29 de fev. de 2012

Nunca dantes...., a chorumela de sempre

No comando do metrô de Fortaleza, a maquinista-presidenta de chanchada vai de encontro ao desejo da população

• Dizem que Dilma adora a imitação grosseira - ao nível de palavrões cabeludíssimos- que dela faz na internet o humorista mineiro Gustavo Mendes. Mas sua meninona dos olhos, no perigoso terreno da galhofa, é a comediante Fabiana Karla, que interpreta a personagem Dil Maquinista no quadro Metrô Zorra Brasil - o ponto alto (no caso baixo) do programa Zorra Total, chanchada cativa das noites de sábado na Globo.
• Celso Kamura, o samurai de aplique que cuida das madeixas presidenciais, confessou outro dia à revista Época que foi ele quem introduziu sua mais ilustre cliente à imitação de Fabiana. Dilma morreu de rir e disse que é igual mesmo, disse o coiffeur, sem revelar quem é a original.
• Transmitido pela rede governamental e postado no YouTube - com o triunfal discurso de Dilma na futura Estação Virgílio Távora, do metrô de Fortaleza, que deve começar a funcionar mais ou menos na mesma época em que correr o primeiro trem da Transnordestina e a primeira gota d´água da Transposição do Rio São Francisco - quem costuma ver o Zorra ficará em dúvida sobre quem imita quem. Dilma Rousseff não será uma sátira de Fabiana Karla?
• Todos os 16 minutos do vídeo - que começa com um estranhíssimo pedido de licença da presidente ao governador Cid Gomes para comprimentar esse povo fantástico do meu Ceará, como se o povo pertencesse a ele - têm aquele diapasão de agonia característico da fala de Dilma, no qual as palavras erradas, para expressar pensamentos completamente sem nexo, vão saindo aos solavancos, escoltadas pateticamente por mímicas de esforço e esgares atônitos, como se estivessem sendo trazidas a fórceps de um arquivo morto que há anos não é consultado. Espremendo-se tudo, escorre a pataquada de sempre: antes de Lula/Dilma, o Brasil não tinha água, televisão, casa própria, muito menos metrô.
• Não recomendaria a audição do discurso inteiro nem aos espectadores fiéis do Zorra - ao contrário de Dil Maquinista, a maquinista desgovernada não tem graça nenhuma. Mas destaco este trecho, que começa aos 9:14 do vídeo, como síntese de um esquete típico do Dilma Total:
E isso significa que ela tem de ter uma estrutura de transporte de massa, que faça, que faça, mais do que jus, mais do que…… que vá de encontro ao desejo da população, mas que ela garanta pra Fortaleza que ela possa crescer sem ter aqueles problemas que hoje nós vemos ocorrer nas grandes cidades que cresceram antes no Brasil.
• Massa, que faça, que faça: não seria uma solução para o transporte em Fortaleza ou em qualquer das cidades que cresceram antes – mas talvez uma boa rima para Caetano.
Mais do que jus, mais do que…: está com jeito de desfecho de poesia concreta - se bem que, da família Campos, Dilma prefira Eduardo. Mas o mergulho da presidente num mundo sem palavras, por intermináveis nove segundos, entre mais do que e que vá de encontro ao desejo da população soa como o prenúncio silencioso do desastre de quem ainda confunde ao encontro de com de encontro a.
• No fim do túnel do metrô de Fortaleza havia uma luz – mas era o trem do Zorra vindo de encontro a Dilma. (Celso Arnaldo Araújo)
A revolução prometida por Dilma ocorreu em Londres no século XIX
• Vinte e cinco anos depois da aprovação do projeto, mais de 13 depois do início das obras, o metrô de Fortaleza não transportou até hoje um único passageiro. Mas as promessas não param de percorrer trilhos imaginários que saem dos palanques e não levam a lugar nenhum. Nesta segunda-feira, Dilma Rousseff tentou animar a plateia com o anúncio de que vai despejar mais R$ 2 bilhões na miragem sucessivamente adiada desde o século passado. Risonho, o governador Cid Gomes marcou para junho a viagem inaugural do primeiro metrô do Ceará.
• Quem consulta o site da empresa responsável pelas obras é induzido a acreditar que o metrô de Fortaleza, por ter sido incluído entre as urgências urgentíssimas do PAC, ficou pronto em 2010. A inclusão do Sistema de Fortaleza no PPI 2007-2010, além da segurança do não contingenciamento dos recursos programados, possibilitará, principalmente, o aporte significativo e suficiente de recursos para a conclusão do projeto até 2010. Desde 1999, o colosso cearense engoliu mais de 1,7 bilhão de reais. Mas só é visto pela turma no palanque.
• Como só quatro dos 40 quilômetros de trilhos são subterrâneos, o metrô de Fortaleza lembrará um trem metropolitano com boa aparência. Dilma Rousseff decidiu que é muito mais que isso. Nós vamos ter de fato uma revolução na área do transporte de massa, desandou na discurseira a presidente que parece ter acabado de descobrir um meio de transporte familiar aos europeus desde meados do século 10.
O Brasil mudou, foi em frente a oradora. O Brasil não acha que o metrô seja uma coisa, uma coisa muito sofisticada pra sua população, uma coisa que é um luxo”. Tradução: segundo Dilma Rousseff, o metrô só demorou a chegar ao Brasil ─ e ainda não deu as caras em Fortaleza - porque os possíveis passageiros proibiram o governo de investir em futilidades. Até que chegasse a Era Lula, todos preferiam locomover-se de bonde, ônibus, carro, a cavalo ou a pé.
• A presidente não escaparia de apupos se o discurso fosse feito em Londres, que desde 1863 dispõe do meio de transporte que Dilma considera revolucionário, ou Nova York, onde o metrô começou a circular em 1868. O Brasil só foi apresentado à velha novidade em 1974, com a inauguração em São Paulo da linha subterrânea que ligou os bairros de Santana e Jabaquara. Dilma Rousseff provavelmente acha que o Brasil Maravilha lidera ao menos o ranking da América do Sul. Engano. O metrô de Buenos Aires funciona desde 1913.
• Confira abaixo um infográfico e um vídeo preparados pela TV Jangadeiro. São duas provas do embuste bilionário: o governo cearense e o Planalto fingem enxergar mais um capítulo do espetáculo do desenvolvimento onde quem tem juízo só vê outro monumento à irresponsabilidade. (Júlia Rodrigues)
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