20 de dez. de 2010

O Parto, a Próstata e a Vingança

• Ela com 19 e eu com 20 anos de idade.
• Lua-de-mel,viagens, prestações da casa própria e o primeiro bebê, tudo uma beleza.
• Anos oitenta a moda na época era ter uma filmadora do Paraguai.
• Sempre tinha ou tem um vizinho ou mesmo amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambinha por um precinho muito bom!
• Hora do parto ela tinha muita vergonha, mas eu teimoso, desejava muito eternizar aquele momento.
• Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho.
• Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme.
• Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos.
• Meu filho e minha esposa eram os meus orgulho e tesouro.
• Três anos se passaram ai nova gravidez, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro, tudo como antes.
• Como ela categoricamente me disse que não queria que eu a filmasse dessa vez, sem ela esperar invadi a sala de parto e mais uma vez com a câmera ao ombro cumpri o mesmo ritual.
• As pessoas que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas o amor de pai e marido apaixonado nesse ato.
• O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.
• Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana num instinto de vingança, invadisse a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.
• Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e minha mulher gritando: - "Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!"
• Meus olhos saindo da órbita fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era tanta que não conseguia nem falar.
• O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão!!! Ah eu na hora vi o teto a dois centímetros do meu nariz.
• E a minha mulher continuou a gritar, como se fosse um diretor de cinema: - "Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um close agora..."
• Na hora alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.
• Agora amigos, estou escrevendo este texto pedindo aos amigos, parentes e outro mais que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim. Eu pago o
reembolso. (J. Miguel)
"Procure ser feliz e....procure sempre fazer alguém feliz."

Um comentário:

Anônimo disse...

Este texto não é de Luis Fernando Verissimo.
É de J. Miguel:
http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=128
Aproveite para conhecer outros textos de humor deste autor. Provavelmente vai se tornar fã, como eu.
Abraços.

O teto vai ruir...

Façamos as contas ao próximo exercício. Você aí que ainda nem recebeu os míseros trocadinhos do patrão e ouve a mulher querendo comprar comi...