6 de ago. de 2011

Escrito não sei quando, mas atual...

Revolta, dor e saudade: mais uma tragédia aérea da aviação comercial do Brasil.
...Realmente, é para se ficar enojado com este brasil (minúsculo), onde os nossos políticos recebem os salários mais altos do mundo (da categoria) e são reconhecidos, mundialmente, como os maiores ladrões e corruptos! Não deixem de ler...é quase que inacreditável, tamanho escárneo...impressionante! E que Deus continue abençoando as tripulações e os passageiros no Brasil! Pois, sem Ele, acabar-nos-íamos num terreno baldio, à beira-mar, entre condomínios da área nobre do Recife e de Jaboatão dos Guararapes. Será que todas as cidades do Brasil têm terrenos baldios para nossos aviões e seus ocupantes serem exterminados, morrendo para salvar a vida de milhares de brasileiros que vivem nas casas , nos condomínios da região e os que ali trabalham? Reparem que o Piloto anônimo, nem fala do pior, o aeroporto Santos Dumont, RJ)
In Memoriam das 16 vítimas do Recife/Jaboatão e de todos os tripulantes e passageiros da aviação brasileira que os antecederam, em sucessivas catástrofes, por incúria, incompetência, corrupção, falta de ética e de sentimentos humanos das bestas (no sentido Bíblico da palavra) que se sucedem no poder, dentre as vítimas, minha inesquecível prima-irmã Denise. (Transbrasil, Florianópolis, 1980).
Escrito por um Piloto de companhia aérea para todos os brasileiros que utilizam o meio de transporte aéreo.
Para você entender o que é a aviação no Brasil deve-se partir da seguinte ideia; imagine-se dirigindo um carro BMW luxuoso no meio de um Safári na África; é mais ou menos assim que um aviador se sente voando no Brasil; você tem uma tecnologia de ponta dentro do seu avião e um sistema precário e ultrapassado a sua volta. Vou explicar por quê!
Atrasos: Os atrasos no Brasil tem características incomuns comparado ao mundo afora; quando se tem nevoeiro... somente Guarulhos tem sistema mais preciso para pouso por instrumento, conhecido como ILS categoria 2. Curitiba também tem, mas lá é tão engraçado que colocam o sistema para manutenção exatamente em época de nevoeiro. Vergonhosamente, Porto Alegre, Florianópolis e Confins não tem esse sistema, estes sempre fecham por causa de nevoeiro. Manaus que tem uma localização extremamente estratégica e que sempre tem nevoeiro também não tem. Detalhe: nos EUA, são mais de 100 aeroportos com categoria 2.
Se você passageiro está indo para Porto Alegre, fique sabendo que seu avião não pode alternar Florianópolis caso Porto Alegre esteja fechado. Florianópolis tem um vergonhoso pátio para cinco aviões apenas; lembrando que no verão Florianópolis recebe mais 150 vôos de fretamento além dos regulares. Este aeroporto supracitado, vergonhosamente não tem taxiway (pista para a aeronave taxiar até a pista principal), sendo necessário a aeronave taxiar pela pista principal gerando espaçamento maior entre as aeronaves que se aproximam, ou seja, ocasionam atrasos.
Se você está chegando à São Paulo, o problema é parecido. Guarulhos está sempre com o pátio lotado, Vitória e Confins também. Galeão e Congonhas dias atrás ficaram nesta situação, com o pátio lotado. Quem tinha Galeão como alternativa de pouso teve que escutar um negativo do controlador para alternar aquele aeroporto. Estava no plano de voo que Galeão seria o alternado, Se o controlador aprovou o plano antes de decolar isso significa que é questão de lei e não de conveniência de pátio.
