso, a situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio da....situação.

Seríamos nós, analistas e economistas, os terroristas?

Essa é a herança que fica para 2015. Você tem dois caminhos a adotar: o primeiro é esperar as consequências materiais dessa gestão desastrosa sobre seu patrimônio, e o segundo é começar a se mexer, de modo a proteger ou até mesmo aumentar suas economias. (Felipe Miranda, CNPI) 
  

Milicianos pró-russos viriam para América Latina
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Milicianos espanhóis viriam para América Latina

O jornal El Mundo, de Madrid, entrevistou dois milicianos espanhóis que lutam no Batalhão Vostok, no leste da Ucrânia, por causa das afinidades do grupo separatista com as crenças comunistas.

Ángel Arribas Mateo, 22, é de Cartagena e tem tatuada a imagem de Lenine no braço direito e a de Stalin no esquerdo. 

Rafael Muñoz Pérez, 27, é das Astúrias. Os dois ingressaram como voluntários na milícia pró-russa mais violenta e sanguinária.

Eles receberam instrução militar no local e estão adquirindo experiência de combate. Ostentando a bandeira da II República espanhola da Guerra Civil 1936-1939, eles repetem a todos o slogan comunista No pasarán.

Ángel frequentou a juventude do Partido Comunista dos Povos da Espanha (PCPE) e o Partido Comunista (PCE), que faz parte da Izquierda Unida, representada no Parlamento espanhol. 

Rafael e Ángel partilham a visão marxista-leninista do mundo, e por isso decidiram se unir aos separatistas guiados por Moscou.

Não temos passagem de retorno, dizem, mas reconhecem que a situação militar está ruim para os pró-russos e, se piorar, já pensam em fugir para a Rússia e depois seguir para Cuba e/ou Venezuela.

Quando conseguiram entrar no território rebelde e se apresentaram como comunistas espanhóis, foram aclamados pelos terroristas do Vostok.

Sem conhecer a língua local, estreitavam efusivamente as mãos daquela brigada internacional e bradavam: No pasarán!

Para eles, trata-se de vingar a Guerra Civil espanhola, perdida por seus pais e avôs. 

Os dois foram criados no clima de distensão e anestesia que dominou Espanha nas últimas décadas. Por isso, foi uma surpresa quando pegaram em armas de guerra e começaram a treinar.

Entrarei em combate, se for necessário, contra os bastardos fascistas, disse Ángel. Para eles, o maior sinal de amizade dos terroristas foi ter-lhes fornecido modernas Kalashnikovs.

Ángel e Rafael foram visitar a estátua de Lenine e os monumentos soviéticos que estão sendo derrubados nas cidades livres da Ucrânia.


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Fanatismo comunista-republicano os levou para Ucrânia e os traria para América Central ou do Sul

Para se distinguirem dos milicianos provenientes de países tão diversos como a Chechênia ou a Sérvia, eles costuraram a bandeira da Segunda República, que ostentam, na bandeira comunista vermelha com a foice e o martelo. 

Ambos dizem estar orgulhosos, porque em Donetsk não há polícia, mas não há problema algum (sic!). Sou comunista, mas se isto é anarquismo, eu troco, brinca Ángel, com uma linguagem orwelliana. 

É claro que, se há problema, são os saques e crimes praticados por seus colegas de milícia. E se um cidadão resistir, pode acabar na fossa comum. É assim como está sendo feita a paz na anarquia comunista!

Perguntado pelo jornalista sobre o que fariam se a rebelião fracassar apesar do ingente apoio de Putin, Rafael responde: - Não sei o que dizer. Eu imagino que se a resistência sucumbir, não pensamos nos imolar. Se virmos que isto está perdido, vamos embora, diz Rafael.

Ángel está muito à vontade no Vostok, e acrescenta: Se ganharmos a guerra, eu ficaria vivendo aqui. Ofereceram-nos até casa e carro próprio, obviamente confiscado à ponta de Kalashnikov.

Porém, os dois reconhecem que a realidade não parece prometer a realização desse desejo. O exército ucraniano está rodeando a cidade, as bombas atingem os ninhos rebeldes e os milicianos já não podem sair para treinar.

As noites são difíceis: quando bombardeiros e drones sobrevoam o quartel, todos pulam para fora do prédio, com medo de serem sepultados com ele.

Se a coisa ficar feia, tentaríamos cruzar a fronteira russa. Se não nos deixarem voltar à Espanha, pediríamos asilo a Cuba ou à Venezuela, diz Ángel, que confidencia ter sonhado participar na revolução marxista de Fidel.

O testemunho desses dois milicianos comunistas revela a afinidade ideológica entre as falanges subversivas internacionais colocadas por Putin na Ucrânia e os grupos revolucionários marxistas ou populistas há tempos bem instalados na América Latina.


Essa afinidade poderá amanhã atrair graves perigos para nossos países. O Brasil que se cuide.

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