19 de mai. de 2014

Com a palavra, os sociólogos...

Na Idade das Pedras Depredar 708 ônibus em dois dias é uma proeza inédita. Em mais de 60 anos no Rio, nunca vi igual.

Algumas semanas fora, e a volta a um país de cara amarrada, espumando de raiva, quebrando e depredando como se estivesse na Idade das Pedras, além das de crack. Depredar 708 ônibus em dois dias é uma proeza inédita. Em mais de 60 anos no Rio, nunca vi igual. Além de jogar pedras em ônibus, bancos, lojas e prédios públicos, a moda (nacional) é também depredar pessoas, como fizeram com a pobre senhora em Guarujá, a partir de um boato falso, num espetáculo de crueldade digno dos antigos circos romanos. Ou como duas moças, de 19 e 15 anos, fizeram em Foz do Iguaçu com uma adolescente de 13, executada igualmente a pedradas por ciúme do namorado de uma delas. Por pouco, a população não fechou o círculo da barbárie, linchando as duas criminosas, o que seria o sétimo justiçamento este ano no país. E há os que, em vez de pedras, matam atirando vasos sanitários de uma altura de 24 metros, como aconteceu num estádio em Recife. O choque é ainda maior para quem, morador da terra do Profeta Gentileza como eu, está chegando de Portugal, um país em crise, com desemprego e austeridade, mas desfrutando de uma invejável paz urbana. Parece que estamos atravessando um cumulus nimbus, aquelas nuvens que são o terror dos passageiros aéreos porque provocam turbulências capazes de derrubar o avião. Não fosse o medo de ser acusado de racismo, eu diria que a coisa tá preta. Se até Jair Rodrigues parou de sorrir.

Pelo que li, sociólogos atribuem esses vários tipos de violência à descrença nas instituições públicas, já que, segundo pesquisas, mais de 70% dos brasileiros não confiam nem nas leis, nem no Congresso, nem nos empresários, só em si mesmos. O desvio virou norma e, contrariando o princípio da democracia, em que prevalece a vontade da maioria, a minoria é quem manda agora, ou tenta mandar. Por qualquer reivindicação, um pequeno número de manifestantes pode impedir o trânsito de milhões de pessoas a caminho do trabalho ou de casa. O exemplo mais gritante foi a greve dos rodoviários cariocas, promovida por um grupo minoritário de dissidentes, que, derrotados na assembleia da classe, impuseram à força e contra a vontade do próprio sindicato e da Justiça a paralisação da cidade por 48 horas. Um amigo me aconselhou: Fica calmo, porque vai piorar até a Copa. Minha esperança é que seja um surto, e que a pouca adesão aos protestos de anteontem mude a orientação. Os próprios motoristas já pensam em usar outra estratégia: em vez do enfrentamento, as catracas livres. 

Desde que Freud passou a substituir Marx nas análises da realidade, sabe-se que o meio ambiente não explica tudo. Assim, para entender o sanatório geral que é hoje o Brasil, recomenda-se chamar, além dos sociólogos, os psicanalistas. (Zuenir Ventura) 

trek palm photo facepalm.gif O Nascimento de uma Nação!... 

Sob a ótica de sociólogo 1: 

Não sei se estou fora de órbita, ou se estou totalmente equivocado em minhas percepções sobre a realidade brasileira atual, mas, em resumo, não consigo entender, nem me conformar com o que está acontecendo hoje, em nosso País! 

Revirando o passado, por mais que eu tente, não consigo ver nada parecido com o que está aí, diante de nossos olhos! Já tivemos, no País, movimentos memoráveis de contestação, de protesto, de verdadeira insubordinação civil, com multidões de pessoas tomando as ruas, fazendo valer a sua voz e pressionando os Sistemas então instituídos! Só para lembrar alguns desses episódios, posso citar toda a ambiência tensa e fora de controle de março abril de 64, o memorável movimento das Diretas Já, o brado cívico do impeachment de Collor, o próprio movimento popular de eleição do Lulla, entre outros!

Eram multidões nas ruas, voltadas especificamente e exclusivamente para o objetivo que as mobilizava, sem qualquer ação de baderna, de depredação, de destruição ou saques de lojas e das cidades!

Então? O que mudou em relação ao verdadeiro estado de descontrole que hoje toma conta de todo o País e que se avizinha como catastrófico e escatológico, com a aproximação da Copa?

Os insumos psicológicos e sociológicos constitutivos da população brasileira continuam os mesmos, o desenho componencial dos atuais movimentos de contestação contra o Sistema continuam os mesmos, enfim a essência das atuais manifestações, em nada é difere das manifestações do passado: descontentamento com o status quo!...

