11 de abr. de 2010

Cisma de pobre

Causa-me estranheza a maneira como as autoridades (?) falam das catástrofes como se elas nada tivessem a ver com o fato. A responsabilidade ora é dos que os antecederam no poder, ou das vítimas que cismam de morar em lugares de alto risco. Todos, Luiz Inácio, Cabral e os prefeitos do Rio e Niterói fizeram o mesmo discurso, às vezes tão incisivos que dava até a impressão de que estavam falando de algo que não lhes dizia respeito. Cara de pau nota 10!
O problema é que pobre não cisma de viver em zona de risco. Ele mora em favela em primeiro lugar porque não ganha o suficiente (embora haja hoje favelados com um bom nível de vida). O motivo básico dessa desordem urbana é a falta completa de infraestrutura. Nas grandes cidades dos países ricos, os pobres não moram na cidade, vivem nos subúrbios onde o preço da moradia é sensivelmente mais em conta. Para que isso seja possível esses países instalaram serviços eficientes de transporte público urbano sobre trilhos, extensas redes de trens e metrôs que ligam toda a região metropolitana fazendo que um deslocamento para o trabalho não ultrapasse os 45 minutos e com conforto.
Tais sistemas são estatais e as passagens são subsidiadas. O objetivo não é o lucro, é o ordenamento urbano, é a melhor qualidade de vida dos usuários. O lucro é em outro setor, como ocorre quando há boa assistência médica e ensino públicos. Uma sociedade ordenada, saudável e educada tende a ser mais competitiva mais produtiva e logo mais rica e principalmente com uma distribuição da renda mais justa.
Urbanizar e estimular a construção de casas sobre um lixão, como ocorreu em Niterói, apesar dos avisos de perigo da UFF é crime passível de prisão, mas mais uma vez os políticos se safarão e serão as vítimas que pagarão o pato e ficarão ainda com a fama de "cismados". (AD)

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