Nordeste. Voar no Nordeste é mais tranquilo por haver menor tráfego de aeronaves, porém lá tem outro problema: O controle de tráfego aéreo tem o desserviço de colocar aeronaves militares fazendo treinamento que consequentemente gera atrasos, geralmente de mais de 20 minutos nas decolagens; o que desencadeia um atraso bem maior quando essas aeronaves chegam atrasadas ao sul do Brasil. Na regra internacional uma aeronave em instrução militar tem preferência sobre aeronaves civis de passageiro em pousos e decolagens, porém, se o País quer adotar regras internacionais ao pé da letra...que construam bases militares específicas para a função militar. Lembrem-se que aqui é o Brasil e não Europa ou EUA, no qual os aviões são sequenciados para pouso com separações de 4 km entre aeronaves, enquanto que no Brasil é 8 km entre aeronaves e no caso de Florianópolis chega a 20 km por aeronaves por falta de taxiway.
Saibam que todo piloto Brasileiro se sente mais seguro voando nos EUA, Europa e Ásia do que voar aqui no Brasil, fato este decepcionante, mas vou explicar o por quê... Aqui no Brasil existe uma regra: a menor distância entre dois pontos é uma curva. Você sabia que quando você sai do litoral brasileiro e vai pra São Paulo você voa em curva? É necessário passar por cima do Rio de Janeiro, poderia ser direto via Minas Gerais. Esse contorno do litoral gera em cada voo pelo menos 1000 litros a mais de combustível consumido.
Nos EUA já não existe mais aerovia, somente proa direta para o destino. Lá eles tem acordos com as ONGs e entendem que quanto menos tempo um avião ficar no ar menor é o efeito estufa. Se fosse aqui seria o equivalente a você decolar de Salvador e o controlador autorizar proa direto de São Paulo. São 1000 litros de querosene desperdiçados, sendo queimados na cabeça dos cariocas a cada 2 minutos. Deixe o Green Peace saber disso, o Green Peace ficará super feliz. A desculpa não pode ser separação de fluxo, já que os EUA é maior que o Brasil, onde o fluxo aéreo é cinquenta vezes maior do que no Brasil. O que o Brasil voa em horas de voos em 50 dias, os EUA voa o mesmo em apenas um dia.
Poderia ser pior, se caísse neve no Brasil a desorganização aérea seria uma catástrofe diária. Mas não coloco a culpa nos controladores. A culpa não é deles. O sistema brasileiro é que é arcaico e bem precário. O salário deles é baixo e cheio de concurseiros sem compromisso com o seu trabalho. Alguns são sérios e dedicados porém não tem as condições de trabalho dignas. Apenas um controlador cuida de várias regiões do País e todos sofrem muita pressão para no final das contas serem menos eficientes que os controladores americanos, europeus e asiáticos.
Outro dia ouvi um controlador se despedindo no rádio por que tinha passado em um concurso melhor – isto é vergonhoso para um país que quer ser primeiro mundo -, mas desejei a ele sucesso e espero que ele esteja feliz no emprego bem remunerado que ele tem agora. Talvez ele não foi valorizado como deveria.
Eu como piloto de linha aérea digo sem exagero, que voar no Brasil hoje estaríamos voando numa espécie de alerta amarelo. Outro acidente está bem próximo de acontecer. Ao decolar não significa que temos a certeza de pousar no destino e nem no aeroporto de alternativa. Outro dia cinco aeroportos estavam literalmente fechados por falta de pátio; Confins, Galeão, Vitoria, Guarulhos e Campinas. Você tem que decolar de Brasília para São Paulo com combustível suficiente para alternar Salvador. Isso irá tornar a aviação brasileira inviável, sem mencionar a venda de nossas companhias aéreas para países vizinhos, em decorrência das altas taxas de impostos sobre as mesmas, na qual para sobreviverem no mercado, submetem-se a parcerias miraculosas inclusive mudando a sede da empresa para países vizinhos para poder aguentar pagar impostos absurdos daqui, ou seja, irão agora pagar impostos no outro País...
