• Título de eleitor: Prazo para pedir a 2ª via termina hoje.
• Após greve, bancos reabrem hoje na maior parte do País.
• Há mais de cinco anos, senadores não pagam imposto de renda do 14º e 15º salários
devido, mas Senado decidiu assumir a dívida.
• Mensalão: Dividido, STF decide hoje sobre crime de lavagem de dinheiro.
• Julgamento do mensalão pode não valer, diz jurista. Leia aqui
• PF e MP fazem operação contra captação de voto ilegal no Rio.
• Novos microempresários buscam vencer no mercado formal. Alto grau de informalidade
da economia brasileira é atribuído à burocracia e à elevada carga tributária no país.
• Parentes de vítimas de Titanic africano buscam corpos de mil mortos. Vítimas fatais do
desastre do Joola, um dos mais graves acidentes marítimos da história, permanecem no
fundo do oceano.
• Jornal egípcio enfrenta charges com charges para rebater cartuns de Maomé. Periódico
publica cartuns irônicos sobre as relações entre o Ocidente e o mundo muçulmano.
• Na ONU, presidente do Irã acusa Ocidente de intimidação nuclear. Mahmoud
Ahmadinejad discursou nesta quarta perante a Assembleia Geral.
• Espanha defende repressão a protesto em meio a novas más notícias econômicas. Custos
de empréstimo subiram a níveis perigosos no país.
• Coquetéis molotov e gás lacrimogêneo elevam tensão na Grécia. Protestos no centro de
Atenas acabam em confrontos entre manifestantes e a polícia.
• Refugiados em outros países: ONU prevê que 700 mil pessoas irão fugir do conflito na Síria até o final deste ano.
• Refugiados em outros países: ONU prevê que 700 mil pessoas irão fugir do conflito na Síria até o final deste ano.
Na sala de espera
• O melhor da terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem dois tipos de
loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o
psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou
sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.
• Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando
as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar
louco semanal.
• O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas
loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos
analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na
loucura que vão dizer dali a pouco.
• Ninguém olha para ninguém. O silêncio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro
observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou
leoninos, corintianos ou palmeirenses.
• Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de
um consultório médico, como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa
normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu.
Senão, vejamos:
• Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu,
2. Um crioulinho muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.
• Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles.
Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que todos eram loucos, como eu. Senão, não
estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.
• (2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter
contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e
os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do Harmonia do
Samba. Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com
certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que
ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas
a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá
dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas
para dentro da mala assassina.
• (3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele
estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho
esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram?
Observo as mãos. Roía as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem
provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava
esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo
Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar
num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não.
Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.
• (4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como
sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta
anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha
masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais
grave do que eu pensava. Estava na quinta dezena em dez minutos. Tensa. Coitada. O que
deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e
dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe
rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.
• Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista. Conto para ele a
minha viagem na sala de espera.
• Ele ri... Ri muito, o meu psicanalista, e diz: - O Ditinho é o nosso office-boy; o de terno
preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa
aqui uma vez por mês com as novidades.; e a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe; e
você, não vai ter alta tão cedo..."
"O sorriso enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores." (Mário Quintana)
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