Então, resta a pergunta óbvia e fatal: Afinal, o que mudou no País, nesses últimos anos, que justifique ou explique a baderna, a depredação, a destruição e esse estado de perda de controle?

Posso estar enganado, mas para mim não existe qualquer outra resposta possível, que não seja esta: O que mudou no País, nesses últimos anos, foi tapa na cara que o PT apóstata deu em toda a população brasileira, instituindo, pela primeira vez no País, a sua ÉPTica criminosa, suas parcerias e sua aprovação ilimitada ao comportamento criminoso de seus aliados, enfim, a destruição de qualquer valor ou princípio que possam balizar ou referenciar o comportamento da população!

Uma imagem vale mais que mil palavras
 photo _aimagens14.jpg 

A população brasileira não tem mais qualquer referencial ético onde se mirar, em vista do estado de parceria e de cobertura do crime, que vem de cima! Qualquer ação, qualquer atitude, se comparada ao que é hoje feito pelo Sistema vigente, em seus três Poderes constituídos, é mero pecado venial!

Diante da esbórnia oficial desses criminosos de plantão, que continuam sendo os Gestores e os Condutores dos destinos do País, com todas as honras e mesuras, por que não depredar 708 ônibus em dois dias, por que não invadir e destruir lojas, por que não levar para si, como fazem as autoridades, bens e produtos que pertencem a outros, por que não linchar inocentes, por que não executar a pedradas colegas de escola que flertaram com seus namorados?

Se os deuses que controlam o Sistema cometem impunimente crimes muito mais terríveis, por que nós, míseros mortais, não podemos fazer a mesma coisa?

Por diversas vezes, nesses últimos anos, tenho comentado que, para reverter essa ÉPTica singular do PT apóstata e trazer novamente a população brasileira para o caminho de paz, de serenidade e de tolerância que sempre trilhou, serão necessárias duas a três gerações!...

Quanto mais tempo se passar sem que esse processo de deterioração seja contido e revertido, mais e mais gerações serão necessárias para que as coisas voltem ao seu estado natural!

Não posso deixar de registrar, entre tantas e tantas manifestações de preocupação e de espanto que vemos brotar aqui e ali, a fala de dois grandes conhecidos nossos, sobre o momento atual.

A primeira, da lavra de nossa escritora mineira, aqui de Divinópolis, a grande Adélia Prado, da qual destaco dois trechos:

 ...o Brasil (no passado), tinha uma pulsação cívica!... A gente estava na Ditadura e a gente estava mais vivo do que nós estamos agora!... 

 ...Eu estou muito impressionada com o Brasil. ...Eu acho que nós chegamos naquilo que Jean Baudrillard falou no livro A Transparência do Mal. O Mal está tão disseminado, tão enraizado, tão generalizado, que ele está transparente. Você não vê mais o ruim, ou bom. Está tudo uma coisa ruim, está uma comida envenenada. Os Poderes da República estão assim!... 

A segunda fala, vem do nosso Zagalo, referindo-se ao cenário desolador da pré-Copa do Brasil:

• ...As bandeiras não tremulam. Apitos, camisetas... estão encalhados nas lojas... O Brasil as vésperas da Copa, não está vibrante em Verde e Amarelo. O Brasil está Vermelho. Vermelho de vergonha. Vermelho de ver tanta corrupção. Vermelho de ver tanta maracutaia, tanta cara de pau dos nossos governantes. Estamos vermelhos vendo grande parte de nossos políticos e poderes sendo calados e comprados pela corrupção. O PT conseguiu tirar o brilho até do que o brasileiro mais gosta... É o vermelho tingindo de corrupção nosso verde e Amarelo...!

Sobre esse atípico desinteresse da população brasileira, em relação à Copa do Mundo que aqui será realizada, certamente fruto de um desencanto e de uma decepção quase endêmica com o estado de coisas de nosso Brasil de hoje, passo-lhes o relato abaixo: 

• Aqui bem perto de minha residência, em uma grande praça, ao lado da Lagoa do Sta. Lúcia, funciona uma Banca de Jornal. O proprietário, homem de visão, há anos intitulou sua Banca como Banca do Clube de Troca De olho no filão financeiro que poderia vir de carona no desmedido e entranhado vício que todos nós temos de colecionar algo, criou esse Clube de Troca, especificamente voltado para os álbuns de figurinhas de toda sorte que, de tempos em tempos, são lançados por aqui. Quem se cadastra, recebe uma carteirinha de Sócio desse Clube e pode adquirir suas figurinhas, por preços menores. E, de contrapeso, sua Banca virou a Sede Oficial de Trocas e de Negócios a serem realizados pelas crianças e seus pais, com as figurinhas da vez. Acho que vem gente de toda a cidade, para participar desse singular mercado.