Por que será? Porque aqui não há incentivo; falta de estrutura e falta de protecionismo, isso que eu chamo de Entregar a Soberania Nacional. Soberania não é somente colocar soldados militares nas fronteiras. O País nunca foi tão próspero, problema é que nossos governantes ganham eleições por saberem aparecer e ainda tem mentalidade medíocre. São vendidos. Basta colocar dólares na mão ou falar com um pouco de sotaque que eles entregam tudo. Voei muito na Amazônia e garanto que depois que aquilo virar um deserto ninguém mais vai querer assumir. A razão é de um campo de futebol por segundo em desmatamento. Hoje só fazem hidrelétricas por causa do apagão de 2002. Esses apagões na aviação irão se repetir pelos próximos 20 anos.
E lembre-se que a Copa do Mundo e as Olimpíadas serão em época de nevoeiro. A Infraero já arrumou duas soluções; tirar os bancos de suas Rodoviárias para dar mais espaço para os passageiros ficarem em pé, e liberar internet Wi-Fi de graça como se fosse um cala-boca para seus usuários. Hoje a aviação brasileira é realmente uma surpresa diferente a cada dia, a mess, (uma bagunça), como definiu um piloto europeu esses dias atrás, e garanto a vocês quiser pego de surpresa na aviação tem consequências trágicas.
Solução: primeiro de tudo é: Os políticos começarem a pensar como os governantes de países desenvolvidos pensam ou, como disse o Raul Seixas; a solução é alugar o Brasil. Nos EUA, Europa e Ásia seus governantes constroem um aeroporto para atender uma demanda que só terá daqui 20 ou 30 anos e com pátio suficiente para estacionar mais de 100 aviões de grande porte juntos. Isso é bem diferente dos puxadinhos brasileiro que não dão conta nem da demanda atual. Enquanto você lê esse e-mail, na Índia estão sendo construídos mais de 10 aeroportos maiores que a Guarulhos. Na China são mais de 70 sendo construídos e os 3 Países, China, Brasil e Índia fazem parte do mesmo grupo chamado BRIC, que ainda incluem Rússia e África do Sul..
Parece que só o Brasil ainda não acordou entres esses cinco. Já é um absurdo os aeroportos brasileiros não terem metrôs. Os estrangeiros quando chegam aqui e não veem metrôs nos aeroportos, acham que é uma piada até entenderem que não existe mesmo. Em qualquer aeroporto no estrangeiros tem metrô. Que país é esse? O Brasileiro se compara muito aos EUA, porém o povo americano sabe exigir de seus governantes, por isso o governo não espera ser pressionado pra poder começar a fazer algo. O povo Brasileiro sabe só reclamar, só não sabe reclamar para a pessoa certa, ou órgão competente. Reclama pro vizinho e para o amigo, mas quase ninguém entra no site do Senado ou da Câmara dos deputados pra enviar e-mail para o seu político ou pelo menos saberem o que eles estão fazendo.
É muito fácil ir ao Estados Unidos passear, fazer compras e voltar falando que lá é o máximo e aqui é o fim do mundo. De fato são décadas de diferença, porém lá o povo é mais consciente com o que seus políticos estão fazendo com o dinheiro público e a burocracia do funcionalismo público deles praticamente inexiste se comparado ao nosso.
No Brasil a ANAC leva 30 dias para emitir uma carteira de aeronauta, gerando assim uma queda no salário dos pilotos e comissários e prejuízo também para os empregadores. Quem vai pagar essa conta? A Anac? O Governo Federal? Nos EUA a mesma carteira é emitida em apenas uma hora pela FAA. Sem deixar de lembrar que no Brasil a ANAC tem 20 mil pilotos comerciais enquanto os EUA tem mais de 600 mil.
Nos EUA poucos empregos no setor público tem estabilidade, talvez seja por isso que o funcionário público trabalhe mais, tenha mais eficiência, trabalhe em função do próximo, pede desculpa se atrasou e o trata bem, mesmo que você seja latino-americano. No mais...
Boa sorte a todos nos próximos vôos!

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