Meu Amigo Petista
• Tenho um amigo petista (pessoa incrível e honestíssima), que escreveu sobre o relatório
da OIT - Organização Internacional do Trabalho, mostrando que a pobreza no Brasil caiu
36% em 6 anos, e dizendo que deve ter gente mordendo os cotovelos de tanta raiva. Não
resisti e respondo publicamente. Rir com dente é fácil.
• Quero ver agora que o preço das commodities caiu, que o modelo de exploração de
petróleo criado pela presidenta prova-se inviável, que a Petrobras não consegue mais
segurar a inflação artificialmente baixa, que o pibinho petista não vai sequer chegar a 2%,
que o Brasil começa a ser encarado como um país onde é difícil fazer negócio por tanta
intervenção e achaques às empresas, que o prazo razoável de fazer as importantes
reformas (previdenciária, tributária, fiscal, política…) já venceu, que não houve um mísero
progresso nas variáveis que impactam o aumento da produtividade e da competitividade
(infraestrutura, educação, ciência e tecnologia), que todos os esforços foram direcionados à
anabolização dos números no curto prazo em detrimento da poupança e do investimento no
longo, que os sete (eu disse sete) pacotes lançados nos últimos meses para tentar
ressuscitar o paciente moribundo mostraram-se tão patéticos quanto as pessoas que os
maquinaram, que as famílias estão endividadas até o talo de tanto estímulo ao consumo,
que a arrecadação já dá demonstração de queda (mesmo com o aumento das alíquotas, o
que representa perda real em base tributável - ou atividade econômica)…
Eu poderia continuar por mais uma semana elencando a sequência de burradas dos
governos petistas. E olha que eu nem entrei no mérito moral - aí, é capivara mesmo,
ficha policial!
• Com economia aquecida e uma carga tributária boçal (em ambos os sentidos:
quantidade e qualidade), é fácil ter muito dinheiro para gastar. Distribuir aos pobres parece
coisa de gente de bom coração. Renda na mão de pobre vira consumo e consumo conta
para o PIB. E, na mão de petista, vira voto na certa.
• Mas agora que o dinheiro vai começar a rarear, quero ver onde vai estar o coração dessa
gente. Ou vão cravar mais fundo os dentes no setor produtivo da sociedade ou vão ter que
escolher o que deixa de receber recursos. Tenho certeza de que o caixa 2 das campanhas
eleitorais deles está garantido - até porque este parece ser (por mais surreal que possa
parecer) o álibi dos 36 réus do mensalão.
• O fato é que, 10 anos depois, o pobre brasileiro pode ter ficado momentaneamente
menos pobre na carteira, mas não se tornou um milímetro mais capaz de enfrentar os
desafios do mundo moderno em que o país compete. Basta ver que os analfabetos
funcionais das faculdades de gesso do Luladdad chegam a 38% (é inacreditável, mas é
verdade).
• Acabada a farra da gastança, voltaremos para a mesma estaca em que estávamos antes.
Um pouco piores, na verdade, graças aos retrocessos que representam os constantes
ataques às instituições da sociedade (a Justiça, a liberdade de imprensa, a independência
dos poderes, o que restava de honradez no Congresso, a política externa que deixou de
servir à nação para se dobrar a um projeto particular de poder…) e às bases da economia
de mercado tão sólidas que os petistas herdaram de seus antecessores mais capazes (a Lei
de Responsabilidade Fiscal, o Bolsa Escola - este, sim, carregava uma contrapartida que
produzia um efeito positivo no longo prazo em vez de boçalizar a população com esmola –, a
autonomia do Banco Central, a confiabilidade dos dados oficiais, o modelo de privatização, o
ordenamento jurídico que atraiu o investidor estrangeiro, a estabilidade econômica e de
regras, a não-intervenção nos mercados…).
• Eu não mordo os cotovelos porque as pessoas estão menos pobres. Mordo de ver que o
PT transformou em mais um voo de galinha a maior oportunidade que o Brasil jamais teve
de entrar definitivamente para a elite global. Mordo de ver que gente inteligente como você
não consegue perceber a destruição do nosso futuro que está sendo promovida dia após dia
por gente que só quer se locupletar e perpetuar seu poder sobre a máquina estatal - cada
dia maior e mais nefasta para a economia e, por extensão, à sociedade. Mordo de ver que
estamos abandonando as fontes que trouxeram riqueza para este país para nos alinharmos
cada dia mais aos membros do Foro de São Paulo - do qual fazem parte o mais abominável
ditador do século na América do Sul e o grupo narco-guerrilheiro que ele apóia no país
vizinho. Mordo de ver que gente do bem ainda se alinha com os maiores bandidos que já
ocuparam o poder central deste país. Mordo de pena. Mordo de tristeza. Mordo de
desesperança. (Dra. Elizabeth Rondelli, Doutora em Ciências Sociais, professora aposentada
das Universidades Federais do Rio de Janeiro e Juiz de Fora)
"Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites
do absurdo para evitar enfrentar sua própria alma; ninguém se torna iluminado por
imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão." (Carl Jung)
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