É claro, a Dona FIFA conhece muito bem esse nosso vício de colecionadores e lançou o Álbum da Cópia com as figurinhas de todos os Clubes Participantes, etc... A Banca do Clube da Troca, nessas oportunidades, reúne verdadeiras multidões de crianças e pais, na maratona de trocar figurinhas!

Hoje, passando por lá, resolvi me aprofundar nessa questão: em uma contagem mais um menos fidedigna, conseguir somar mais de 600 colecionadores, ali, em uma agitação infernal, com meios múltiplos de controle, eletrônicos ou manuais, pulando de garoto para garoto, na sanha de conseguir trocar suas figurinhas repetidas , por outras que faltavam em sua coleção...

À primeira vista, poder-se-ia inferir que essas crianças e seus Pais estão supermotivados para a Copa do Mundo, trazida para cá pela irresponsabilidade de Lulla e de seu PT apóstata!...

Ledo engano! Ninguém está nem aí para a Copa propriamente dita! Resolvi dar uma de pesquisador e abordei uns 30 meninos, basicamente com a seguinte pergunta: Se você pudesse escolher, o que você preferiria mais: poder completar seu álbum de figurinhas ou ver o Brasil como campeão?

Resultado: cerca de 22 estavam mais empenhados em completar seu álbum. Os restantes ficariam contentes se o Brasil fosse campeão!...

Interessante, não?

Quase nessa mesma linha, meu neto pequeno, que está completando anos, perguntado pelos mais chegados, o que queria ganhar de presente de aniversário, saiu-se com essa: ...quero que me deem o valor do presente, em envelopes de figurinhas... 

Ao contrário da grande maioria dos Países do mundo, nosso Brasil teve sua identidade e sua estrutura de Nação formadas e constituídas, praticamente de modo natural, pacífico e sem sangue ou guerras internas! Dizem alguns estudiosos que, nesse cenário, não se consegue forjar uma verdadeira identidade de valores e de princípios, em nenhuma Nação!

Pelo que foi desconstruído nesses últimos 10 anos, por aqui, sob a égide da degradação PTista apóstata, e pelo estado de desesperança, de descompromisso, de falta de referência positivas que estamos vivendo e que vamos viver até julho, temo sinceramente que possa estar chegando para o nosso País, o momento de ele se defrontar com a dor, com o descontrole social, com o sangue a jorrar nas ruas...

Paradoxalmente, é esse o preço que temos de pagar para a revitalização de nossos valores e nossa identidade de Nação, nos braços da degradação promovida pelo PT apóstata?

Que doloroso Nascimento de uma Nação! (Márcio Dayrell Batitucci) 

Sob a ótica de sociólogo 2: 

Srs. 

A Sociologia é acusada de contar com muitos métodos e poucos resultados. Talvez seja verdade. Mais ainda será em assunto tão complexo como este. Talvez impossível. E mais ainda em tempos de crise tão profunda, onde o chão está mesmo faltando. Nesse ambiente, todas as ciências vivem também suas crises. Não só a Sociologia. Dificilmente se encontrará nas ciências sociais explicação que englobe todo o cenário, na impossibilidade das sínteses. Muito difícil. O que se pode fazer é tentar montar aproximações, comendo pelas beiradas, como costumamos dizer. É claro que é inevitável o viés do analista, principalmente no meu caso, tão insatisfeito com a situação.

A primeira abordagem, inexoravelmente, passa pela desigualdade social que, no caso do Brasil é vergonhosa, maldosa, cruel. Tem aumentado ao longo do tempo, independentemente de quem esteja no puder. É determinação irrevogável, inevitável, automática, do sistema econômico que viceja sem eira nem beira neçepaiz. O Brasil são dois. Para nós, os da parte de cima, fica essa ansiedade, esse medo perante a perspectiva de que tudo desabe. Por outro lado, talvez, para a grande população, na parte de baixo da pirâmide social, esse é o caminho certo, que se deve trilhar. Não sei, é preciso fazer pesquisas para trazer mais informações, O que se pode pensar é que o socialismo, enquanto ideia, não morreu. Continua vivo e continuará enquanto persistir a desigualdade social, mais certamente ainda, nos níveis que vivemos, ou seja, entre as dez piores do mundo. Nenhum sistema político decente e, também, nenhuma religião como tal, pode admitir favelas ao lado de condomínios de luxo, whisky escocês e água não tratada, Sirio-Libanês e SUS, Fundação Torino e EE Prof. José Mesquita, viagens ao exterior e caminhadas à pé rumo ao emprego.

