22 de dez. de 2010

Fingidor revisitado

• Fernando Pessoa em Autopsicografia fez um verso memorável e amplamente conhecido que, se aplicado à realidade brasileira, cabe com perfeição à figura do presidente Luiz Inácio da Silva: "O poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente."
• O que Lula diz não se escreve como atestam as inúmeras declarações desmentidas por atos e palavras dele mesmo. Portanto, não se deve comprar pelo valor vendido a afirmação de que a volta às lides eleitorais em 2014 é uma possibilidade real.
• Outro dia mesmo Lula dizia o contrário: que a disputa de uma nova eleição presidencial estava fora de seus planos.
• Em outra entrevista, logo depois da reeleição, o presidente anunciava que iria assar uns coelhinhos em São Bernardo do Campo quando deixasse o cargo dali a quatro anos.
• Um ano e pouco depois afirmava que a candidatura presidencial de 2010 seria fruto de consenso entre o PT e os partidos aliados. Avisava também que não anteciparia a escolha porque isso levaria à queima da candidatura na fogueira das intrigas internas e dos ataques da oposição.
• Dito isso, no início do ano seguinte, dois antes do ano eleitoral, apelidou Dilma Rousseff de a mãe do PAC, sacramentou a candidata de forma autocrática e iniciou ali mesmo a campanha que ficaria marcada como a mais longa da história.
• O que Lula diz hoje pode ser diferente amanhã, a depender da avaliação referida única e exclusivamente na conveniência dele sem que sejam medidas as consequências no tocante às regras maiores da democracia: o respeito à lei e a observância das oportunidades iguais para as forças políticas representativas da sociedade.
• Tanto pode se candidatar a presidente de novo, como pode concluir que não vale a pena o risco de perder a eleição ou de não ter um terceiro período melhor que os dois agora em vias de conclusão. Isso não se saberá pelas palavras de Lula.
• Valem muito mais as atitudes. E elas nestes oito últimos anos nos informam que Lula vai pairar como uma sombra sobre o governo Dilma. Se outros personagens, de governo e de oposição, aí incluída a presidente, não souberam marcar suas posições e assumir seus papéis na política, Lula o fará na condição de protagonista. (Dora Kramer)

"Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, alí, ataque com a sua maior força."

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