Intimamente ligada à percepção anterior apresenta-se a questão do exercício da democracia. O brasileiro até hoje não aprendeu a lidar com essa instituição, que é uma das maiores invenções sociais que o homem já pensou (talvez somente a Justiça seja mais importante que ela). Aqui no Brasil, historicamente, é cíclico. Quando aos poucos vamos aprendendo a praticá-la, certamente que com os erros do aprendiz, vem um golpe militar e encerra o exercício e tudo começa novamente. Novas gerações nascem e crescem sob a orientação de uma ditadura e, depois, têm que aprender tudo sobre a liberdade de ser. 

Mais uma vez, a realidade brasileira não pode ser analisada de forma completa se não se fizer presente a consideração sobre o capital internacional. É ele quem determina o que vamos produzir, quando, como e como serão distribuídos os resultados da riqueza gerada. O sistema internacional definiu para nós essa conjunção econômica que aí está, independentemente de ser este ou aquele partido que está no poder. As bolsas isto e aquilo foram determinadas pelo interesse em desovar a espantosa produção de bens que as máquinas vomitam aos borbotões a cada segundo. O governo brasileiro não tomou essa providência porque gosta do povo, ou porque quer que os pobres alcancem melhor nível de vida. Quer que eles comprem celular, bebam mais Coca Cola e coisas assim. Se os políticos estivessem efetivamente interessados no bem estar nacional, não roubariam tanto, não teríamos essa legislação tão anômica que institucionaliza a impunidade, somente favorece os ricos que podem pagar advogados. Se estivessem interessados mesmo, os bandidos estariam na cadeia, o tráfico e o consumo de drogas não encontraria aqui o seu habitat mais perfeito, etc. etc,. Para eles, o povo é um detalhe, já foi dito pela ministra em arroubo de honestidade. Eles sabem que o voto se converteu, ele também, em uma mercadoria, e, portanto, se compra. Por isto a necessidade de tanto mensalão, propinoduto, caixa 2 etc. É aí que são decididos os resultados das eleições. Redes de televisão custam caro. Lideranças junto às comunidades pedem muito dinheiro e assim por diante.

Bem, por outro lado, o avanço da desorganização social é bem visível: a delinquência juvenil, a criminalidade em todas as suas manifestações. o alcoolismo, o tráfico e uso de drogas, a prostituição, as endemias e epidemias, o desempenho escolar nas suas diversas estatísticas, a corrupção, a perda de reconhecimento das instituições, a deterioração urbana, a agressão ao meio ambiente, a insegurança, etc. Enfim, todos os itens citados por Merril & Elliott ao desenvolver o conceito de organização (ou desorganização) social afiguram-se de forma extraordinariamente negativa no caso do Brasil, como nunca se viu na histórica deçepaiz. As manifestações, por princípio, são exercício da democracia, segundo vontade do povo. Sendo assim, não podem ser consideradas como insubordinação civil. Protestar contra os males da nação, rejeitar veemente os gastos da Copa do Mundo em país onde há tanta miséria, é ato legítimo. As manifestações de rua crescem na medida do conhecimento da possibilidade e, é claro, da motivação para tanto. Indignação é o que não nos falta. Dizem que o governo envia gente própria para destruir a credibilidade dos movimentos. Este procedimento é clássico, bem nos ensina a história. Getúlio Vargas era mestre neste artifício.

O PT roubar tanto fica explicado pela necessidade da compra dos resultados das eleições, já vimos. Isto está custando cada vez mais caro. O PSDB, se algum dia conseguir entrar (coisa difícil enquanto apresentar candidatos tão medíocres), vai roubar mais ainda, mais porque precisa do que realmente queira. Fico tentado a pensar que no caso do PT, essa pilhagem indômita, essa razia desmedida, tem ainda o gostinho da vingança. O pessoal que lutou contra a ditadura e enfrentou as torturas, quer roubar mais ainda para aplacar a raiva cultivada pelo Brasil. 

Não estou muito certo quanto ao esvaziamento, a perda de interesse pela Copa do Mundo. Espero que sim. Mas espero mesmo que as manifestações prejudiquem de alguma forma o andamento do torneio. Pelo menos para, aproveitando que os holofotes estão voltados para cá, mostrar à opinião mundial alguma coisa mais palpável da realidade nacional. Também o governo não está muito interessado nos resultados finais do campeonato. O que queria já obteve.

Já o Zagalo se queixar reside no fato que não foi convidado para fazer parte da festa. Por isto o Fenômeno e outros elogiam. (Manfredo Rosa)

Um comentário:

marco disse...

Economista faz alerta gravíssimo a Nação Brasileira
https://www.youtube.com/watch?v=1RAdwMjX_pM

O teto vai ruir...

Façamos as contas ao próximo exercício. Você aí que ainda nem recebeu os míseros trocadinhos do patrão e ouve a mulher querendo comprar comi...